São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Espaço para que te quero

Passageiros com mais de 1,80 m contam como fazem para "sobreviver" a voos longos em assentos pequenos

DE SÃO PAULO

Se um passageiro que mede 1,60 m sofre com o pouco espaço nos aviões, imagine modelos, jogadores de basquete -que passam dos dois metros- ou qualquer outra pessoa com mais de 1,80 m.
No caso das modelos, o "sofrimento" é mais no início da carreira. Nessa etapa, normalmente elas viajam na classe econômica, apertadas mesmo. E não reclamam.
Já as tops, como a brasileira Carol Trentini, nem cogitam passar por esse aperto. É uma das cláusulas do contrato: viajar, só se for na primeira classe. Se não for possível, na executiva. Menos que isso, é melhor o cliente buscar outra modelo.
Infelizmente, nem todos os profissionais podem fazer uma exigência dessas. O advogado José Mauricio Abreu, 32, sempre pena com o aperto nas viagens a trabalho.
"A largura não é problema para mim", diz Abreu, do alto de seu 1,96 m. "O ruim é o espaço para as pernas. Não consigo nem me mexer", queixa-se o advogado.
No mês passado, ele teve de fazer uma viagem a trabalho para Dubai. Foram 14 horas no ar, na classe econômica. "Pensei em pagar, do meu bolso, a diferença para ir na classe executiva, mas era muito mais caro e fui na econômica mesmo."
A saída, para ele, é chegar cedo no aeroporto para fazer o check-in. "Aí consigo pegar a poltrona perto de uma saída de emergência, que tem mais espaço para as pernas."
Mesmo assim, ele costuma se levantar para esticar as pernas, e fica sempre no corredor, recomendações feitas pela Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial.
"Mexer as pernas durante o voo ajuda a circulação sanguínea", afirma Murillo de Oliveira Villela, presidente do Conselho da sociedade.
A sugestão é seguida também por Guilherme Giovannoni, 30, jogador da seleção brasileira de basquete. Com 2,04 m, ele diz que chega a ficar irritado com o aperto nos aviões. "Em voos longos, para a Europa ou para os Estados Unidos, pago mais para ir na classe executiva", diz Giovannoni, que viaja pelo menos três vezes por mês.
Como a maioria dos jogadores de basquete, outro que sofre é Marcelo Huertas, 27, que atualmente joga no Caja Laboral Baskonia, atual campeão espanhol, e na seleção brasileira. Seu 1,91 m chama a atenção logo no check-in, quando normalmente o funcionário da companhia aérea procura colocá-lo em uma poltrona mais espaçosa.
"O problema do espaço acaba causando desconforto para as pernas", conta. "É uma sensação ruim, mas é preciso contornar, porque não há muito o que fazer."
Quem está acima do peso também sofre em voos longos. Não somente com o espaço entre as poltronas mas também com a largura delas.
O turismólogo Ricardo Bovino Cusco, 32, sofreu bastante até fazer a cirurgia do estômago. Na época pesando 183 quilos, rezava para não ir ninguém a seu lado. "Era um constrangimento para mim."
Atualmente com 98 quilos, ele diz que ainda acha o espaço nos aviões pequeno, mas não reclama. "Comparado ao referencial que eu tinha antes, eu me sinto bem voando agora."

MEXA-SE
O passageiro precisa se movimentar durante o voo, principalmente nos mais longos. Esticar a ponta dos pés é um exercício eficaz.
Outro exercício é encostar a mão esquerda na orelha direita, passando o braço sobre a cabeça. Quanto maior o espaço, menor a necessidade de se mover. "Então, quem viaja na primeira classe não precisa se preocupar tanto quanto quem voa na econômica", diz Murillo de Oliveira Villela, da Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial.
(LUISA ALCANTARA E SILVA)

Texto Anterior: Na classe econômica, o aperto só piora
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.