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PORTAS
Povoado de xisto resiste ao passar dos séculos
DA ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL
Refúgio de foras-da-lei ou de famílias formadas a partir de amores proibidos, a origem das aldeias portuguesas extremamente
isoladas da civilização intriga tanto quanto a sua sobrevivência durante sete, oito, nove séculos.
Caso de Piódão, cujo acesso ainda hoje depende de uma estreita e
curvilínea estrada encravada na
serra do Açor. Além da branca
Matriz Nossa Senhora da Conceição, contrasta com o tom único
das casinhas de xisto, pedra abundante na região, o azul das janelas
das casas, assim pintadas, dizem,
por ser a única opção de tinta na
loja que atendia ao povoado.
As mesmas casinhas tematizam
os suvenires vendidos na praça
aonde chegam os ônibus de turismo que milagrosamente perfazem a estrada. Uma das 12 integrantes da rota das aldeias históricas divulgada pelo governo português, Piódão oferece opções de
hospedagem e passeios por entre
a vegetação que a emoldura.
Já não teve igual longevidade a
aldeia de Póvoa Dão, que chegou
a se reduzir praticamente a ruínas, mas teve as casas reconstruídas por um investidor, que a
transformou num condomínio
chique a 14 km de Viseu e opção
de hospedagem para turistas.
Único morador remanescente,
José Soares conta histórias da
época em que os caixões dos defuntos eram transportados na cabeça dos moradores por um caminho que aumentava de três para dez quilômetros na época da
cheia do rio Dão, ali do lado.
Hoje ele habita uma das mais de
30 casas restauradas. "Os filhos
dos proprietários [das casas do
condomínio] me chamam de
avô", orgulha-se Soares. A proposta nostálgica da arquitetura se
evidencia nas pedras cruas de algumas paredes do interior das casas, à meia-luz durante a noite.
Tais características tornam acolhedor o restaurante do empreendimento, com sua variada seleção
de pratos típicos portugueses. O seu forno de
barro de época está à disposição
de quem se aventurar a preparar,
por exemplo, um cabrito assado.
Os visitantes ainda podem apreciar a antiga estrada romana na
qual outrora os habitantes passeavam e praticamente atravessar a
horta para chegar à piscina.
O local ainda carece de opções
de entretenimento, mas nas redondezas há campo de golfe e haras. A Póvoa Dão S.A., empresa
criada pelo Grupo Catarino, pretende reconstruir as outras casas
do povoado em ruínas, também
pouco mais de 30. O grupo tem
negócios nas áreas de construção
civil, hotelaria, entre outros.
(MARISTELA DO VALLE)
Póvoa Dão - Informações: 00/xx/351/
232/958-557; www.povoadao.com;
Diária: 125 (casa para quatro pessoas).
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