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TAXIANDO NA CAPITAL
Há 20 anos, admiradores e amigos se despediram do escritor argentino, morto em 1986
Casares se gaba de ter compartilhado tarde com Borges
DO ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES
"A tarde de 27 de novembro de
1985, uma quarta-feira, cálida e
luminosa, havia congregado um
grupo de amigos e admiradores
de Borges, que, sem saber, estavam dando a ele a despedida da
sua Buenos Aires natal. Curiosamente, esse homem, incapaz de
imaginar um mundo sem livros e
que muito cedo havia descoberto
que o seu destino seria literário,
despedia-se de sua cidade amada
em uma pequena livraria."
Escrito pelo livreiro Alberto Casares em 1999, ano do centenário
do nascimento de Jorge Luis Borges, o trecho narra a última tarde
do escritor na capital argentina. A
reunião, organizada na livraria de
Casares, que não tem parentesco
com o escritor Alfredo Bioy Casares, incluía exposição das primeiras edições dos livros de Borges,
quase todas da coleção do bibliófilo José Gilardoni.
A organização do evento foi arquitetada por Casares e Borges
durante semanas. Ele conta no
texto que o escritor sempre preferiu as segundas e terceiras edições
de suas obras -em lugar das primeiras- e que se surpreendeu ao
saber da existência de pessoas que
conservavam as primeiras edições. A ocasião propiciou o reencontro de Borges com o escritor
Adolfo Bioy Casares, um antigo
amigo.
Borges afavelmente autografou
diversos livros dos admiradores.
Já com a visão bastante debilitada,
o escritor perguntava sempre
qual era o livro e incluía um ou
outro comentário mais saboroso.
"História universal da infâmia...
pensar que quando escrevi este livro não sabia o que era a infâmia.
Depois a vida me ensinou."
"Sem saber e com a nossa modesta homenagem, tivemos o privilégio de compartilhar com Borges a sua última tarde em Buenos
Aires, da maneira como ele, seguramente, sempre quis: com amigos e entre livros", recorda o livreiro.
(RAFAEL ALVES PEREIRA)
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