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OLHA O PASSARINHO
Variedade de espécies e vegetação favorável tornam o cenário ideal para a observação de aves
Pantanal faz a alegria dos "bird watchers"
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO PANTANAL
Silêncio, olhos e ouvidos atentos, paciência. Munido desses
itens básicos, que podem receber
o auxílio de binóculos, guias de
campo e outros apetrechos, é possível desfrutar de um tipo de atividade pouco comum no Brasil,
mas que tem ganhado espaço graças à procura internacional: a observação de pássaros.
Habitat de pelo menos 650 espécies (número catalogado) e região
de mata favorável ao "esporte"
(nem muito baixa, nem muito alta), o Pantanal tem sido muito
procurado para essa atividade nos
últimos anos. Além da facilidade
para visualizar os pássaros, o
ecossistema possui muitas aves
grandes e coloridas e outras tantas pouco conhecidas.
A observação de aves no Brasil
ainda é praticada principalmente
por especialistas ou estudantes,
mas pode ser feita por leigos interessados em admirar e conhecer
mais sobre as espécies. Ela consiste em simplesmente visualizar e
escutar as aves em passeios a pé
ou em veículos pelas trilhas.
No segundo caso, sempre
acompanhado por um guia, o
percurso é interrompido todas as
vezes que alguma ave aparece. Os
mais curiosos podem até descer
para observá-la de perto.
Sobre rodas, é mais fácil ver aves
de grande porte, como o tuiuiú -
símbolo do Pantanal que chega a
ter dois metros de envergadu-
ra-, as garças e os gaviões. Nas
trilhas a pé são necessárias mais
atenção e paciência, além de silêncio e cuidado ao caminhar, para
não espantar os animais.
Um olho atento encontra aves
namorando, mães zelosas cuidando dos filhotes, brigas por territórios e espécies menores, que
podem passar despercebidas.
Os melhores lugares para observar aves no Pantanal são as unidades de conservação, que sofreram
menos a ação predatória e a interferência do homem. Há épocas
mais apropriadas, também. Muitas espécies estão ativas durante o
ano todo e há as noturnas.
No Pantanal, de novembro a
março, ocorre o período das
cheias -quando o rio Paraguai e
afluentes inundam parte da planície. Nessa época, os mamíferos
costumam ser raros, mas pássaros aparecem em abundância.
A vazante, em março, abril e
maio, é boa época para ver todos
os tipos de animais. Já na seca,
que ocorre nos meses seguintes,
os mamíferos são menos raros.
Os tipos de aves que aparecem
mais na região também variam
com a época do ano.
Como é uma atividade que pode
começar a ser praticada por
hobby, pelo simples olhar atento e
interesse pela natureza, muitos
pantaneiros acabam se tornando
excelentes "bird watchers" (nome
em inglês para os observadores de
pássaros) sem saber que se trata
de um esporte internacional.
Vitor do Nascimento, 32, o Vitinho, é um exemplo. Nascido na
fazenda onde fica o Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda, no
sul do Mato Grosso do Sul, começou a trabalhar para o hotel como
motorista de caminhão.
Há alguns anos, um turista, impressionado com suas habilidades, deu-lhe um binóculo e um
guia de campo -livro com fotos
e nomes das aves.
Vitinho começou a estudar e
hoje trabalha como guia, cargo
normalmente exercido no hotel
por estudantes ou profissionais já
com formação universitária.
Ele não fala inglês, mas conhece
o nome de todos os pássaros pantaneiros na língua. Apesar de enxergar mal com um olho, consegue encontrar pássaros em galhos
altos das árvores mais distantes,
imperceptíveis para olhos treinados para ver carros e edifícios.
Quem não tem tanta habilidade
pode buscar a ajuda de equipamentos como binóculos e guias
de campo. Outra estratégia é levar
gravações com sons de aves para
atrair os animais. Como muitas
espécies são territorialistas, aparecem para defender seu espaço
quando ouvem o canto de outra.
Mariana Lajolo viajou a convite do Refúgio Ecológico Caiman.
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