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Carruagem e serpente povoam imaginação
NO MARANHÃO
"Acorda "mademoiselle" serpente/ desfila na rua da inveja
dessa gente/ vem que o touro encantado/ já te espera acordado/
ouve o coro do meu batalhão pesado." A estrofe da bela canção do
músico maranhense Zeca Baleiro,
38, fala de duas das mais conhecidas lendas do Maranhão.
Uma conversa com a população
da ilha de São Luís também deve
fazer parte do roteiro turístico.
A "mademoiselle" citada por
Zeca Baleiro é a serpente que dormiria nas galerias subterrâneas
-que cortam o centro histórico- e incita a imaginação dos habitantes locais.
Dois pontos turísticos fazem
parte dessa lenda: as fontes do Ribeirão e a das Pedras, portas de
entrada para as galerias.
A serpente estaria adormecida
desde a fundação da cidade. Durante seu sono, ela estaria em
crescimento e, segundo a lenda,
quando sua cabeça encontrar a
cauda, acordará e, com seu tamanho descomunal, arrastará a ilha
para as profundezas do mar, afogando todos os habitantes dali.
"O isolamento da ilha, com um
grande contingente de negros, gerou esse misticismo, que também
era reforçado pelos portugueses",
diz Zelinda Machado de Castro
Lima, 77, diretora do Centro de
Criatividade Odylo Costa, Filho.
A crendice é tão forte que, durante a dança do tambor-de-mina, um das manifestações mais
populares do Maranhão, que periodicamente acontece no largo
da fonte do Ribeirão, os brincantes nunca dão as costas para a fachada do local.
Outra lenda muito popular na
ilha encantada é a da carruagem
assombrada de Ana Jansen, puxada por cavalos com chamas no lugar das cabeças e guiada por um
esqueleto. No interior do veículo,
estaria o fantasma de Jansen, rica
comerciante que ficou famosa pelas atrocidades que cometia contra seus escravos.
Segundo a lenda, a tal carruagem assombrada ainda anda pelas ruas do centro histórico, condenada a vagar assim pela eternidade em conseqüência das maldades de Ana Jansen.
Sebastianismo
Há ainda no Maranhão quem
espere pela volta de dom Sebastião, monarca português que desapareceu no norte da África, possivelmente na região onde hoje fica o Marrocos, durante a batalha
de Alcácer Quibir, no século 16.
No imaginário maranhense, o
rei, que jamais retornou a Portugal, volta na forma de um touro
encantado, com uma estrela na
testa. Quem acertar a estrela despertará a serpente -ou até mesmo trará de volta dom Sebastião.
"Existem mais de 200 lendas
por todo o Estado do Maranhão.
Elas mudam de acordo com a paisagem", relata Zelinda.
(CF)
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