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R$ 1 = 1 Peso
Flor de aço, torre dos anos 10 e casarão com acervo de decoração colonial engordam roteiro cultural portenho
Minidoses de arte florescem pela cidade
DA ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES
Pequenas (ou nem tão pequenas assim) e inusitadas doses de
arte se espalham por toda a Buenos Aires para além dos bambambãs MNBA e Malba: uma flor
gigante que reluz, aberta, durante
o dia e se fecha à noite; uma torre
doada pelos ingleses no coração
da capital argentina e ao lado de
um monumento aos mortos na
Guerra das Malvinas; uma luxuosa casa neocolonial dos anos 1920
que abriga uma importante coleção de arte e decoração colonial.
No meio da praça das Nações
Unidas, junto à movimentada
avenida Figueroa Alcorta, um extenso gramado verde, montes de
passeadores de cachorro (que os
portenhos se gabam de ter "inventado") e pessoas fazendo jogging ganharam uma companhia
inusitada: a "Floralis Genérica",
escultura que o arquiteto Eduardo Catalano doou à cidade em
2002 -estima-se que tenha custado cerca de US$ 5 milhões, patrocinados por uma empresa .
A obra pode ser apreciada ao
abrir suas "pétalas", durante o
dia, ou quando se fecha, à noite,
refletindo luzes -também emperra em algumas ocasiões.
Porém a observação acaba sendo mais curiosa a bordo de um táxi. Alguns motoristas expressam
uma mistura de deboche e mágoa
diante de um presente tão caro e,
vá lá, "inútil", a uma cidade que
ainda engatinhava para sair de
uma das crises mais graves por
que passou.
História recente e passada também rondam a torre dos Ingleses,
no bairro Retiro, na praça Fuerza
Aérea Argentina -o nome anterior, Britania, foi mudado por
causa da Guerra das Malvinas-,
lugar freqüentado tanto por namorados quanto pelos "piqueteros" das seis da tarde.
A torre dos Ingleses é daqueles
locais que suscitam dúvidas como
"será que pode entrar?". Pode. E
ainda há lá dentro uma boa recepção. A construção, que hoje abriga mostras temporárias de artistas contemporâneos, foi inaugurada em 1916 e oferece, em um de
seus oito andares, documentos e
fotos sobre sua edificação.
A também chamada torre Monumental recebe os visitantes
com guias. Na "happy hour", a
atenção ganha o reforço de cervejas Quilmes num tanque de gelo.
A poucos metros dali, na rua
Suipacha, o Museu de Arte Hispano-Americana Isaac Fernández
ecoa as polêmicas de outrora.
Por apenas um peso, mostra a
arte produzida desde o início da
colonização espanhola e portuguesa. Obras de arte e objetos decorativos, tapeçaria, artigos religiosos e suas famosas pratarias
ilustram um pouco da movimentada história da América do Sul.
Esculturas de madeira provenientes das missões jesuítas, pinturas andinas e mobiliário com
ornamentos derivados do barroco e do rococó vindos do Brasil
ocupam os espaços do solar dos
anos 20 projetado pelo arquiteto
Martín Noel (1888-1963), com jardins de inspiração espanhola.
A construção chama a atenção
de quem passa na avenida Libertador, pois destoa tanto da estética inglesa do conjunto rodoferroviário, de um lado, quanto dos
suntuosos prédios, do outro.
(ALEXANDRA MORAES)
Museus - Torre dos Ingleses: praça Fuerza Aérea Argentina (em frente à Estación
Retiro); tel. 00/xx/54/11/4311-0186; Museu de Arte Hispanoamericano Isaac Fernández Blanco: Suipacha, 1.422; 0/ xx/
54/11/4327-0272; aberto de terça a domingo, das 14h às 19h.
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