São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

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93 km de sp

Entreposto de escravos abriga restaurante e casa

SENZALA Local tem utensílios de época, como corrente de pescoço de escravos; dono herdou a casa de seu bisavô, que, por sua vez, a recebeu como dote de casamento

DO ENVIADO ESPECIAL A SANTA BRANCA (SP)

Não são só as casas-grandes das fazendas de café e de cana-de-açúcar que restaram do período colonial e viraram atrações turísticas na região de Santa Branca.
No vizinho município de Salesópolis, um antigo entreposto de escravos, construído em taipa de pilão há aproximadamente 250 anos, abriga hoje o restaurante Senzala.
O local servia também de parada para os comerciantes que atuavam na chamada Rota do Sal, ligando a capital e o Vale do Paraíba ao porto de São Sebastião. Dali, eles seguiam caminho para negociar produtos e, principalmente, escravos.
A localização do entreposto não é casual: fica a cerca de 15 km tanto da maior fazenda de café de Santa Branca (onde atualmente funciona o Hotel Fazendão) quanto de sua similar em Paraibuna. A explicação é que essa era a distância que os burros conseguiam percorrer em um único dia carregando as mercadorias no lombo.
A casa, com dez cômodos, preserva o aspecto original, embora as paredes tenham sido reforçadas aqui e ali.
O chão é de terra batida. Num dos cômodos, estão dispostos máquinas e utensílios de época, como uma prensa de farinha de mandioca e uma corrente de pescoço usada por escravos.
"Mas eu não mostro todas as peças, porque muitas foram roubadas", diz o proprietário do Senzala, Antônio Camilo, 41, que nasceu no lugar e mora até hoje em parte da casa com toda a família.
A construção foi passada de geração em geração desde o bisavô, que a recebeu como dote de casamento.
Camilo se diz aberto a propostas de preservação e restauração da casa, mas afirma que nunca recebeu apoio do poder público.
O restaurante Senzala fica na rodovia Professor Alfredo R. de Moura, km 103. Tel.: 0/xx/11/ 4696-1416.
(MÁRIO MOREIRA)


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