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São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2003

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AVIAÇÃO

No Brasil, o presidente mundial da companhia italiana fala sobre o futuro do setor e elogia os jatos da Embraer

Alitalia avança no rumo da privatização

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

"A notícia da hora é que o Ministério do Tesouro da Itália, detentor de 63% da Alitalia, acaba de ser autorizado a se desfazer das ações, ficando com cerca de 50% -e isso, na prática, significa a privatização da companhia", disse à Folha o advogado Giuseppe Bonomi, 45, presidente mundial da empresa aérea italiana desde meados de maio.
Muito bem-humorado -mas deixando transparecer que sobrou uma pequena cicatriz do acordo que, em 1997, poderia ter resultado na fusão de sua empresa com a KLM-, Bonomi lembrou que esteve algumas vezes no Brasil, "mas nunca como presidente da Alitalia", posto em que, aliás, está se empenhando na compra de jatos da brasileira Embraer.
 

BRASIL - "A Alitalia liga o Brasil e a Itália há 55 anos e agora, a partir do dia 1º de dezembro, nossos sete vôos semanais serão operados com o Boeing-777, equipamento de nova geração capaz de levar cem passageiros a mais que o atual Boeing-767. Acreditamos nas perspectivas desse mercado e, embora a decisão ainda não esteja tomada, pode ser que esse vôo, que ficará parado sete horas em São Paulo, sirva também o Rio."

EMBRAER - "Temos relações excelentes com a Embraer -e parte significativa de nossa frota regional, da Alitalia Express, é operada com o modelo brasileiro ERJ-145, um avião eficiente e econômico. Assim, estamos empenhados em ter, em primeira mão, um novo Embraer ERJ-170, que nos ajudaria a desenvolver o tráfego regional, um dos pontos fortes da companhia na Europa."

PADRONIZAÇÃO - "Temos ainda nos trajetos regionais o MD-80, que devemos continuar operando, mas que deve, aos poucos, ceder lugar aos novos aviões da Embraer. Além de jatos grandes da Boeing, como esses que vêm ao Brasil, a Alitalia também usa aviões da Airbus. Sim, o futuro exigirá maior homogeneidade da frota; isso deve ser feito progressivamente, em diversas fases."

SKY TEAM - "Acreditamos que participar da aliança global Sky Team é uma grande oportunidade. Uma companhia aérea, para ser eficiente, hoje e no futuro, precisa estar numa das três alianças que estão aí -as outras são One World e Star Alliance. No grupo da Sky Team, além da Alitalia, estão companhias aéreas fortes, como a Air France, a Delta, a Korean, a AeroMexico e a KLM, que entrou há pouco, através de acordo de natureza societária com a empresa francesa."

KLM - "É verdade que a Alitalia e a holandesa KLM fizeram um acordo em 1997. Um acordo industrial que resultou também em investimentos no aeroporto de Malpensa, em Milão. A KLM o rompeu no ano 2000, alegando que o governo italiano não havia dado garantias suficientes para desenvolver Malpensa como "hub" [aeroporto que irradia vôos, constituindo um nó aéreo]. Isso foi à Justiça, e ficou decidido que a Alitalia tinha razão, tanto que os holandeses tiveram que arcar, em 2002, com uma sanção pesada, de 180 milhões."

PRIVATIZAÇÃO - "Hoje 63% das ações da Alitalia pertencem ao Ministério do Tesouro. Mas a notícia novíssima é que um decreto foi agora aprovado autorizando a venda de ações até um nível que pode ser inferior a 50%: passo importante para a privatização. É prematuro dizer quem vai comprar essas ações, mas certamente nossa integração societária com a Air France pode ser ampliada."

FORMAÇÃO - "Nasci perto de Milão, na cidadezinha de Varese. Estudei direito administrativo e trabalho há uma década na aviação. Fui presidente da SEA [sociedade gestora dos aeroportos de Malpensa e Linate, em Milão] e, no posto, abri o novo aeroporto de Malpensa. Não fui, nesse papel, o "pai" dessa operação, mas, sim, o "obstetra". A aviação é um setor tão difícil quanto fascinante."


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