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VIZINHO PRÓXIMO
Atingido pela crise argentina, país quer atrair mais turistas brasileiros, que já são o principal mercado do setor
Paraguai vê "tábua de salvação" no Brasil
MAÉRCIO SANTAMARINA
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO
Encarado hoje mais como o vizinho que o ajudou em sua reconstrução após a guerra contra a
Tríplice Aliança do que como o
inimigo que, ao lado da Argentina
e do Uruguai, dizimou mais da
metade de sua população entre os
anos de 1864 e 1870, o Brasil volta
a ser visto pelo Paraguai como a
sua ""tábua de salvação".
Desta vez no setor turístico, que
viu minar as expectativas de crescimento para este ano em razão
da crise na Argentina.
O mercado brasileiro sempre
ocupou a primeira posição no
ranking do turismo paraguaio,
mas o fluxo de argentinos, que se
mantinha em segundo lugar, chegou a ameaçar essa liderança em
2001 -e tudo indicava que isso se
concretizaria neste ano.
A crise na Argentina, no entanto, atingiu o vizinho do norte em
cheio. O número de visitantes argentinos diminuiu cerca de 70%,
segundo César Isac Benítez, que
gerencia o principal produto turístico do país, o Hotel Resort Casino Yacht y Golf Club, e representa o birô de turismo paraguaio, criado em março em busca
de uma reação para esse setor.
"A nossa saída é atrair os brasileiros. Hoje, 60% dos turistas que
visitam o Paraguai são do Brasil,
principalmente do Estado de São
Paulo. Decidimos investir nas regiões mais próximas, como Paraná e Mato Grosso do Sul. O norte
do Chile e a Bolívia também estão
em nossos objetivos, mas o Brasil
é o nosso principal alvo", diz ele.
Diariamente, partindo de São
Paulo, há quatro vôos para Assunção -dois pela TAM, um pela
Varig e outro pela American Airlines-, com aproximadamente
400 lugares disponíveis.
A taxa atual de ocupação dos
hotéis de Assunção é de 30% em
média, segundo Benítez.
"Antes da crise argentina, a taxa
média de ocupação se mantinha
em 45%. Em 2002, prevíamos um
aumento para 50%. Conviver
com 70% de ociosidade é difícil."
Para atrair os brasileiros e voltar
a movimentar o turismo, o Paraguai tenta fixar uma imagem de
"país de serviços". Esse foi um dos
objetivos da criação do birô de turismo em Assunção.
"Competir com o Brasil e a Argentina em outras áreas é difícil,
por isso resolvemos explorar essa
vocação para serviços. Nosso
principal concorrente e maior
mercado é o Brasil. Tentamos superá-lo com a cordialidade e a
hospitalidade", afirma Benítez.
O Paraguai, que em 2003 ocupará a Presidência do Mercosul,
quer atrair pelo menos 10% dos
cerca de 2.000 eventos anuais que
ocorrem nos países do mercado
comum. Hoje, São Paulo e Buenos Aires abocanham a maior fatia do bolo de eventos.
O resort Yacht y Golf, que tem
128 apartamentos e 315 funcionários, pretende investir nos próximos anos US$ 10 milhões na
construção de pavilhões de feiras
e exposições e em um parque temático. Só neste ano está sendo
investido US$ 1 milhão.
Em relação ao mercado brasileiro, o grande apelo serão os eventos esportivos, envolvendo principalmente o tênis e o golfe.
"Queremos explorar no Brasil a
vocação esportiva, com pacotes
especiais para quem disputar torneios internacionais de tênis e
golfe, atraindo personalidades
das modalidades", diz o gerente.
"Assim como o Brasil ajudou o
Paraguai após a guerra, contamos
com nossos co-irmãos para a revitalização do turismo", diz.
Maércio Santamarina viajou a convite
do Hotel Resort Casino Yacht y Golf Club
Paraguayo
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