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PÉROLAS AO MAR
No Taiti, item é segunda fonte de divisas após o turismo
Jóia negra é sinal de amor, cura e saúde para povos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
NA POLINÉSIA FRANCESA
Diz a lenda árabe que gotas de
orvalho caíram do céu numa noite de lua cheia. Eram as primeiras
pérolas, que carregaram até as
profundezas do oceano as maravilhosas luzes das estrelas que
marcam nosso tempo. A pérola
simboliza a noite, o inconsciente,
o mistério do nascimento, a luz
pura. A história da pérola se mistura à da própria humanidade.
Todas as civilizações deram grande valor a elas.
Para os indianos, a pérola representou a felicidade, para os árabes, saúde. Na China, ela tinha o
dom da cura; para os egípcios,
significou o amor. Se hoje os homens cobrem as mulheres que
admiram e tentam seduzi-las com
valiosas pérolas, é bom lembrar
que no passado também adornaram suas deusas com essas ricas
esferas.
Dizem que Cleópatra desafiou
demonstrar a Marco Antônio seu
amor e sua riqueza de uma maneira muito especial. Organizou
uma festa que custou 10 milhões
de sestércios -uma fortuna na
época. No meio dela, mostrou
suas pérolas mais valiosas. Tomou uma delas, a moeu e botou o
pó num copo cheio de vinho. Na
frente de uma platéia estupefata,
bebeu o vinho com a pérola, ganhando a aposta e o coração daquele que era seu inimigo.
Etimologicamente, a palavra
pérola significou pureza para os
gregos, enquanto para os romanos foi sinônimo de amor e de
prazer. Para os taitianos as pérolas negras são, hoje, o segundo ingresso de divisas depois do turismo. E elas significam, sem dúvida
nenhuma, riqueza.
Eles devem isso ao francês Jean-Claude Brouillet, que desenvolveu a produção e a comercialização massiva de pérolas negras no
Taiti. Brouillet tem uma história
fascinante.
Morando no Gabão, na África,
criou a Air Gabao e, quando a
companhia aérea se transformou
em uma grande empresa de nível
internacional, a vendeu ao governo desse país. Daí partiu para o
Taiti e instalou o primeiro viveiro
de ostras perlíferas. Quando os
negócios começaram a gerar frutos, construiu o primeiro hotel
num atol, o Kia Ora de Ranguiroa.
É uma obra-prima de harmonia
entre a paisagem paradisíaca e
quase virgem da ilha e os bangalôs com todo o conforto. Obra dele é também o hotel Ia Ora de
Moorea, situado na melhor praia
da ilha, em frente a Papeete, capital da Polinésia Francesa.
Mas Brouillet não vive sem novos desafios. Vendeu sua empresa
de pérolas a Robert Wan, hoje o
principal produtor e comerciante
do produto na Polinésia, logo
vendeu seus hotéis e comprou
uma fazenda no Chaco paraguaio, cuja superfície é maior que
o Taiti. Hoje, Brouillet passou a
fazenda para seu filho e mudou-se
para Los Angeles, quem sabe planejando a próxima empreitada.
(JAIME BORQUEZ)
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