São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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NE CONCENTRADO

No sertão, cânion transmite sensação de alma lavada

Tour pelo rio São Francisco em vale no Xingó termina com direito a mergulho em água de tom verde-claro

ENVIADA ESPECIAL A CANINDÉ DO SÃO FRANCISCO (SE)

O destino mais marcante de Sergipe é, de longe, o cânion de Xingó, em Canindé do São Francisco, a última cidade a oeste de Sergipe, na divisa com Bahia e Alagoas. O passeio de barco pelo Velho Chico emociona pela extensão, pela cor da água, pela vegetação e pelo tamanho das rochas ao redor.
O Xingó fica a 213 km da capital, pela BR-235 e depois pela SE-218. Rumo ao semi-árido, somente de estrada são de três a quatro horas em pistas de condições não muito boas.
O roteiro começa saindo de Aracaju, pela zona da mata, tomada por uma paisagem verde e pela bela serra de Itabaiana, a segunda maior do Estado, ao fundo. Pela estrada estadual, desponta o semi-árido, e a vegetação se colore de tons mais avermelhados. A região chega a ter nove meses de seca no ano, mas os muitos projetos de irrigação tornam a paisagem, em alguns pontos, mais verde. O calor no sertão é bravo, então, lembre-se de usar protetor solar e um chapéu ou boné.
Após passar por sete cidades, surge Canindé, em que se segue por uma estrada de terra difícil até o ponto em que começa o passeio ao cânion -desenvolvido com a construção da Usina Hidrelétrica de Xingó da Companhia Elétrica do São Francisco (Chesf), em 1994.
O cânion do Xingó é formado por um vale que chega a ter 170 m de profundidade, com extensão de 65 km e largura que varia entre 50 e 300 m. As rochas das encostas chegam a ter 50 m de altura e são de granito avermelhado e cinza. A vegetação é de caatinga rasteira, com uma fauna rica e variada, com inúmeras espécies de répteis, insetos e aves. O volume de água represada chega a 3,8 bilhões de metros cúbicos.
O tour começa no restaurante Karranca's, um dos primeiros restaurantes-flutuantes do local, no chamado lago dos Diques. De lá partem catamarãs e escunas, das 8h30 às 14h30, que custam R$ 75 por pessoa (pacote saindo de Aracaju), ou R$ 35 para quem chega sozinho ao Karranca's (mesmo assim, é necessário agendar previamente no tel.: 0/xx/79/9972-1320).
A primeira atração natural é a pedra do Gavião, cujo apelido surgiu da semelhança que tem com a ave. Mais adiante, adentra-se na parte represada do rio, o lago São José. Em seguida, avista-se o lago do Justino, um sítio arqueológico alagado pelas águas do rio São Francisco, composto de 70 sítios -dos quais 55 são a céu aberto.
A partir daí, as rochas começam a ser mais altas, e o seu tom avermelhado contrasta com o verde das águas do rio e da vegetação. De setembro a março, o rio é mais cristalino, e, de março a agosto, ocorrem as chuvas na serra da Canastra, e a água fica mais densa.
Quase não se vê habitação ao longo do passeio, salvo uma ou outra casa na margem. Mas no meio do caminho, há, incrustrada numa rocha, a imagem de são Francisco. A embarcação se aproxima da gruta do Talhado, onde há um pequeno píer para o catamarã atracar. Os turistas podem, então, nadar no rio. A sensação comum entre os que ali chegam é de alma lavada. O verde-claro é denso quando se mergulha, e as rochas ao redor dão a sensação da imensidão. (FERNANDA GIULIETTI)


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