São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2008

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CENA PARATIENSE

Paraty terá seu cinema restaurado

Usada como cenário de mais de duas dúzias de longas-metragens, cidade tem vocação cinematográfica

DA ENVIADA ESPECIAL A PARATY

Gabriela subiu no telhado. E Paraty se viu imortalizada no papel de Ilhéus (BA), enquanto Sonia Braga fazia as vezes de Gabriela, Cravo e Canela, dirigida por Bruno Barreto e cortejada por um Nacib interpretado por Marcello Mastroianni, no filme inspirado no romance de Jorge Amado, lançado em 1983.
Cidade-cenário das mais acionadas, suas ruas já apareceram em mais de duas dúzias de longas-metragens, como "O Beijo da Mulher Aranha" (1985), de Hector Babenco, mais de duas dezenas de novelas, como "Mulheres de Areia" (1993, Globo), e um punhado de videoclipes, além de curtas e programas de TV, como a minissérie "O Quinto dos Infernos" (2002), também da Globo.
Sendo assim, cinematográfica, Paraty agora vê seu cinema começar a ser ressuscitado. O prédio que abrigava a sala de projeções do centro histórico, na praça da Matriz, está em vias de começar a ser restaurado.
O projeto, encabeçado por Suzana Villas Boas, produtora de TV e cinema, prevê que a sala volte a receber cinéfilos já no meio do ano que vem.
Tudo começou quando Villas Boas viu, há mais ou menos cinco anos, placa de "vende-se" no prédio que um dia abrigou o cinema. Ela começou a agitação. O imóvel acabou sendo comprado por um argentino, que negociou com a prefeitura para devolver o prédio para a cidade.
Houve então, na última edição da Flip, um leilão de cadeiras do cinema -são cem-, para levantar verba para a restauração e o equipamento da sala. A partir de agosto começa a ser elaborado o projeto, que precisa ser aprovado pelo Iphan e pela prefeitura.
Aprovados os planos, serão, nos cálculos da produtora, seis meses até a inauguração. "Imaginamos que esteja pronto no início de 2009. Devemos inaugurar durante a Flip. Se tudo der certo, será na comemoração do tombamento de Paraty pela Unesco", diz Villas Boas.

Vocação
Criadora do Festival Internacional de Cinema de Paraty, que deverá ter o Cine Teatro como sede, Villas Boas considera que a vocação cinematográfica da cidade não se restringe ao cenário, apesar de isso ser um ponto forte. "Ainda mais agora que os fios estão debaixo da terra", diz, a respeito de toda a fiação ter sido enterrada.
"A cidade tem muitos artistas, tem uma coisa efervescente. Acho que é uma maluquice da mistura da religião com a música", teoriza, sobre o envolvimento local com as artes.
Ela ainda ressalta que a localização estratégica entre Rio e São Paulo crava Paraty como boa opção para produções, mas que isso deve se reverter em benefícios para a cidade. "Temos planos de criar uma comissão para regulamentar o uso da cidade e revertê-lo em benefício para a população. Não pode acontecer uma invasão."

Acaso feliz
Se a cidade vive um bom momento, isso se deve, para Villas Boas, a uma coincidência de fatores. "Claro que a Flip deu um impulso grande, mas principalmente há pessoas influentes e discretas que elegeram Paraty, como o Roberto Irineu Marinho, que comprou uma casa enorme, largou tudo, foi morar lá e apoiou a Flip", diz.
Quando desembarca na cidade, Villas Boas cumpre um ritual de chegada que inclui passar pelo cais "para ver se os barcos estão lá" e visitar o forte Defensor Perpétuo, de onde mergulha no mar. (HELOISA LUPINACCI)


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