São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2011

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

Mostra abre portas de claustro em Quito

É a primeira vez em mais de 400 anos que o público pode ver partes do convento de Santa Clara, no centro

Exposição reúne cerca de 60 obras do barroco de Quito, incluindo quadros, esculturas, murais e objetos rituais

DA EFE

As portas em estilo colonial do claustro de Santa Clara, no centro de Quito, foram abertas ao público na semana passada pela primeira vez em mais de 400 anos para mostrar tesouros do patrimônio na exposição "El Esplendor del Barroco Quiteño" (www.patrimonioquito.gob.ec/barroco-quiteno).
São cerca de 60 obras, entre quadros, esculturas, objetos rituais e murais, procedentes de vários museus e pela primeira vez expostos em um mesmo lugar na capital equatoriana.
E trata-se de um lugar excepcional: o claustro de um convento onde vivem 18 monjas entre 65 e 70 anos e por si é uma obra de arte.
"O Exército dos conquistadores espanhóis que chegou a Quito em 1534, ao fundar essa cidade, em nome de Deus e do rei, fundou uma escola de arte, e uma arte que eles não conheciam, pois o barroco, como estilo artístico, ainda não havia sido inaugurado na Europa", diz Guido Díaz, coordenador da exposição.

SINCRETISMO
De acordo com Díaz, nas obras se expressa um sincretismo cultural, pois como a mão de obra vinha de indígenas, negros e mestiços, eles incluíram nos quadros de cenas religiosas diversos símbolos locais.
"Na obra se funde e se esconde dentro da cristã a iconografia indígena, que passou despercebida, pois a vê somente o olho de quem a colocou ou de quem se identifica com ela", afirma Díaz.
"Por isso, enquanto na Europa o barroco era uma ferramenta de dominação, conservação, permanência, aqui também foi uma ferramenta, mas de libertação", conclui.
A mostra, que já foi apresentada na Alemanha em 2010, traz pinturas de Miguel de Santiago, Manuel Samaniego, Bernardo Rodríguez e Joaquín Pinto, e esculturas de Capiscara e Bernardo de Legarda, grandes expoentes da arte de Quito.
No final do século 17, Quito tinha cerca de 20 mil habitantes e mais de 20 templos, entre eles o de Santa Clara, da ordem dos Franciscanos, agora aberto parcialmente ao público para a exposição de arte.

ESTRESSE
As religiosas estão "estressadas" com a montagem da exposição e a abertura das portas, disse Luz Elena Colomna, gerente da Quito Turismo, um dos órgãos promotores da exposição. Ela pediu compreensão do público pela "invasão" do claustro.
Díaz classifica a atitude das monjas como um ato de generosidade, já que, além da mostra de arte barroca, será possível conhecer mais de perto a história e o desenvolvimento da Ordem de Santa Clara em Quito, que neste ano é capital americana da cultura.
"A cultura religiosa também é uma parte muito viva de Quito, os monastérios, as sedes desses maravilhosos tesouros em que a Escola Quitenha teve sua expressão mais deslumbrante, e que convivem com o mundo contemporâneo", disse.
A mostra permanece em cartaz até 17 de julho.


Texto Anterior: Overbook
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.