São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Atração ecoturística inclui platô de granito com pedras arredondadas e soltas em lajedo de Pai Mateus Escandinavo é pioneiro no Cariri paraibano
DO ENVIADO ESPECIAL A CABACEIRAS (PB) Como acontece na Amazônia, o turista estrangeiro está descobrindo antes do brasileiro as formações rochosas de Cabaceiras, no Cariri paraibano. Só em 2002, cerca de 2.000 visitantes de fora do Brasil passaram pelo município, a maioria escandinavos, mas também italianos, portugueses, suíços, holandeses e até chineses. Muitos partem de Natal (RN) em um roteiro da agência local Manary Ecotours (tel. 0/xx/84/ 219-2900), que inclui Soledade (RN), Serra Branca (RN) e Ingá (PB), onde há uma pedra com inscrições em baixo relevo. A principal atração do roteiro ecoturístico de Cabaceiras é o lajedo de Pai Mateus, a cerca de 23 km do centro da cidade, em estrada de terra. Trata-se de um platô de granito, que ocupa 5 km2 e tem 1,5 km de extensão. Nele, encontram-se cerca de 70 matacões (rochas soltas que tiveram suas formas esculpidas pela erosão), com até 12 metros de altura. "O mais interessante é que a erosão se deu por baixo das pedras também, com a força do vento, da chuva e do sol", explica o guia Paulo de Carvalho, 19. Mostra disso pode ser vista na principal rocha do local: a casa do Pai Mateus. Erodida por baixo, a pedra serviu de moradia para o eremita Pai Mateus, no século 18. Conta-se que ele era um negro curandeiro, que usava raízes e plantas medicinais. No local, pode ser vista a interferência do eremita em amontoados de pequenas pedras nos vãos da rocha, que o teriam protegido de chuvas e ventos. Há ainda o que seria uma mesa e uma cama, todas de granito. "Ninguém sabe como foram postas aí", diz o guia. Pinturas rupestres com formas de pequenas mãos aparecem na parede. "Era um ritual de passagem indígena para a idade adulta. Têm de 1.500 e 7.000 anos." Essa mesma "casa" serviu de abrigo para cangaceiros. O lajedo foi parte do cenário da minissérie "O Auto da Compadecida", em uma cena com esses sertanejos. Outras pedras já batizadas são a do Capacete (por ter esse formato), onde pode ser visto um pilão indígena feito no chão; a do Sino, que imita o som de um sino quando se bate um pedaço de granito nela; e a da Energização, que tem uma entrada por baixo. Lá dentro, no centro da rocha, em pé, em um espaço que cabe uma pessoa, dizem os místicos que é possível sentir uma energia especial. O lajedo de Pai Mateus também é muito procurado por praticantes de mountain bike, assim como o lajedo de Salambaia, que é maior, com 4,5 km. Outros habituês dali são os místicos e os religiosos. "Muita gente vem meditar aqui, até budistas", conta o guia. O momento imperdível é o pôr-do-sol, que começa por volta das 17h. Do lado da pedra do Capacete, dá para sentar e apreciar o céu. O transporte de Cabaceiras até o lajedo de Pai Mateus e a outras atrações ecoturísticas da cidade, como a Saca de Lã e o sítio Manuel de Sousa (leia textos nesta pág.), pode ser agendado com a prefeitura, no tel. 0/xx/83/356-1104. Para visitar as três atrações, paga-se R$ 5 ao Hotel-Fazenda Pai Mateus, pois as terras são do dono do hotel. (AUGUSTO PINHEIRO) Texto Anterior: Pacotes Próximo Texto: Sítio reúne arte rupestre de até 4.000 anos Índice |
|