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NORDESTE
Passeio apresenta a turista vilarejos quase isolados
Nos Lençóis Maranhenses, comunidades sem energia elétrica nem água encanada recebem visitantes
DA ENVIADA ESPECIAL AO MARANHÃO
Esqueça as comodidades da
vida nas cidades grandes. Nos
dois vilarejos que existem nos
155 mil hectares do Parque dos
Lençóis Maranhenses, não há
computador, e o celular não dá
sinal. Mas isso não é nada: lá
também não há água encanada,
luz elétrica nem rede de esgoto.
E é bom que você não tenha
problemas para dormir em redes, porque não vai encontrar
nada parecido com uma cama.
Apesar da precariedade da
hospedagem, ir às comunidades de pescadores é um dos
passeios mais interessantes e
menos divulgados da região.
Agências e algumas operadoras locais levam turistas para
pernoitar nos oásis de Queimada dos Britos ou Baixa Grande.
O passeio pode começar em
Santo Amaro e terminar em
Barreirinhas ou ter ida e volta
por Barreirinhas. As duas cidades têm bons hotéis e pousadas.
O trajeto até os Lençóis Maranhenses é feito em 4x4 e dura
cerca de 40 minutos. A partir
da entrada do parque, só é possível continuar a pé.
A caminhada é puxada e consome de cinco a seis horas, tempo de sobra para se banhar nas
várias lagoas transparentes. O
vento engana os desavisados
que se aventuram a andar sem
protetor solar: a região tem
temperatura média de 26C,
índice que pode subir facilmente a partir de julho, quando começa o verão local (para os maranhenses, só há duas estações
no ano: o inverno, que é a época
das chuvas e dura todo o primeiro semestre, e o verão, no
segundo semestre).
Apesar de o sol ser forte, a
areia branca é gelada, e dá para
caminhar sem se preocupar
com bolhas nos pés. Céu aberto
é garantia de boas fotos.
Os dois oásis ficam distantes
três horas de caminhada um do
outro. Queimada dos Britos
tem oito moradores, divididos
em três casas simples, feitas de
madeira e palha. São filhos ou
netos de Manuel Brito, um cearense que chegou ao local há
cerca de 50 anos. Baixa Grande
é um pouco maior, com cerca
de 25 pessoas oriundas de
Atins, povoado às margens do
rio Preguiças. Nos dois oásis,
todos vivem da pesca e da criação de bodes, galinhas e vacas.
O isolamento dessas comunidades só é rompido quando falta sal ou fósforos, e um dos moradores é designado para ir à cidade buscar esses itens. Vai e
volta no mesmo dia. A pé.
Após um jantar preparado
pelos próprios pescadores
-quase sempre uma refeição
com muito peixe ou frango-
um dedo de prosa antes de ir
dormir. No dia seguinte, depois
de um café da manhã bem simples, começa a viagem de volta à
civilização -com direito a celular, computador, trânsito...
(CC)
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