São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TAXIANDO NA CAPITAL

Há 20 anos, admiradores e amigos se despediram do escritor argentino, morto em 1986

Casares se gaba de ter compartilhado tarde com Borges

DO ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

"A tarde de 27 de novembro de 1985, uma quarta-feira, cálida e luminosa, havia congregado um grupo de amigos e admiradores de Borges, que, sem saber, estavam dando a ele a despedida da sua Buenos Aires natal. Curiosamente, esse homem, incapaz de imaginar um mundo sem livros e que muito cedo havia descoberto que o seu destino seria literário, despedia-se de sua cidade amada em uma pequena livraria."
Escrito pelo livreiro Alberto Casares em 1999, ano do centenário do nascimento de Jorge Luis Borges, o trecho narra a última tarde do escritor na capital argentina. A reunião, organizada na livraria de Casares, que não tem parentesco com o escritor Alfredo Bioy Casares, incluía exposição das primeiras edições dos livros de Borges, quase todas da coleção do bibliófilo José Gilardoni.
A organização do evento foi arquitetada por Casares e Borges durante semanas. Ele conta no texto que o escritor sempre preferiu as segundas e terceiras edições de suas obras -em lugar das primeiras- e que se surpreendeu ao saber da existência de pessoas que conservavam as primeiras edições. A ocasião propiciou o reencontro de Borges com o escritor Adolfo Bioy Casares, um antigo amigo.
Borges afavelmente autografou diversos livros dos admiradores. Já com a visão bastante debilitada, o escritor perguntava sempre qual era o livro e incluía um ou outro comentário mais saboroso. "História universal da infâmia... pensar que quando escrevi este livro não sabia o que era a infâmia. Depois a vida me ensinou."
"Sem saber e com a nossa modesta homenagem, tivemos o privilégio de compartilhar com Borges a sua última tarde em Buenos Aires, da maneira como ele, seguramente, sempre quis: com amigos e entre livros", recorda o livreiro. (RAFAEL ALVES PEREIRA)


Texto Anterior: Taxiando na capital: Livraria contenta sedento da alma portenha
Próximo Texto: Taxiando na capital: Templos contam história da fundação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.