São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2005

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TAXIANDO NA CAPITAL

A menos de três horas de vôo de São Paulo, vale flanar por Palermo, cafés do centro e a chique Recoleta

Velho charme supera crise na metrópole

TONI PIRES
EDITOR DE FOTOGRAFIA

Se você já conhece Buenos Aires, gastou sapato caminhando pelas ruas centrais, pela praça de Mayo e pela "calle" Florida, jogou moedas em chapéus de dançarinos no Caminito do bairro La Boca e conheceu o estádio La Bombonera, talvez seja tempo de investir na exploração de salões elegantes, grandes museus, cafés e jardins recônditos da capital.
Para colher um pouco do clima europeu da metrópole, siga os roteiros abaixo, que mostram que a cidade recuperou o velho charme, a despeito da crise econômica que empobreceu o país no início do século 21.

Buenos Aires passeando
Aproveite para percorrer as "calles" elegantes e arborizadas da região da Recoleta. Bares de época, prédios de estilo francês e o centro de compras Pátio Bullrich, um dos shoppings mais elegantes de Buenos Aires, dividem o espaço com antiquários e galerias de arte.
Passando pelo Alvear Palace, um tradicional hotel-palácio, você estará diante de um local que recebeu reis e rainhas. Ainda hoje, o chá da tarde, servido no salão L'Orangerie, junto ao jardim de inverno, vale o trabalho de pensar um pouco em que roupa vestir.
À luz do dia, é comum ver os "passeadores de cães", que cobram até US$ 50 por mês dos donos abastados e sem tempo.
Não muito longe da Recoleta, convém conhecer o imponente teatro Colón, projeto dos arquitetos Francisco Tamburini, Victor Meano e Julio Dormal.
Inaugurado em 1908, é reconhecido internacionalmente pela excelente acústica e tido como a sala lírica de maior envergadura da América Latina.
O tour guiado pelo Cólon é sempre iniciado por um aluno de canto, que, trajando vestes teatrais, solta a voz com um trecho de ópera no hall de entrada.

Giros portenhos
Quem pensa em Buenos Aires como cidade natal do tango, logo verifica que a capital está repleta de casas de shows, que vão do popular ao requintado, onde é possível ver espetáculos e dançar.
Há locais com a Casa Catedral e a Esquina Carlos Gardel, mais romântica, com mesas na penumbra. Um dos charmes do cardápio desse local é a truta negra de Nova York, um prato leve, com o peixe sem espinhas, feito ao forno, com champignon, creme, ervas e queijo parmesão.
Para um encontro quase literário, o Café Tortoni, uma casa de 1858, se mantém impecável. Reduto de boêmios e de intelectuais, conserva intactos as cadeiras revestidas com couro, os tampos da mesa de mármore e os lustres de cristal. Há ainda um salão para os apreciadores da sinuca.
Já para caminhadas em meio à natureza bem desenhada dos jardins de Buenos Aires, vale explorar, em Palermo, o exótico Parque Japonês, o jardim zoológico e o jardim botânico.
Em Belgrano, onde a área é quase toda arborizada, o clima é mais tranqüilo ainda. O passeio pode incluir visitas à igreja da Imaculada Conceição, aos museus Sarmiento e à Casa de Yrustia.

Cores da cidade
A capital é pródiga em museus, começando pelo tradicional e eclético Museu Nacional de Belas Artes (www.mnba.org.ar), cujo acervo conta com mais de 10 mil obras. Além de arte argentina, há pinturas de artistas de várias épocas e de renome mundial, como Francisco Goya, Monet, Van Gogh e Picasso.
Outro que merece igual destaque é o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, o ultramoderno Malba (www.malba.org.ar), inaugurado em 20 de setembro de 2001 para servir de sede a um acervo que, hoje, reúne 280 obras contemporâneas.
Dono do "Abaporu" (1929), de Tarsila do Amaral, pintura emblemática do modernismo brasileiro, o Malba pertence à uma fundação dirigida pelo financista Eduardo F. Costantini.
Inicialmente, a coleção de Costantini não tinha sede e se atinha a obras de artistas plásticos argentinos e uruguaios. Com o tempo, o acervo foi adquirindo um caráter latino-americano, reunindo uma coleção notável. Há no Malba um auto-retrato saído do cavalete da mexicana Frida Khalo em 1942 e a obra-prima "Manifestação" (1934), imenso painel de conteúdo político pintado pelo argentino Antonio Berni.
Integram a lista dos autores do Malba pintores como Di Cavalcanti, Portinari, Xul Solar e Pedro Figari.
O próprio prédio, arrojado, é uma imponente obra de arquitetura contemporânea, o primeiro em Buenos Aires construído exclusivamente para abrigar um museu. A luz natural foi bastante aproveitada nos ambientes, e há ainda terraços para esculturas, auditório, restaurante e loja de livros e objetos de arte e decoração.

Logo ali
Não necessariamente cara, a duas horas e 40 minutos de vôo de São Paulo, Buenos Aires tem, neste momento, diversas companhias aéreas, estrangeiras inclusive, fazendo a ligação com o Brasil: TAM, Gol, Varig, Lufthansa, British Airways e Aerolineas Argentinas.
Em matéria de hotelaria, a oferta de estabelecimentos sofisticados é farta: grandes marcas mundiais estão ali representadas, e há hotéis clássicos e contemporâneos -o Sofitel Buenos Aires, por exemplo, fica num prédio art déco de 1929, que foi a primeira torre de apartamentos da cidade e que tem suítes decoradas com obras de fotógrafos argentinos consagrados, como Aldo Sessa.


Toni Pires, editor de Fotografia, viajou a convite da rede Leading Hotels e da companhia aérea British Airways

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