São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2011

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Rio revive bons tempos, mas tem muito a fazer até Olimpíada-2016

Perto de hospedar eventos esportivos, cidade enfrenta a violência, mas não dribla a carestia

As UPPs foram um inegável avanço, mas a metrópole ainda enfrenta apagões e bueiros que explodem


Pedro Carrilho/Folha Imagem
Turistas no alto do Corcovado, com a pedra da Gávea ao fundo

PEDRO CARRILHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Bons ventos sopram pelo Rio de Janeiro nos últimos anos, e vale conferir as mudanças visitando a cidade. O contexto econômico é favorável, principalmente após as descobertas de petróleo no pré-sal, e a cidade surfa numa onda de otimismo.
Faltam cinco anos para os Jogos Olímpicos de 2016, o ápice de uma série de eventos internacionais que terão o Rio como sede.
Antes disso, a Copa do Mundo em 2014, a Copa das Confederações de 2013 e a Rio +20, conferência sobre desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, prometem.
O Rio também virou queridinho de Hollywood na América Latina. A cidade tem sido visitada por estrelas em lançamentos mundiais, servido de locação para "blockbusters" e foi pano de fundo para a animação "Rio".
Há uma oportunidade de recuperar a imagem da cidade no exterior, prejudicada depois de décadas de violência urbana descontrolada.
A tomada das comunidades pelo poder público com a instalação das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora, projeto de instalação de polícias comunitárias nas favelas fluminenses a fim de desarticular as quadrilhas desses territórios) é só um começo, mas tem efeito simbólico e positivo imediato.
Soma-se a isso a renascença de algumas tradições cariocas na última década, como a boemia da Lapa e a explosão dos blocos carnavalescos, e fica evidente que a decadência irremediável, à qual a cidade parecia estar fadada, foi estancada.

DÚVIDAS CARIOCAS
Ao mesmo tempo, os cariocas remam numa torrente de dúvidas sobre qual será o desfecho dessa moderna fábula de "renascimento urbano".
Nem mesmo o mais ufanista dos cariocas seria capaz de negar que há muito que fazer nos anos que estão por vir.
O carioca se questiona se o legado justificará tanta gastança, reclama da falta de transparência e desconfia que parte das obras trará apenas soluções paliativas para problemas crônicos.
Enquanto isso, bueiros da Light vão pelos ares em bairros da zona sul e no centro, como se não conseguissem dar vazão à energia e ao frenesi pré-olímpico que borbulham pela cidade.
Bairros inteiros e estádios, em dias de jogos, sofrem frequentes apagões, enquanto ruas nos arredores do Maracanã ficaram totalmente alagadas em recente temporal.
De olho nos dividendos dessa "década de ouro", o dinheiro corre solto nos meios político e empresarial. A especulação imobiliária, longe de ser exclusividade do Rio, está fora de controle, alegrando alguns e tirando o sono dos demais.
Nesse ritmo e num exercício de futurologia para leigos, não parece muito arriscado apostar que, até 2016, o Rio estará no topo de qualquer lista de cidades mais caras do mundo.


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