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Na Capadócia, cenário tem aspecto lunar
Ritual rumo aos céus de Uçhisar começa às 5h, hora de acordar para pegar jipe e se preparar para decolar
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
Cinco da manhã: toca o despertador e, da janela, o nascer
do sol apenas se enuncia em
Uçhisar, na Capadócia. Hora de
acordar e de esperar o transporte para o local onde o balão é
inflado antes de decolar.
Meia hora depois, o jipão já
rola na estrada, ainda com os
faróis acessos, para a ronda que
pega turistas em hotéis.
Seis horas e, na base improvisada no sopé de curiosas formações rochas características dessa região da Turquia, a equipe
enche o "envelope" do balão
com um maçarico potente; no
entorno, despontam outros balões inflados com ar quente.
Na Capadócia, muitas empresas fazem passeios aéreos
panorâmicos desse tipo, como
revela o site www.turkeybaloons.com/index2.html. Na
Sky Way Baloons
(www.skywaybaloons.com),
o voo de balão custa 150 -e o
passeio dura uma hora. Neles,
embora a segurança seja quase
total, não se sabe ao certo onde
o balão vai pousar após voar ao
sabor dos ventos.
O resgate, feito por caminhonetes, costuma ser rápido e,
nas instruções que antecedem
a decolagem, o piloto mostra
aos passageiros onde ficam as
cintas de couro a serem usadas
em casos extremos. Eventualmente, a cesta pode tombar depois de quicar no solo durante
a última fase da aterrissagem.
Doce sensação
Por volta das 6h30, depois de
meia hora no ar, são diversos os
balões ao redor, tocados por diferentes ventos. A paisagem
tem aspecto lunar e a geologia,
peculiar, serviu de cenário para
filmagens de "Guerra nas Estrelas", de George Lucas.
O sol já ilumina francamente
a terra pálida, as plantações
aqui e ali, e, às 7h da manhã, os
montes de pedra em cujo interior foram construídas moradias e igrejas insólitas ficaram
para trás. Dependendo do vento, o monte Erciyes, de 3.916 m,
estará no horizonte.
Foi esse vulcão extinto que
forjou a paisagem quando, há
30 milhões de anos, cobriu de
lava uma área de 20.000 km2
que, com o tempo, foi erodida
pelo vento e pelo clima até formar aquela paisagem.
Durante o percurso, sob o
balão, um e outro riozinho intermitente é avistável -e o sobrevoo revela arbustos e árvores metidos entre as rochas, vegetação que só se vê do alto.
O vento bate no envelope
multicolorido do balão, lembrando um barco a vela. As pessoas se deslumbram com a vista e se exasperam com o balonista, que coloca o fogo do maçarico à toda, evitando suavemente uma colisão com os
imensos cogumelos de rocha.
O passeio, programado para
acabar em uma hora, continua
ainda por minutos -e é aí que
se nota ter perdido a noção do
tempo. Exceto pelo frenesi das
câmeras fotográficas, tudo parece se mover bem lentamente:
a paisagem, os demais balões, o
horizonte mutante e surreal.
Hábil, aos 50 minutos de sobrevoo, o piloto já havia falado
ao rádio com o resgate. Às
7h05, ele inicia a descida. Aterrissa, depois de uma hora e 15
minutos, quase dentro do reboque. As pessoas desembarcam
e, ato contínuo, recebem uma
taça de espumante e até ganham um diploma.
Nessa modalidade de passeio
turístico que ganha adeptos em
todo o mundo, uma hora e pouco de voo pacato resulta em
memórias para toda a vida.
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