São Paulo, quinta-feira, 15 de outubro de 2009

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Mostra no Vaticano faz homenagem a Galileu Galilei

COMEMORAÇÃO Em cartaz até janeiro, a exposição tem manuscritos do astrônomo, que foi considerado herege pela igreja por afirmar que a Terra não era o centro do Universo

DA ASSOCIATED PRESS

Telescópios rudimentares, globos celestes e manuscritos de Galileu Galilei poderão ser vistos no Museu do Vaticano em uma exposição que marcará o 400º aniversário das primeiras observações do astrônomo.
"Astrum 2009: Astronomia e Instrumentos" narra a história do astrônomo a partir de suas ferramentas, desde de um globo do século 3 a.C. até um complexo telescópio.
Em uma entrevista coletiva para lançar a exposição, na última terça-feira, o monsenhor Gianfranco Ravasi, responsável pelo departamento de cultura do Vaticano, se recusou a rever a condenação que a Igreja Católica aplicou a Galileu no século 17 pela descoberta de que a Terra gira em torno do Sol. A igreja ensinava na época que a Terra era o centro do Universo.
Entretanto, Ravasi disse que, embora seja necessário ter coragem para admitir os erros quando eles são cometidos, ele prefere "acreditar que é necessário olhar mais para o futuro".
A igreja denunciou a teoria de Galileu como uma ameaça para a fé. Julgado como herege em 1633 e forçado a se retratar, ele foi condenado a prisão perpétua, depois domiciliar.
A decisão serviu de combustível para as acusações de que a igreja era hostil à ciência- reputação que o Vaticano tenta mudar. Em 1992, o papa João Paulo 2º declarou que a acusação contra Galileu foi um erro que resultou em uma "incompreensão mútua trágica". A exposição, e outras iniciativas do Vaticano para marcar o 400º aniversário do telescópio de Galileu, são parte de um esforço do Vaticano para se redimir.
Um dos destaques da mostra é um manuscrito original de Galileu, "Sidereus Nuncius", documento de 1610 em que ele gravou suas descobertas.
Tommaso Maccacaro, presidente do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália, afirmou que é importante olhar para os instrumentos não apenas com um olhar científico mas também cultural, já que a astronomia teve um impacto na maneira como nos percebemos. "As observações nos fizeram entender que a Terra e o homem não tinham uma posição privilegiada no Universo", afirmou. "Eu me pergunto quais ferramentas usaremos nos próximos 400 anos e que revolução elas trarão consigo".
A exposição será aberta ao público amanhã e ficará em cartaz até 16 de janeiro.


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