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93 km de sp
Entreposto de escravos abriga restaurante e casa
SENZALA Local tem utensílios de época, como corrente de pescoço de escravos; dono herdou a casa de seu bisavô, que, por sua vez, a recebeu como dote de casamento
DO ENVIADO ESPECIAL A SANTA BRANCA (SP)
Não são só as casas-grandes
das fazendas de café e de cana-de-açúcar que restaram do período colonial e viraram atrações turísticas na região de
Santa Branca.
No vizinho município de Salesópolis, um antigo entreposto
de escravos, construído em taipa de pilão há aproximadamente 250 anos, abriga hoje o restaurante Senzala.
O local servia também de parada para os comerciantes que
atuavam na chamada Rota do
Sal, ligando a capital e o Vale do
Paraíba ao porto de São Sebastião. Dali, eles seguiam caminho para negociar produtos e,
principalmente, escravos.
A localização do entreposto
não é casual: fica a cerca de 15
km tanto da maior fazenda de
café de Santa Branca (onde
atualmente funciona o Hotel
Fazendão) quanto de sua similar em Paraibuna. A explicação
é que essa era a distância que os
burros conseguiam percorrer
em um único dia carregando as
mercadorias no lombo.
A casa, com dez cômodos,
preserva o aspecto original,
embora as paredes tenham sido
reforçadas aqui e ali.
O chão é de terra batida. Num
dos cômodos, estão dispostos
máquinas e utensílios de época,
como uma prensa de farinha de
mandioca e uma corrente de
pescoço usada por escravos.
"Mas eu não mostro todas as
peças, porque muitas foram
roubadas", diz o proprietário
do Senzala, Antônio Camilo, 41,
que nasceu no lugar e mora até
hoje em parte da casa com toda
a família.
A construção foi passada de
geração em geração desde o bisavô, que a recebeu como dote
de casamento.
Camilo se diz aberto a propostas de preservação e restauração da casa, mas afirma que
nunca recebeu apoio do poder
público.
O restaurante Senzala fica na
rodovia Professor Alfredo R. de
Moura, km 103. Tel.: 0/xx/11/
4696-1416.
(MÁRIO MOREIRA)
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