São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2011 |
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Sob criminalidade, bairro de Detroit recebe novo museu Sede do empreendimento é um prédio centenário em uma região que vive cerceada por tiroteios e roubos Grupo quer transformar região violenta em polo cultural e artístico, como o badalado bairro nova-iorquino Soho DA ASSOCIATED PRESS Um grupo sem fins lucrativos está tentando restaurar o prestígio de Detroit no mundo da arte por meio de obras de artistas em um lugar improvável: um antigo banco centenário em uma vizinhança tão assolada pela criminalidade que alguns dos canos do edifício foram roubados, e suas janelas estão crivadas de marcas de balas. Caso o museu crie raízes, os organizadores esperam que galerias e outros negócios sigam a ideia, o que potencialmente transformaria a área marginalizada da mesma forma que locais de arte famosos mudaram os bairros Soho e Chelsea, na cidade de Nova York. Tate Osten, uma bailarina e agente de arte que nasceu na Rússia, e um grupo de voluntários passaram meses reabilitando a antiga filial do Detroit Savings Bank, cuja exibição inaugural aconteceu na última sexta-feira. Seu grupo, chamado Kunsthalle Detroit, deseja melhorar a cidade não apenas esteticamente, mas também economicamente. "Uma cidade metropolitana como Detroit deve estar no mapa cultural do mundo como era há cem anos", disse Osten. "E é isso basicamente o que me instigou, e instigou meus amigos e colegas, a pôr nossas mentes unidas para desenvolver a instituição." "É uma área ruim", reconhece ela. "Praticamente não podemos tirar os grafites [do exterior do edifício] porque foram pintados por gangues locais. Soube de histórias muito ruins. De vez em quando, ouvimos um tiro. Alguns caras se aproximaram de mim a fim de me avisar para não andar nessa região sem uma arma." Ladrões invadiram o prédio há um ano, e roubaram projetores de vídeo, aparelhos de DVD e ferramentas. Apesar dos reveses, Osten acredita que se trata de uma boa localização, e que a maioria dos transeuntes só estava curiosa sobre o que estava acontecendo ali dentro. O museu instalou um sistema de segurança e usou guardas para a exposição inaugural do museu, na semana passada. Ela inclui trabalhos de dezenas de artistas contemporâneos, como Sebastian Diaz Morales e Hans Op de Beeck. Donald Cronkhite, pintor que vive no subúrbio da cidade, disse que o esforço de Osten é estimulante porque "alguém está fazendo o necessário por um lugar como esse e está disposto a dar uma chance colocando esse circuito em Detroit." "No passado, muitos artistas sentiram que deveriam deixar Detroit e ir para Nova York ou Chicago a fim de entrar no mundo da arte, mas eles estão voltando", disse. Alguns, inclusive, estão comprando casas vazias e renovando-as para a construção de espaços de estúdio. O Soho atraiu dezenas de artistas no começo dos anos 1960, que transformaram o esquecido terreno baldio industrial em uma meca criativa. Chelsea passou por transformação semelhante, indo de um distrito conhecido por fábricas e depósitos para um verdadeiro polo artístico, com centenas de galerias. Osten, que conhece muito bem o cenário mundial de arte contemporânea, acredita que o centro de arte vai ter sucesso devido ao grande potencial da cidade, sua riqueza de espaço disponível e pela "energia jovem" da região. Texto Anterior: Folha.com Próximo Texto: 36 horas em Brasília Índice | Comunicar Erros |
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