São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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VIZINHO PRÓXIMO

Atingido pela crise argentina, país quer atrair mais turistas brasileiros, que já são o principal mercado do setor

Paraguai vê "tábua de salvação" no Brasil

MAÉRCIO SANTAMARINA
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO

Encarado hoje mais como o vizinho que o ajudou em sua reconstrução após a guerra contra a Tríplice Aliança do que como o inimigo que, ao lado da Argentina e do Uruguai, dizimou mais da metade de sua população entre os anos de 1864 e 1870, o Brasil volta a ser visto pelo Paraguai como a sua ""tábua de salvação".
Desta vez no setor turístico, que viu minar as expectativas de crescimento para este ano em razão da crise na Argentina.
O mercado brasileiro sempre ocupou a primeira posição no ranking do turismo paraguaio, mas o fluxo de argentinos, que se mantinha em segundo lugar, chegou a ameaçar essa liderança em 2001 -e tudo indicava que isso se concretizaria neste ano.
A crise na Argentina, no entanto, atingiu o vizinho do norte em cheio. O número de visitantes argentinos diminuiu cerca de 70%, segundo César Isac Benítez, que gerencia o principal produto turístico do país, o Hotel Resort Casino Yacht y Golf Club, e representa o birô de turismo paraguaio, criado em março em busca de uma reação para esse setor.
"A nossa saída é atrair os brasileiros. Hoje, 60% dos turistas que visitam o Paraguai são do Brasil, principalmente do Estado de São Paulo. Decidimos investir nas regiões mais próximas, como Paraná e Mato Grosso do Sul. O norte do Chile e a Bolívia também estão em nossos objetivos, mas o Brasil é o nosso principal alvo", diz ele.
Diariamente, partindo de São Paulo, há quatro vôos para Assunção -dois pela TAM, um pela Varig e outro pela American Airlines-, com aproximadamente 400 lugares disponíveis.
A taxa atual de ocupação dos hotéis de Assunção é de 30% em média, segundo Benítez.
"Antes da crise argentina, a taxa média de ocupação se mantinha em 45%. Em 2002, prevíamos um aumento para 50%. Conviver com 70% de ociosidade é difícil."
Para atrair os brasileiros e voltar a movimentar o turismo, o Paraguai tenta fixar uma imagem de "país de serviços". Esse foi um dos objetivos da criação do birô de turismo em Assunção.
"Competir com o Brasil e a Argentina em outras áreas é difícil, por isso resolvemos explorar essa vocação para serviços. Nosso principal concorrente e maior mercado é o Brasil. Tentamos superá-lo com a cordialidade e a hospitalidade", afirma Benítez.
O Paraguai, que em 2003 ocupará a Presidência do Mercosul, quer atrair pelo menos 10% dos cerca de 2.000 eventos anuais que ocorrem nos países do mercado comum. Hoje, São Paulo e Buenos Aires abocanham a maior fatia do bolo de eventos.
O resort Yacht y Golf, que tem 128 apartamentos e 315 funcionários, pretende investir nos próximos anos US$ 10 milhões na construção de pavilhões de feiras e exposições e em um parque temático. Só neste ano está sendo investido US$ 1 milhão.
Em relação ao mercado brasileiro, o grande apelo serão os eventos esportivos, envolvendo principalmente o tênis e o golfe.
"Queremos explorar no Brasil a vocação esportiva, com pacotes especiais para quem disputar torneios internacionais de tênis e golfe, atraindo personalidades das modalidades", diz o gerente. "Assim como o Brasil ajudou o Paraguai após a guerra, contamos com nossos co-irmãos para a revitalização do turismo", diz.


Maércio Santamarina viajou a convite do Hotel Resort Casino Yacht y Golf Club Paraguayo


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