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CEARÁ
Soterrada, Tatajuba segue na história de vendedora de cocos
Passeio pela região é uma dica para fugir do roteiro tradicional e conhecer outras maravilhas naturais
DO ENVIADO A JERICOACOARA
Compensa a ida a Tatajuba,
entre outras coisas, a história
contada por Delmira Silvestre
das Chagas, 48, que vende água
de coco numa barraquinha em
frente ao que foi uma igreja e
perto do que foi a sua casa. Ambas faziam parte de uma vila
com 150 moradias soterradas
por dunas. Hoje restam apenas
pedaços das construções mais
altas.
Delmira tem uma foto de
1982 da igreja colada no seu
balcão. Diz ter sido batizada nela, e conta que sua família foi
uma das que mais resistiram à
invasão das dunas. Acordavam
de madrugada para varrer a casa, mas a areia insistia em fazer
pesar os lençóis e estalar os
dentes ao grudar no almoço.
Quando as dunas impediram
que uma das portas da casa
abrisse, abandonaram o lugar.
Há também uma coletânea
de lendas locais que Delmira
conta de acordo com o interesse do cliente. Quem gostar desse tipo de história pode pedir
uma segunda água de coco e espichar um pouco a visita.
Dali é possível avistar a Nova
Tatajuba, fundada por parte
dos moradores da vila soterrada. Trata-se de um aglomerado
de casas de pescadores, uma
pequena igreja e um posto de
saúde que muitos dizem lembrar a Jericoacoara pré-turismo intenso.
Passar por essa região e seguir dali para a lagoa Verde é
um dos principais passeios de
buggy para quem está em Jericoacoara. O buggy parte de manhã, um horário ditado pela
maré, que sobe do meio para o
final da tarde e pode complicar
o caminho de volta.
São 36 quilômetros, trajeto
que inclui dez minutos em uma
balsa rústica para atravessar
um braço-de-mar que leva a
Guriú, no município de Camocim, e duas horas entre praias e
dunas, sempre na companhia
de coqueiros e coqueiros e coqueiros.
Quase no início do percurso,
à esquerda, há o Mangue Seco,
onde é possível fazer um passeio de canoa para observar cavalos marinhos -geralmente
com menos de 10 cm de comprimento, ao contrário do que
podem sugerir eventuais lembranças de desenhos animados.
O passeio custa entre R$ 10 e
R$ 25, dependendo da quantidade de interessados.
Outra parada, bem mais
adiante, é um lago cercado pela
duna do Funil -a duna, oval,
lembra um estádio aproximadamente do tamanho do Morumbi, e o lago, seu gramado.
Você pode deslizar até lá embaixo no esqui-bunda, um pedaço de madeira alugado por
três nativos. Que, com bastante
senso comercial, mantêm um
isopor com água e com cerveja
para depois da subida.
O ponto final do passeio é a
lagoa Verde. Na beira dela, inclusive com algumas mesas e
cadeiras levemente dentro d'água, fica a barraca do Didi - O
Rei dos Grelhados, restaurante
que tem como atração um cardápio literal: na bandeja trazida
pelo garçom há lagostas, peixes
e camarões que ainda não passaram pela cozinha. Gasta-se a
partir de R$ 25 por meias-porções eventualmente suficientes para dois.
(THIAGO MOMM)
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