São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2007

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EUA, CAPITAL

Museu entrega segredos dos espiões

Acervo investiga personagens e propagandeia a espionagem como forma de prevenir ataques terroristas

DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Um dos únicos museus pagos da capital norte-americana, já que a visita aos acervos do Instituto Smithsonian é gratuita, o International Spy Museum (spymuseum.org) cobra salgados US$ 15 de admissão para entregar segredos do insalubre mundo dos espiões. Menciona organizações como CIA, KGB, FBI, Stasi, MI5 e até a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). E, de quebra, exibe documentário que advoga a necessidade de espionar para coibir atentados terroristas como o do 11 de Setembro, em 2001, nos EUA.
A locução do filme, algo assustadora e ideologizada, afirma que "além de combater o terrorismo, a "inteligência" previne surpresas em política internacional e crimes transnacionais". Que ninguém duvide. O acervo é extenso e há tanto narrativa de fatos históricos, nas duas Guerras Mundiais, como de ultracontemporâneos, caso do envenenamento do ex-espião russo Alexander Litvineko, 44, que morreu em Londres, em novembro passado, acusando Vladmir Putin, presidente da Rússia e, ele também, ex-agente da KGB. Mas o Spy Museum vai ainda mais longe: passeia pelo mundo real e ficcional dos espiões, mostra suas caras e "gadjets", ensina a deixar sinais, plantar microfones e arrombar portas.
Em estantes, recria a Berlim da Guerra Fria, os bastidores das bombas atômicas, mostra episódios do seriado do agente Maxwell Smart e expõe o carro Aston Martin do cinematográfico personagem 007. Entre os biografados famosos, estão agentes britânicos de carne e osso, como Donald Maclean, Guy Burgess, Kim Philby e John Cairncross, todos eles gays, graduados em Cambridge e, de quebra, espiões pró-União Soviética nos anos 1950 e 1960.
E há o quinto caso, o do "sir" Anthony Blunt, que, graduado em Oxford, foi curador de arte da rainha Elizabeth 2ª até que, em 1979, Margaret Tatcher revelou que ele também espionava para a União Soviética. Os agentes duplos, aliás, são diversos. Incluem o astro esportivo Moe Berg, a atriz Marlene Dietrich e a dançarina Josephine Baker.

História secreta
O Internacional Spy Museum ainda tateia a história narrando o descobrimento, em 1799, no Egito, da pedra de Rosetta, objeto que decifrou os hieróglifos. E também o faz ao mostrar o episódio do piloto norte-americano Francis Gary Powers, que, abatido no seu jato U-2 ao sobrevoar secretamente a ex-União Soviética em 1960, não se suicidou, deixando o presidente Eisenhower, então candidato à reeleição, em uma saia justa internacional.
Depoimentos de personalidades como Walt Disney no comitê que investigou as chamadas atividades antiamericanas, capitaneado pelo senador Joseph McCarthy, em 1954, impressionam. Passados 50 anos, o mundo ainda vive a paranóia dos inimigos invisíveis. Segundo o museu, só em Nova York há 2.400 câmeras em espaços públicos.
(SILVIO CIOFFI)


INTERNATIONAL SPY MUSEUM - 800 F Street, NW; aberto das 10h às 20h, de abril a outubro, e das 10h às 18h, de novembro a março. Ingresso: US$ 15. Metrô Gallery Place/Chinatown
spymuseum.org



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