São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2005

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ANTIGA INDOCHINA

Partindo de Hanói, estrada acaba em Ho Chi Minh, antes Saigon, ex-capital do Vietnã do Sul

Trilha da guerra vira rota turística

DA ASSOCIATED PRESS

Se as bombas americanas não o atingissem, levaria seis meses para um soldado norte-vietnamita fazer a travessia pela trilha selvagem de Ho Chi Minh. Hoje, percorre-se a rota a 100 km/h, tendo ao fundo um cenário montanhoso desconcertante.
A trilha, que exerceu um importante papel na Guerra do Vietnã, tem sido adicionada aos itinerários da crescente indústria turística do país. Várias seções da velha rota, na verdade um conjunto de 16 mil quilômetros de trilhas, estradas e cursos de água, têm se recuperado. A artéria principal se tornou a rodovia Ho Chi Minh.
A estrada começa em Hanói, a capital, e termina nos degraus da cidade de Ho Chi Minh, antes conhecida como Saigon, antiga capital do Vietnã do Sul.
Passa por campos de batalha como Sanh e o vale La Drang, vilarejos tribais que margeiam o áspero planalto central e oferece acesso a algumas das atrações mais importantes do país -o antigo trono real de Hue, o pitoresco porto de comércio de Hoi An e as praias do mar do Sul da China.
Na recentemente reconstruída cidade de Vinh, a "Dresden do Vietnã", todos os prédios, exceto um, foram destruídos pelo bombardeio americano.
Perto dali, na cidade agrícola de cultivo de arroz Kim Lien, estão a humilde cabana onde o líder revolucionário Ho Chi Minh nasceu e um museu dedicado a sua turbulenta vida.
Como Minh é um ícone nacional, a cidade atrai cerca de 1,5 milhão de visitantes domésticos e alguns estrangeiros por ano.
Foi em um dos aniversários de Minh, em 9 de maio de 1959, que a construção da trilha começou. Ao longo de 16 anos, a estrada carregou suprimentos e mais de 1 milhão de norte-vietnamitas para campos de batalha no Vietnã do Sul. "Alguns argumentam que a vitória americana teria seguido a abertura da trilha", escreve John Prados em "The Blood Road" (a estrada de sangue). Para os norte-vietnamitas, a rota incorporou as aspirações do povo. Percorrê-la se tornou a experiência central de uma geração.
Em Dong Loc, 30 quilômetros ao sul de Vinh, pára-se em um dos muitos memoriais para se lembrar dos milhares que não completaram a travessia -um santuário ao lado de um monte, com as tumbas de dez mulheres, entre 17 e 24 anos, assassinadas em um ataque a bomba. Há incensos, flores e itens femininos (presilhas e espelhos) sobre cada tumba.
No Vietnã central, dirige-se por longas vias sem cruzar com outros carros conforme a rota avança por vales cercados de penhascos de pedra calcária. Quase todos os traços da presença americana desapareceram. Os risonhos jovens que cercam os visitantes não sabem nada da guerra.


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