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HISPANIOLA DIVIDIDA
Cozinha é variada, mas a crioula é quase esquecida
Culinária de hotel ignora cultura local
DO ENVIADO ESPECIAL À REPÚBLICA DOMINICANA
Para curtir a natureza da ilha o
visitante tem que se hospedar em
um hotel ou resort à beira-mar,
não há albergues, e as pousadas
não oferecem serviços suficientes
nem são perto das praias.
O primeiro grande resort que se
encontra no leste dominicano (e
com certeza o maior de todos) é o
Casa de Campo. Iates, lanchas e
enormes veleiros atracam no porto particular desse resort, que
também mantém um aeroporto
internacional particular, que serve ao país além de seus hóspedes.
É possível chegar à República
Dominicana por esse aeroporto,
porém é necessário fazer uma conexão nos Estados Unidos, por
onde o visitante brasileiro deve
passar munido de um visto.
Além do porto e do aeroporto, o
Casa de Campo ainda oferece a
seus hóspedes um campo de tiro,
um de pólo e cinco de golfe. Há
também um vilarejo que tem a
pretensão de ser uma réplica de
uma cidade romana, localizado
sobre a colina Altos de Chavón, de
onde se vê o sinuoso rio Chavón.
Mais à frente, a cerca de 230 km
da capital, na Província de La Romana, estão as praias de areia finíssima do distrito de Bayahibe,
onde atrativos como passeios de
pára-quedas içados por lanchas e
aluguel de pranchas de windsurfe
são oferecidos aos turistas.
Luxo rebuscado
Como na maioria dos hotéis da
região, o Iberostar, na praia Dominicus, padece de excesso de decoração. Seu luxo rebuscado intimida. Enormes salões abrigam
variados bares e restaurantes.
Lustres gigantescos, dignos de
palácios árabes, estão espalhados
pelos cantos e ostentam uma cultura pouco caribenha. Lagos artificiais, chafarizes, pássaros exóticos presos em gaiolas e primatas
enjaulados destoam do que um
dia foi o paraíso que deve ter sido
descoberto por Colombo.
A arquitetura da maioria dos
hotéis se equipara à concepção
dos lustres gigantescos, não leva
em consideração a cultura local e
se preocupa em se aproximar do
estilo norte-americano.
O mesmo acontece com os serviços. Os restaurantes dos resorts
servem todo tipo de comida, porém a crioula é quase esquecida.
Os shows de todas as noites seguem o estilo folclore comercial e
pecam pelo excesso de luzes e brilhos e pela falta de conteúdo.
Para os que querem badalar nas
praias do leste dentro da segurança dos resorts, a opção são as discotecas, cuja trilha segue o repertório bate-estaca, e os luais, com
luzes estroboscópicas e amplificadores que fazem a beira-mar parecer uma festa rave, porém ao
som de batatchas e merengues.
(CAIO GUATELLI)
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