São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PÉROLAS AO MAR

No Taiti, item é segunda fonte de divisas após o turismo

Jóia negra é sinal de amor, cura e saúde para povos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,

NA POLINÉSIA FRANCESA

Diz a lenda árabe que gotas de orvalho caíram do céu numa noite de lua cheia. Eram as primeiras pérolas, que carregaram até as profundezas do oceano as maravilhosas luzes das estrelas que marcam nosso tempo. A pérola simboliza a noite, o inconsciente, o mistério do nascimento, a luz pura. A história da pérola se mistura à da própria humanidade. Todas as civilizações deram grande valor a elas.
Para os indianos, a pérola representou a felicidade, para os árabes, saúde. Na China, ela tinha o dom da cura; para os egípcios, significou o amor. Se hoje os homens cobrem as mulheres que admiram e tentam seduzi-las com valiosas pérolas, é bom lembrar que no passado também adornaram suas deusas com essas ricas esferas.
Dizem que Cleópatra desafiou demonstrar a Marco Antônio seu amor e sua riqueza de uma maneira muito especial. Organizou uma festa que custou 10 milhões de sestércios -uma fortuna na época. No meio dela, mostrou suas pérolas mais valiosas. Tomou uma delas, a moeu e botou o pó num copo cheio de vinho. Na frente de uma platéia estupefata, bebeu o vinho com a pérola, ganhando a aposta e o coração daquele que era seu inimigo.
Etimologicamente, a palavra pérola significou pureza para os gregos, enquanto para os romanos foi sinônimo de amor e de prazer. Para os taitianos as pérolas negras são, hoje, o segundo ingresso de divisas depois do turismo. E elas significam, sem dúvida nenhuma, riqueza.
Eles devem isso ao francês Jean-Claude Brouillet, que desenvolveu a produção e a comercialização massiva de pérolas negras no Taiti. Brouillet tem uma história fascinante.
Morando no Gabão, na África, criou a Air Gabao e, quando a companhia aérea se transformou em uma grande empresa de nível internacional, a vendeu ao governo desse país. Daí partiu para o Taiti e instalou o primeiro viveiro de ostras perlíferas. Quando os negócios começaram a gerar frutos, construiu o primeiro hotel num atol, o Kia Ora de Ranguiroa.
É uma obra-prima de harmonia entre a paisagem paradisíaca e quase virgem da ilha e os bangalôs com todo o conforto. Obra dele é também o hotel Ia Ora de Moorea, situado na melhor praia da ilha, em frente a Papeete, capital da Polinésia Francesa.
Mas Brouillet não vive sem novos desafios. Vendeu sua empresa de pérolas a Robert Wan, hoje o principal produtor e comerciante do produto na Polinésia, logo vendeu seus hotéis e comprou uma fazenda no Chaco paraguaio, cuja superfície é maior que o Taiti. Hoje, Brouillet passou a fazenda para seu filho e mudou-se para Los Angeles, quem sabe planejando a próxima empreitada. (JAIME BORQUEZ)


Texto Anterior: Pérolas ao mar: Mundo submarino se destaca na região
Próximo Texto: Pérolas ao mar: Duas em cem ostras fazem gema perfeita
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.