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NE CONCENTRADO
No sertão, cânion transmite sensação de alma lavada
Tour pelo rio São Francisco em vale no Xingó termina com direito a mergulho em água de tom verde-claro
ENVIADA ESPECIAL A CANINDÉ DO SÃO FRANCISCO (SE)
O destino mais marcante de
Sergipe é, de longe, o cânion de
Xingó, em Canindé do São
Francisco, a última cidade a
oeste de Sergipe, na divisa com
Bahia e Alagoas. O passeio de
barco pelo Velho Chico emociona pela extensão, pela cor da
água, pela vegetação e pelo tamanho das rochas ao redor.
O Xingó fica a 213 km da capital, pela BR-235 e depois pela
SE-218. Rumo ao semi-árido,
somente de estrada são de três
a quatro horas em pistas de
condições não muito boas.
O roteiro começa saindo de
Aracaju, pela zona da mata, tomada por uma paisagem verde
e pela bela serra de Itabaiana, a
segunda maior do Estado, ao
fundo. Pela estrada estadual,
desponta o semi-árido, e a vegetação se colore de tons mais
avermelhados. A região chega a
ter nove meses de seca no ano,
mas os muitos projetos de irrigação tornam a paisagem, em
alguns pontos, mais verde. O
calor no sertão é bravo, então,
lembre-se de usar protetor solar e um chapéu ou boné.
Após passar por sete cidades,
surge Canindé, em que se segue
por uma estrada de terra difícil
até o ponto em que começa o
passeio ao cânion -desenvolvido com a construção da Usina
Hidrelétrica de Xingó da Companhia Elétrica do São Francisco (Chesf), em 1994.
O cânion do Xingó é formado
por um vale que chega a ter 170
m de profundidade, com extensão de 65 km e largura que varia
entre 50 e 300 m. As rochas das
encostas chegam a ter 50 m de
altura e são de granito avermelhado e cinza. A vegetação é de
caatinga rasteira, com uma fauna rica e variada, com inúmeras
espécies de répteis, insetos e
aves. O volume de água represada chega a 3,8 bilhões de metros cúbicos.
O tour começa no restaurante Karranca's, um dos primeiros restaurantes-flutuantes do
local, no chamado lago dos Diques. De lá partem catamarãs e
escunas, das 8h30 às 14h30,
que custam R$ 75 por pessoa
(pacote saindo de Aracaju), ou
R$ 35 para quem chega sozinho
ao Karranca's (mesmo assim, é
necessário agendar previamente no tel.: 0/xx/79/9972-1320).
A primeira atração natural é
a pedra do Gavião, cujo apelido
surgiu da semelhança que tem
com a ave. Mais adiante, adentra-se na parte represada do
rio, o lago São José. Em seguida, avista-se o lago do Justino,
um sítio arqueológico alagado
pelas águas do rio São Francisco, composto de 70 sítios -dos
quais 55 são a céu aberto.
A partir daí, as rochas começam a ser mais altas, e o seu tom
avermelhado contrasta com o
verde das águas do rio e da vegetação. De setembro a março,
o rio é mais cristalino, e, de
março a agosto, ocorrem as
chuvas na serra da Canastra, e a
água fica mais densa.
Quase não se vê habitação ao
longo do passeio, salvo uma ou
outra casa na margem. Mas no
meio do caminho, há, incrustrada numa rocha, a imagem de
são Francisco. A embarcação se
aproxima da gruta do Talhado,
onde há um pequeno píer para
o catamarã atracar. Os turistas
podem, então, nadar no rio. A
sensação comum entre os que
ali chegam é de alma lavada. O
verde-claro é denso quando se
mergulha, e as rochas ao redor
dão a sensação da imensidão.
(FERNANDA GIULIETTI)
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