|
Próximo Texto | Índice
ANDES NO RETROVISOR
Carro permite que turista desfrute de lagos e vulcões sem se preocupar com horário das excursões
Silhueta do Chile não limita sua diversidade
ROBERTO DE OLIVEIRA
ENVIADO ESPECIAL AO CHILE
O velocímetro corre, enquanto
o retrovisor deixa para trás vilas
de estilo europeu, vulcões com
neve eterna, lagos cercados de florestas, fiordes e cachoeiras. A expedição mal começou, mas uma
pergunta insiste em rondar a cabeça. Como um país tão estreito
como o Chile, espremido entre o
Pacífico e os Andes, consegue
reunir tão fascinante diversidade?
O célebre poeta chileno Pablo
Neruda (1904-73) apelidou seu
território de "país delgado". Ironicamente, a escassez de densidade criou um pequeno mundo de
características geográficas bem
distintas, do deserto árido do Atacama, ao norte, às geleiras do Parque Nacional Torres Del Paine, ao
sul. Entre os extremos, a natureza
semeou belezas deslumbrantes.
Exatamente pelo seu formato
estreito, o Chile é ideal para ser
conhecido de norte a sul -ou vice-versa. Mas prepare-se, não é o
tipo de país que se mata numa tacada só. Para começar a aventura,
repleta de paradas em cenários cinematográficos, o grande barato é
se jogar nas estradas e desfrutar
tudo com calma, como na região
de lagos e vulcões, tema central
desta reportagem.
A viagem começa na pequena e
simpática Puerto Varas e segue,
rumo ao norte, por cerca de 1.000
km, até Santiago. De carro, seja
em que época for, o turista pode
parar e esperar passar aquela nuvenzinha chata que está cobrindo
o topo do vulcão ou torcer para
que o sol volte a iluminar aquele
imenso lago, rodeado de floresta.
No caminho, um vilarejo de colonizadores alemães no alto do
morro que cerca o lago Llanquihue vira a atração do dia e pode se
tornar tão fascinante que leva o
aventureiro a esquecer a vida.
Por menos atrativa que a cidade
pareça, é difícil resistir a Osorno.
Siga até o centro, em direção às
ruas Ramírez e Mackenna, onde
estão, além da praça de Armas, a
singular catedral, construída de
madeira, e um conjunto de cinco
casas típicas, declaradas Monumento Nacional do Chile.
Já no fim da viagem, tome cuidado ao transitar em frente ao
Mercado Municipal de Temuco.
O cheiro de comida crioula e dos
mariscos "fisga" o transeunte pelo estômago e o obriga a uma parada rápida. Quando se der conta,
a tarde já terá ido embora. Certamente, o turista não sairá de lá
com as mãos abanando e lotará o
carro de sacolas de artesanato dos
índios mapuches.
E, o que é melhor, não tenha
pressa para nada. De carro, tem-se liberdade para apreciar cada
detalhe com mais tempo e privacidade, sem se preocupar se os
tais "15 minutos de parada" da excursão estão se esgotando ou ter
de pedir desculpas até pela demora no banheiro. Com o carro, o
viajante é dono da agenda.
Saiba que é fácil dirigir pelas
bem conservadas rodovias chilenas. Até as estradas de cascalho
ou terra vulcânica são sinalizadas.
A velocidade máxima permitida
nas principais vias de acesso é de
120 km/h. Nas demais, não ultrapassa 80 km/h. Os pedágios são
baratos, custam cerca de 1.500 pesos (US$ 2,50), a maioria deles está localizada na Panamericana ou
Ruta Nacional, como é conhecida
a maior rodovia que corta todo o
país e chega até o Alasca.
O único cuidado é não se empolgar demais. No Chile, não são
os tremores sísmicos e as erupções vulcânicas que abalam o visitante. Basta abrir os olhos.
Roberto de Oliveira viajou a convite da
LAN, da Mobility e da Expedition.
Próximo Texto: Vôo apresenta prévia da paisagem Índice
|