São Paulo, segunda, 16 de março de 1998

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RAÍZES
Guerra civil trouxe americanos
SP abriga sulista que o vento levou

free-lance para a Folha

Em decorrência da Guerra de Secessão norte-americana (1861-1865), mais de 3.000 pessoas imigraram para o Brasil em 1867.
Eles se radicaram principalmente nas cidades de Santa Bárbara d'Oeste e Americana (150 km e 133 km a noroeste de São Paulo, respectivamente), ambas na região de Campinas.
Os descendentes que moram nessas cidades procuram manter a memória da comunidade original. E muitos deles viajam para os EUA com o intuito de conhecer a origem de seus antepassados.
É o caso do mecânico Allison Jones, 55, casado e pai de três filhas. Ele, que é primo da cantora e compositora Rita Lee, foi para os Estados Unidos pela primeira vez em 1977. Na cidade de Troy, no Alabama, Jones encontrou muitos parentes maternos e paternos.
"Nossa família vem dessa cidade, mas, um pouco mais para trás, nossa história começa na Inglaterra e Escócia", afirma.
Outra cidade visitada por Jones foi Oglethtorp, na Geórgia, onde encontrou outros familiares.
"Fui recebido calorosamente, e, a partir de então, as minhas viagens são frequentes. Nós mantemos contato com eles. E muitos Jones de lá também vieram visitar Americana, onde moro."
Visita oficial
No cemitério do Campo, situado na zona rural de Santa Bárbara d'Oeste, há 400 sepulturas de norte-americanos e seus descendentes nascidos no Brasil.
"Entre as pessoas enterradas no cemitério, 20 são soldados confederados", afirma Noêmia Cullen Pyles, 52, tesoureira da Fraternidade Descendência Norte-Americana, entidade criada em 1954.
E a importância do cemitério extrapola os limites do interior paulista e chega até a Casa Branca, em Washington.
O ex-presidente dos EUA Jimmy Carter e sua mulher, Rosalyn, visitaram o cemitério em 1972.
Carter, na época, era governador da Geórgia. "Rosalyn ficou bastante emocionada ao encontrar o túmulo de W. Wise, seu tio-avô", afirma Noêmia.
Clinton
Há dois anos, foi a vez do governador do Mississippi, Kirk Fordice, conhecer o cemitério junto com sua comitiva.
Em 1988, Santa Bárbara d'Oeste ganhou o seu Museu da Imigração. Hoje, a instituição espalha seu acervo por três ambientes: história da cidade, história dos norte-americanos e espaço para exposições temporárias.
Entre os objetos que o museu exibe com orgulho está uma bandeira do Estado do Arkansas, um presente do então governador Bill Clinton em 1982.
Na parte dedicada à imigração dos Estados Unidos, há fotos, utensílios domésticos, instrumentos musicais, mobiliário, roupas, documentos, cartas, entre outros pertences.
(CLAUDIO SCHAPOCHNIK)

Museu da Imigração: praça 9 de Julho, s/n, centro, Santa Bárbara d'Oeste, tel. (019) 455-5082. Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 14h às 22h, e domingo, das 10h às 18h. A entrada é gratuita



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