São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2008

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LETÔNIA, 90

No Natal, Noel presenteia depois de ouvir canção leta

Festividade reúne famílias da comunidade em ceia com muito chucrute, batata, lingüiça e carne de porco

PRISCILA PASTRE-ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Não basta ser comportado o ano todo. É preciso ensaiar, meses antes do Natal, alguns versos ou músicas para apresentar ao Papai Noel. Exigente que é, o bom velhinho espera a apresentação em leto. Caso contrário, nada de presentes!
Assim Daina Gutmanis, 50, conta que é o Natal na comunidade de descendentes de imigrantes letos da qual faz parte, em Nova Odessa, a 126 quilômetros de São Paulo.
"Não é muito diferente do Natal no Brasil e no resto da Europa. A diferença é que ninguém ganha presente de graça", diz Daina, que é representante da ALASC (Associação Leta da América do Sul e Caribe).
Enquanto os pequenos ensaiam, ela já pensa nos pratos que vai preparar para a ceia. E o que não pode faltar na mesa de Natal de quem preserva os costumes da Letônia? "Chucrute, batata, lingüiça e carne de porco!", responde rápido.
Desde criança, em todo 24 de dezembro, Daina vai à missa de Natal, que acontece por volta das 16h na igreja luterana que freqüenta. Por lá, o Papai Noel também pode dar o ar da graça, sempre com o saco carregado de bolachas, balas ou pães de mel para as crianças.
As tradições ela aprendeu com os pais, que vieram ao Brasil refugiados da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). E a função de preservar a cultura leta Daina divide com a irmã, Gunta Gutmanis, com quem organiza exposições sobre a história da comunidade e as festas de Natal.
"A maior parte das famílias letas é pequena. Por isso, reunimos todos que estão sozinhos ou que têm poucos parentes com quem passar a data. Um ajuda o outro, e a festa fica mais animada". Os imigrantes começaram a chegar a Nova Odessa no começo do século 20, em busca de terras e de trabalho.
"Na época, foram criadas colônias agrícolas ao longo da linha do trem. E as comunidades foram atraídas pelo sonho -realizado por muitos- de possuir terras", conta.


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