São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2005

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HISPANIOLA DIVIDIDA

Cozinha é variada, mas a crioula é quase esquecida

Culinária de hotel ignora cultura local

DO ENVIADO ESPECIAL À REPÚBLICA DOMINICANA

Para curtir a natureza da ilha o visitante tem que se hospedar em um hotel ou resort à beira-mar, não há albergues, e as pousadas não oferecem serviços suficientes nem são perto das praias.
O primeiro grande resort que se encontra no leste dominicano (e com certeza o maior de todos) é o Casa de Campo. Iates, lanchas e enormes veleiros atracam no porto particular desse resort, que também mantém um aeroporto internacional particular, que serve ao país além de seus hóspedes.
É possível chegar à República Dominicana por esse aeroporto, porém é necessário fazer uma conexão nos Estados Unidos, por onde o visitante brasileiro deve passar munido de um visto.
Além do porto e do aeroporto, o Casa de Campo ainda oferece a seus hóspedes um campo de tiro, um de pólo e cinco de golfe. Há também um vilarejo que tem a pretensão de ser uma réplica de uma cidade romana, localizado sobre a colina Altos de Chavón, de onde se vê o sinuoso rio Chavón.
Mais à frente, a cerca de 230 km da capital, na Província de La Romana, estão as praias de areia finíssima do distrito de Bayahibe, onde atrativos como passeios de pára-quedas içados por lanchas e aluguel de pranchas de windsurfe são oferecidos aos turistas.

Luxo rebuscado
Como na maioria dos hotéis da região, o Iberostar, na praia Dominicus, padece de excesso de decoração. Seu luxo rebuscado intimida. Enormes salões abrigam variados bares e restaurantes.
Lustres gigantescos, dignos de palácios árabes, estão espalhados pelos cantos e ostentam uma cultura pouco caribenha. Lagos artificiais, chafarizes, pássaros exóticos presos em gaiolas e primatas enjaulados destoam do que um dia foi o paraíso que deve ter sido descoberto por Colombo.
A arquitetura da maioria dos hotéis se equipara à concepção dos lustres gigantescos, não leva em consideração a cultura local e se preocupa em se aproximar do estilo norte-americano.
O mesmo acontece com os serviços. Os restaurantes dos resorts servem todo tipo de comida, porém a crioula é quase esquecida. Os shows de todas as noites seguem o estilo folclore comercial e pecam pelo excesso de luzes e brilhos e pela falta de conteúdo.
Para os que querem badalar nas praias do leste dentro da segurança dos resorts, a opção são as discotecas, cuja trilha segue o repertório bate-estaca, e os luais, com luzes estroboscópicas e amplificadores que fazem a beira-mar parecer uma festa rave, porém ao som de batatchas e merengues. (CAIO GUATELLI)


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