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Espaço para que te quero
Passageiros com mais de 1,80 m contam como fazem para "sobreviver" a voos longos em assentos pequenos
DE SÃO PAULO
Se um passageiro que mede 1,60 m sofre com o pouco
espaço nos aviões, imagine
modelos, jogadores de basquete -que passam dos dois
metros- ou qualquer outra
pessoa com mais de 1,80 m.
No caso das modelos, o
"sofrimento" é mais no início
da carreira. Nessa etapa, normalmente elas viajam na
classe econômica, apertadas
mesmo. E não reclamam.
Já as tops, como a brasileira Carol Trentini, nem cogitam passar por esse aperto. É
uma das cláusulas do contrato: viajar, só se for na primeira classe. Se não for possível,
na executiva. Menos que isso, é melhor o cliente buscar
outra modelo.
Infelizmente, nem todos
os profissionais podem fazer
uma exigência dessas. O advogado José Mauricio Abreu,
32, sempre pena com o aperto nas viagens a trabalho.
"A largura não é problema
para mim", diz Abreu, do alto
de seu 1,96 m. "O ruim é o espaço para as pernas. Não
consigo nem me mexer",
queixa-se o advogado.
No mês passado, ele teve
de fazer uma viagem a trabalho para Dubai. Foram 14 horas no ar, na classe econômica. "Pensei em pagar, do meu
bolso, a diferença para ir na
classe executiva, mas era
muito mais caro e fui na econômica mesmo."
A saída, para ele, é chegar
cedo no aeroporto para fazer
o check-in. "Aí consigo pegar
a poltrona perto de uma saída de emergência, que tem
mais espaço para as pernas."
Mesmo assim, ele costuma
se levantar para esticar as
pernas, e fica sempre no corredor, recomendações feitas
pela Sociedade Brasileira de
Medicina Aeroespacial.
"Mexer as pernas durante
o voo ajuda a circulação sanguínea", afirma Murillo de
Oliveira Villela, presidente
do Conselho da sociedade.
A sugestão é seguida também por Guilherme Giovannoni, 30, jogador da seleção
brasileira de basquete. Com
2,04 m, ele diz que chega a ficar irritado com o aperto nos
aviões. "Em voos longos, para a Europa ou para os Estados Unidos, pago mais para
ir na classe executiva", diz
Giovannoni, que viaja pelo
menos três vezes por mês.
Como a maioria dos jogadores de basquete, outro que
sofre é Marcelo Huertas, 27,
que atualmente joga no Caja
Laboral Baskonia, atual campeão espanhol, e na seleção
brasileira. Seu 1,91 m chama
a atenção logo no check-in,
quando normalmente o funcionário da companhia aérea
procura colocá-lo em uma
poltrona mais espaçosa.
"O problema do espaço
acaba causando desconforto
para as pernas", conta. "É
uma sensação ruim, mas é
preciso contornar, porque
não há muito o que fazer."
Quem está acima do peso
também sofre em voos longos. Não somente com o espaço entre as poltronas mas
também com a largura delas.
O turismólogo Ricardo Bovino Cusco, 32, sofreu bastante até fazer a cirurgia do
estômago. Na época pesando
183 quilos, rezava para não ir
ninguém a seu lado. "Era um
constrangimento para mim."
Atualmente com 98 quilos, ele diz que ainda acha o
espaço nos aviões pequeno,
mas não reclama. "Comparado ao referencial que eu tinha antes, eu me sinto bem
voando agora."
MEXA-SE
O passageiro precisa se
movimentar durante o voo,
principalmente nos mais longos. Esticar a ponta dos pés é
um exercício eficaz.
Outro exercício é encostar
a mão esquerda na orelha direita, passando o braço sobre
a cabeça. Quanto maior o espaço, menor a necessidade
de se mover. "Então, quem
viaja na primeira classe não
precisa se preocupar tanto
quanto quem voa na econômica", diz Murillo de Oliveira
Villela, da Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial.
(LUISA ALCANTARA E SILVA)
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