São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004

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Delírio de colecionador do PE reúne armas e arte

FABIO MARRA
EM RECIFE

Tradicionalmente, o Carnaval pernambucano não termina na terça-feira. Das cinzas da quarta-feira ressurge a folia de Olinda, comandada pelo bloco Bacalhau do Batata. É preciso então monitorar a algazarra e aproveitar, entre uma ressaca e outra, as opções de lazer e cultura do Estado.
Recife começou este ano, que é de eleição, mais organizada e limpa. O sistema de fluxo de veículos foi alterado nas ruas e avenidas, diminuindo o congestionamento. Apesar das queixas de alguns comerciantes, o recifense está se deslocando com mais rapidez.
Os calçadões na orla de Boa Viagem, com jardins novos, convidam ao relaxamento. De quebra, ainda é possível malhar nas academias públicas montadas ao ar livre em alguns pontos. Os moradores da cidade têm direito a monitoramento médico, mas qualquer um pode se exercitar.
O Instituto Ricardo Brennand (leia mais abaixo), um feliz delírio do empresário e colecionador pernambucano -primo e rival do polêmico escultor Francisco Brennand-, funcionará na Quarta-Feira de Cinzas. Inaugurado no ano passado, o instituto, erguido em forma de castelo inglês, ocupa quase 5.000 m2 no bairro da Várzea.
O clima medieval é sentido já na entrada do castelo, onde esculturas de leões guardam o arco por onde passam os visitantes.
Em uma mistura exótica, emas, patos e marrecos correm entre esculturas de rinocerontes espalhadas pelo jardim. É inevitável procurar jacarés no fosso sob a ponte de acesso ao castelo São João.
Durante 50 anos, Ricardo Brennand comprou obras de arte de todo o mundo e acumulou uma das maiores coleções de armas brancas. A exposição é impressionante: armas de caça, guerra e proteção pessoal, como facas, punhais, canivetes e espadas; armaduras para cavaleiros, cavalos e cachorros de ataque; coletes de aço e malhas de ferro usadas por guerrilheiros em batalhas da Idade Média. As peças são de 1500 a 1890 e fazem o turista se sentir em pleno cenário da batalha final do filme "Senhor dos Anéis".
Os detalhes reluzem em diferentes formatos, ricamente trabalhados com pedras preciosas e semipreciosas, marfins e madrepérolas. No espaço também estão expostas esculturas romanas e uma pequena fonte, onde se jogam moedas, repetindo o ritual feito na Fontana de Trevi, em Roma.
Ricardo Brennand apresenta ainda a maior coleção do mundo de quadros do pintor holandês Frans Post (1612-1680). São 15 telas do artista (leia texto abaixo), sendo sete do período em que o pintor esteve no Brasil, entre 1637 e 1644. A tela "Forte Frederick Hendrik", uma das primeiras pintadas no Brasil, é avaliada em R$ 15 milhões. Além dos quadros, o instituto tem ainda mapas históricos, moedas e objetos da época da ocupação holandesa no Brasil. A mostra fica num anexo ao castelo.



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