São Paulo, segunda, 20 de julho de 1998

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SHOW DE LUZES
Comemorando 200 anos de espetáculos, a Walt Disney e a Livent investem US$ 200 milhões na região
Broadway renasce com grandes corporações

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Encerrada no último mês, a temporada 97/98 foi a de maior sucesso na história da Broadway. Na projeção da Liga dos Teatros e Produtores Americanos, foram mais de US$ 550 milhões em ingressos vendidos e mais de 11 milhões de espectadores.
O êxito da temporada, depois de décadas de decadência que levaram a Prefeitura de Nova York a estabelecer uma comissão de preservação em 1982, reflete o estabelecimento das corporações na Broadway.
A Walt Disney Co., que começou no teatro comercial com "Beauty and the Beast" há três anos, investiu US$ 34 milhões na reconstrução do teatro New Amsterdan -onde estreou o musical "The Lion King", ano passado.
A Livent Inc. investiu US$ 10 milhões para erguer um novo teatro, Ford Center for the Performing Arts -onde estreou "Ragtime", espetáculo que dividiu com "The Lion King" os prêmios Tony para musicais, na temporada.
Nos dois musicais, Disney e Livent buscaram, ao contrário do que ocorreu com "Beauty and the Beast", encenações de qualidade teatral-e não só grandes produções para turistas. Para "The Lion King", a Disney recorreu a uma diretora da vanguarda, Julie Taymor.
Mas não são apenas as grandes corporações que deram fôlego à Broadway, na temporada. Também na dramaturgia dita séria houve um ressurgimento, com importações de Londres -o que é a regra no teatro americano.
Um ressurgimento marcado por textos como "The Beauty Queen of Leenane" e "Art", esta de autora francesa, mas que chamou a atenção com uma montagem no West End -a versão londrina da Broadway, como centro de teatro comercial.
Antes das corporações, dois musicais de menor produção, mas de grande público, já haviam revigorado a Broadway, dois anos atrás: "Rent" e "Bring in 'da Noise, Bring in 'da Funk". Também um texto sério, mas de grande bilheteria, antecedeu "Art" no renascimento dos anos 90: "Angels in America".

Dois séculos
A Broadway sai, nesta década, de uma crise de alta de custos e de ingressos que levou produtores a se refugiarem cada vez mais, nos anos 70 e 80, nas chamadas Off Broadway e Off-Off Broadway (leia texto abaixo).
Nome de uma avenida que corta a ilha de Manhattan, a Broadway ganhou seu primeiro teatro há dois séculos. Foi em 1798 que as famílias ricas da cidade ergueram o New Theater, depois Park, no cruzamento da Broadway com uma estrada para Boston.
Foi no Park que se apresentou o inglês Edmund Kean, lendário ator shakespeariano. Conforme a cidade cresceu, o centro teatral avançou para o norte, na Broadway. Primeiro para o cruzamento com a rua 14 e depois, em 1895, atravessando a rua 42.
Já era o Longacre Square, depois chamado Times Square, até hoje o "distrito teatral" de Nova York -e o maior centro comercial do teatro no mundo.
Veio então a "era de ouro" das primeiras décadas do século, com as "revistas" chamadas Ziegfeld Follies e sobretudo os grandes musicais, que firmaram o gênero -criados por Irving Berlin, Jerome Kern e Oscar Hammerstein 2º, George e Ira Gershwin, Cole Porter e outros.
Uma era que, bem ou mal, atravessou duas guerras mundiais e prosseguiu até os anos 60, com musicais como "West Side Story", de Leonard Bernstein e Stephen Sondheim, e o mais popular de todos, "Fiddler on the Roof". Aí começaram os problemas.



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