São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NORDESTE

Passeio apresenta a turista vilarejos quase isolados

Nos Lençóis Maranhenses, comunidades sem energia elétrica nem água encanada recebem visitantes

DA ENVIADA ESPECIAL AO MARANHÃO

Esqueça as comodidades da vida nas cidades grandes. Nos dois vilarejos que existem nos 155 mil hectares do Parque dos Lençóis Maranhenses, não há computador, e o celular não dá sinal. Mas isso não é nada: lá também não há água encanada, luz elétrica nem rede de esgoto.
E é bom que você não tenha problemas para dormir em redes, porque não vai encontrar nada parecido com uma cama.
Apesar da precariedade da hospedagem, ir às comunidades de pescadores é um dos passeios mais interessantes e menos divulgados da região.
Agências e algumas operadoras locais levam turistas para pernoitar nos oásis de Queimada dos Britos ou Baixa Grande. O passeio pode começar em Santo Amaro e terminar em Barreirinhas ou ter ida e volta por Barreirinhas. As duas cidades têm bons hotéis e pousadas.
O trajeto até os Lençóis Maranhenses é feito em 4x4 e dura cerca de 40 minutos. A partir da entrada do parque, só é possível continuar a pé.
A caminhada é puxada e consome de cinco a seis horas, tempo de sobra para se banhar nas várias lagoas transparentes. O vento engana os desavisados que se aventuram a andar sem protetor solar: a região tem temperatura média de 26C, índice que pode subir facilmente a partir de julho, quando começa o verão local (para os maranhenses, só há duas estações no ano: o inverno, que é a época das chuvas e dura todo o primeiro semestre, e o verão, no segundo semestre).
Apesar de o sol ser forte, a areia branca é gelada, e dá para caminhar sem se preocupar com bolhas nos pés. Céu aberto é garantia de boas fotos.
Os dois oásis ficam distantes três horas de caminhada um do outro. Queimada dos Britos tem oito moradores, divididos em três casas simples, feitas de madeira e palha. São filhos ou netos de Manuel Brito, um cearense que chegou ao local há cerca de 50 anos. Baixa Grande é um pouco maior, com cerca de 25 pessoas oriundas de Atins, povoado às margens do rio Preguiças. Nos dois oásis, todos vivem da pesca e da criação de bodes, galinhas e vacas.
O isolamento dessas comunidades só é rompido quando falta sal ou fósforos, e um dos moradores é designado para ir à cidade buscar esses itens. Vai e volta no mesmo dia. A pé.
Após um jantar preparado pelos próprios pescadores -quase sempre uma refeição com muito peixe ou frango- um dedo de prosa antes de ir dormir. No dia seguinte, depois de um café da manhã bem simples, começa a viagem de volta à civilização -com direito a celular, computador, trânsito... (CC)


Texto Anterior: Ilhas da região colecionam casos exóticos
Próximo Texto: Pacotes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.