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"CHEVERE!"
Segunda produtora de flores do mundo, Colômbia é o 4º maior território da América do Sul, com 3.000 km de costa
País reúne floresta, deserto e pico nevado
DO ENVIADO ESPECIAL À COLÔMBIA
Bioceânica, a Colômbia tem
3.000 km de costas voltadas para o
Atlântico e para o Pacífico. E,
além de admirar o Caribe -nome que essa região transparente
do Atlântico empresta ao mar-
e, em termos comerciais, de mirar
o Pacífico, esse país de 1.138.914
km2 é ainda amazônico, tendo
fronteiras terrestres para a imensa
floresta, e andino, adentrado generosamente pela cordilheira,
exibindo tanto cenários desérticos como o de neves perpétuas.
País essencialmente mestiço,
como o Brasil, a Colômbia encerra diversas etnias. Mas é possível
dizer, com alguma margem de arbitrariedade, que a população é
mais afro-colombiana diante do
mar do Caribe, em cidades mágicas como a colonial Cartagena,
tem origem mais espanhola em
grandes cidades, como na capital
Bogotá, e encontra raízes nativas,
indígenas, no interior.
Entre as riquezas minerais, o
destaque é a esmeralda, um dos
principais produtos do país.
As riquezas advindas da agricultura ainda são de suma importância para a economia: além do
café, uma referência mundial de
qualidade que desbancou a produção cafeeira do Brasil, a Colômbia planta orquídeas, sendo o segundo maior produtor mundial
de flores, destacando-se também
na produção de rosas.
Fazendo fronteira com o Brasil,
o Peru, o Equador, o Panamá e a
Venezuela, a Colômbia é o quarto
maior país sul-americano em área
e o 23º do mundo -na Europa,
apenas a Rússia a excede em tamanho. Mas há também o explosivo problema da droga: as Farc,
organização que na sua origem foi
guerrilheira e revolucionária, e os
produtores de droga dominam
vastas áreas do país, onde seqüestros de colombianos endinheirados não-envolvidos no narcotráfico podem durar um par de anos.
História
Séculos antes da chegada dos espanhóis à América, diversos grupos indígenas habitavam a Colômbia: os primeiros rastros de ocupação humana da região remontam a 10 mil anos a.C.
No ano em que a América foi
descoberta por Colombo, 1492,
estima-se que a população indígena somava 850 mil pessoas, distribuídas em diversos grupos, muitos deles hábeis artesãos que deixaram a marca de sua existência
moldada em ouro, como se pode
ver também em Bogotá no Museu
Nacional.
Entre esses, destacam-se os
chibchas, posteriores aos agustinianos, que viveram nos séculos
2º e 3º. Depois, os taironas, quimbayas e calimas dominaram as artes da cerâmica e até montaram
formas de governo, estabelecendo
pactos políticos entre si.
Com a vinda dos colonizadores,
os tesouros foram saqueados e
houve perda de identidade durante o período de aculturação.
Entre 1509 e 1550, quando muitas das cidades colombianas foram fundadas, Santa Fé de Bogotá
-hoje apenas chamada de Bogotá- se tornou capital do vice-reino da Nova Granada e, em 20 de
julho de 1810, data da independência, a capital contava com cerca de 50 mil moradores.
Dessa época até o fim da campanha do general Bolívar, em 7 de
agosto de 1819, o país vivenciou
revoltas que alcançaram o clímax
na Guerra dos Mil Dias, entre 1899
e 1903, ano em que o Panamá promulgou a sua independência.
No século 20, os partidos Liberal
e Conservador se revezaram no
poder, e uma ditadura militar governou a Colômbia de 1953 a 1957,
acomodando os dois grupos políticos sob a égide de uma Frente
Nacional, de 1958 a 1974.
Nesse meio tempo, o país que
decolou sua linha aérea já em
1919, a Avianca, segunda do mundo, depois apenas da holandesa
KLM e que edificou estabelecimentos fabris e metrópoles como
Bogotá, Medellín, Cali e Barranquilla, segue lutando para conquistar a estabilidade social e política. A Constituição, promulgada
em 1991, não trouxe a paz definitiva que o país -que legou ao
mundo de hoje talentos do quilate
do escritor Gabriel García Márquez e do pintor Fernando Botero- tanto almeja. Mas, a despeito de qualquer má notícia da política, a visita a locais como Bogotá
e Cartagena, com sua cultura vibrante e arrebatadora, encerra
gratas surpresas.
(SILVIO CIOFFI)
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