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LETÔNIA, 90
No Natal, Noel presenteia depois de ouvir canção leta
Festividade reúne famílias da comunidade em ceia com muito chucrute, batata, lingüiça e carne de porco
PRISCILA PASTRE-ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL
Não basta ser comportado o
ano todo. É preciso ensaiar,
meses antes do Natal, alguns
versos ou músicas para apresentar ao Papai Noel. Exigente
que é, o bom velhinho espera a
apresentação em leto. Caso
contrário, nada de presentes!
Assim Daina Gutmanis, 50,
conta que é o Natal na comunidade de descendentes de imigrantes letos da qual faz parte,
em Nova Odessa, a 126 quilômetros de São Paulo.
"Não é muito diferente do
Natal no Brasil e no resto da
Europa. A diferença é que ninguém ganha presente de graça",
diz Daina, que é representante
da ALASC (Associação Leta da
América do Sul e Caribe).
Enquanto os pequenos ensaiam, ela já pensa nos pratos
que vai preparar para a ceia. E o
que não pode faltar na mesa de
Natal de quem preserva os costumes da Letônia? "Chucrute,
batata, lingüiça e carne de porco!", responde rápido.
Desde criança, em todo 24 de
dezembro, Daina vai à missa de
Natal, que acontece por volta
das 16h na igreja luterana que
freqüenta. Por lá, o Papai Noel
também pode dar o ar da graça,
sempre com o saco carregado
de bolachas, balas ou pães de
mel para as crianças.
As tradições ela aprendeu
com os pais, que vieram ao Brasil refugiados da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). E a
função de preservar a cultura
leta Daina divide com a irmã,
Gunta Gutmanis, com quem
organiza exposições sobre a
história da comunidade e as
festas de Natal.
"A maior parte das famílias
letas é pequena. Por isso, reunimos todos que estão sozinhos
ou que têm poucos parentes
com quem passar a data. Um
ajuda o outro, e a festa fica mais
animada". Os imigrantes começaram a chegar a Nova Odessa
no começo do século 20, em
busca de terras e de trabalho.
"Na época, foram criadas colônias agrícolas ao longo da linha do trem. E as comunidades
foram atraídas pelo sonho
-realizado por muitos- de
possuir terras", conta.
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