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EUA, CAPITAL
Museu entrega segredos dos espiões
Acervo investiga personagens e propagandeia a espionagem como forma de prevenir ataques terroristas
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Um dos únicos museus pagos
da capital norte-americana, já
que a visita aos acervos do Instituto Smithsonian é gratuita, o
International Spy Museum
(spymuseum.org) cobra salgados US$ 15 de admissão para
entregar segredos do insalubre
mundo dos espiões.
Menciona organizações como CIA, KGB, FBI, Stasi, MI5 e
até a Abin (Agência Brasileira
de Inteligência). E, de quebra,
exibe documentário que advoga a necessidade de espionar
para coibir atentados terroristas como o do 11 de Setembro,
em 2001, nos EUA.
A locução do filme, algo assustadora e ideologizada, afirma que "além de combater o
terrorismo, a "inteligência" previne surpresas em política internacional e crimes transnacionais". Que ninguém duvide.
O acervo é extenso e há tanto
narrativa de fatos históricos,
nas duas Guerras Mundiais, como de ultracontemporâneos,
caso do envenenamento do ex-espião russo Alexander Litvineko, 44, que morreu em Londres, em novembro passado,
acusando Vladmir Putin, presidente da Rússia e, ele também,
ex-agente da KGB.
Mas o Spy Museum vai ainda
mais longe: passeia pelo mundo real e ficcional dos espiões,
mostra suas caras e "gadjets",
ensina a deixar sinais, plantar
microfones e arrombar portas.
Em estantes, recria a Berlim
da Guerra Fria, os bastidores
das bombas atômicas, mostra
episódios do seriado do agente
Maxwell Smart e expõe o carro
Aston Martin do cinematográfico personagem 007.
Entre os biografados famosos, estão agentes britânicos de
carne e osso, como Donald Maclean, Guy Burgess, Kim Philby
e John Cairncross, todos eles
gays, graduados em Cambridge
e, de quebra, espiões pró-União
Soviética nos anos 1950 e 1960.
E há o quinto caso, o do "sir"
Anthony Blunt, que, graduado
em Oxford, foi curador de arte
da rainha Elizabeth 2ª até que,
em 1979, Margaret Tatcher revelou que ele também espionava para a União Soviética.
Os agentes duplos, aliás, são
diversos. Incluem o astro esportivo Moe Berg, a atriz Marlene Dietrich e a dançarina Josephine Baker.
História secreta
O Internacional Spy Museum ainda tateia a história
narrando o descobrimento, em
1799, no Egito, da pedra de Rosetta, objeto que decifrou os
hieróglifos. E também o faz ao
mostrar o episódio do piloto
norte-americano Francis Gary
Powers, que, abatido no seu jato U-2 ao sobrevoar secretamente a ex-União Soviética em
1960, não se suicidou, deixando
o presidente Eisenhower, então candidato à reeleição, em
uma saia justa internacional.
Depoimentos de personalidades como Walt Disney no comitê que investigou as chamadas atividades antiamericanas,
capitaneado pelo senador Joseph McCarthy, em 1954, impressionam. Passados 50 anos,
o mundo ainda vive a paranóia
dos inimigos invisíveis. Segundo o museu, só em Nova York
há 2.400 câmeras em espaços
públicos.
(SILVIO CIOFFI)
INTERNATIONAL SPY MUSEUM -
800 F Street, NW; aberto das 10h
às 20h, de abril a outubro, e das 10h
às 18h, de novembro a março. Ingresso: US$ 15. Metrô Gallery Place/Chinatown
spymuseum.org
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