São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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FRANÇA DE ARTES

Jardins dos quadros de Monet provocam reações menos comedidas do que nos museus

Giverny causa suspiros de bem-estar

Margarete Magalhães/Folha Imagem
O jardim Japonês, localizado na propriedade em que o pintor impressionista Claude Monet viveu 43 dos seus 76 anos de vida; local virou o principal modelo do artista


MARGARETE MAGALHÃES
ENVIADA ESPECIAL À FRANÇA

Paris abriga a maior coleção de obras de Claude Monet (1840-1926) e a maior coleção de arte impressionista do mundo, guardadas respectivamente nos museus Marmottan e d'Orsay. Mas é além das salas dos museus, a 40 minutos de Paris, que se pode interagir e se emocionar com o cenário que inspirou boa parte das telas de um dos mais admirados pintores desse movimento.
Sempre fechada no inverno, a Fundação Claude Monet, em Giverny, na Normandia, abre seus portões para visitantes adentrarem o mundo especialmente caro aos impressionistas até o dia 1º de novembro. Foi na casa de Giverny e nos dois jardins de sua propriedade -o Clos Normand e o jardim Japonês- que o pintor passou 43 dos seus 76 anos de vida.
Hoje, a pequena Giverny, cuja população é de 500 habitantes, recebe cerca de 500 mil turistas por ano. E, diferentemente do que se passa nos museus, onde a contemplação diante dos quadros é comedida, nos dois jardins -muito distintos entre si- e na casa afloram suspiros, sorrisos de fascinação e de bem-estar.
No jardim Clos Normand, o visitante se embriaga com tulipas, gerânios, narcisos, bocas-de-leão, crisântemos e outras tantas flores, pés de macieiras e cerejeiras.
Organizadas geometricamente em fileiras, as flores são distribuídas pelos canteiros, algumas em cores monocromáticas. O turista ziguezagueia por entre os jardins, enquanto exala a fragrância das flores e dos cheiros que se misturam. Até o final deste mês, o jardim deve ganhar mais volume, com o desabrochar de mais flores.
"A cada 15 dias o jardim evolui, as cores e o tamanho das flores mudam", explica um guarda que se identificou como "apenas Didier". A melhor época para visitar os jardins, segundo ele, é no final de maio ou no início de junho.
Da passarela central do Clos Normand, por onde os visitantes não circulam, vê-se ao fundo, encoberta por flores e árvores, a porta principal da delicada casa de Monet. Pintada de rosa, com janelas e portas verdes, ela tem a fachada ornada com tulipas rosas. A estreita casa parece maior do lado de fora. Dentro há a coleção particular Ukiyo-e, de 231 gravuras japonesas espalhadas pelas paredes dos corredores e quartos.
Destaques para a sala de jantar amarela e a cozinha azul. Na sala de estar estão expostas cópias de obras do impressionista, cuja maioria dos originais está no museu d'Orsay e no Marmottan.
Enquanto o Clos Normand produz sensação de admiração e "joie de vivre", os bambus, os agapantos, as ninféias, os chorões e a ponte do jardim Japonês, de 60.000 m2, despertam uma contemplação um pouco lamuriosa. Com o vento, o vaivém das folhas dos chorões e o verde opaco dos bambus e dos agapantos, refletidos no lago, refinam as sensações dos admiradores de Monet.
O próprio artista define o jardim: "Levei tempo para entender minhas ninféias. Eu as plantei por prazer... Uma paisagem não penetra num ser em um dia... E então, de repente, o mundo mágico no meu lago se revelou para mim. Peguei meu pincel. Desde então, raramente tive outro modelo".

Fundação Monet - Ingressos: 5 (adultos); 4 (estudantes); 3 (crianças de 7 a 12 anos); funciona de terça a domingo, das 9h30 às 18h. Site: www.fondation-monet.com.


Margarete Magalhães viajou a convite da Air France


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