São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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Internacional

Exposição em Paris reconta a imigração

ANOS 30 - Evento lembra época em que a França incentivou vinda de estrangeiros

PAULO DANIEL FARAH
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM PARIS

Uma exposição em cartaz na recém-renovada Cité Nationale de l'Histoire de l'Immigration (cidade nacional da história da imigração, no Palais de la Porte Dorée) atrai aqueles que buscam um programa diferente para fazer em Paris.
Muitos dos visitantes vêem representados ali seus ancestrais ou conterrâneos.
Chamada "1931, Les Etrangers au Temps de l'Exposition Coloniale" (1931, os estrangeiros na época da exposição colonial), a exposição -que marca a reabertura do local- aborda, por meio de fotografias, trechos de filmes e documentos, a atmosfera e a sociedade na França a partir de 1929.
As imagens reunidas também mostram o impacto exercido por imigrantes vindos da África e da Ásia que foram incentivados, na época, a viver em território francês.

Estrangeiros
No período entre-guerras apresentado, duas imagens constrastantes se destacam.
De um lado, a glorificação do império colonial francês e de sua missão civilizatória em contraposição ao "exotismo das populações indígenas".
Do outro, os 3 milhões de estrangeiros que faziam da França um dos principais destinos de imigração no mundo.
Na mostra atual, o visitante é convidado a descobrir uma realidade social bem diferente da apresentada na exposição de 1931, no bois de Vincennes.
Entre os eixos temáticos, destacam-se a politização dos estrangeiros, sua presença na sociedade francesa, suas profissões e a representação que era veiculada na mídia, incluindo a associação, por vezes, entre migração e criminalidade.

Natal
Apresenta-se uma cenografia que destaca a escola, o Exército e locais de sociabilização (como cafés, bailes e associações).
Uma curiosidade da exposição, que apresenta bilhetes de entrada da exposição colonial de 1931 e propagandas para atrair visitantes, é uma foto da época que mostra trabalhadores vestidos de Papai Noel com os seguintes dizeres: "Papai Noel só compra presentes franceses; sigam esse exemplo".
Para completar, há uma mostra sobre a produção cinematográfica dos anos 1930 em torno de dois temas: "Indígenas e imigrantes no cinema francês dos anos 1930" e "Cineastas estrangeiros na França".

Bosque
Passeios a bordo de um ônibus da época levam do Palácio da Porta Dourada -onde está a exposição- ao jardim de agronomia tropical, localizado a nordeste do bois de Vincennes e criado em 1899 para organizar experiências agronômicas que envolviam café, cacau, baunilha etc. Ao longo do trajeto, pode-se observar a arquitetura da França colonial.
A exposição tem feito tanto sucesso que seu encerramento foi prorrogado de 7 de setembro para 5 de outubro.

Cafezinho
Após a visita, uma sugestão para continuar a usufruir do ambiente cultural de Paris é ir ao Café de Flore e ao Les Deux Magots, dois cafés que foram freqüentados por intelectuais como Gustave Flaubert, Pablo Picasso e Albert Camus. Pode-se aproveitar para ver a paisagem do bulevar Saint-Germain.


PAULO DANIEL FARAH é professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

PALAIS DE LA PORTE DORÉE
av. Daumesmil, 293; de ter. a sex., das 10h às 17h30; e aos sáb. e dom., das 10h às 19h; ingresso: 5 (R$ 12); tel.: 00/xx/33/1/5359-5860
www.histoire-immigration.fr

CAFÉ DE FLORE
bulevar Saint Germain, 172; abre diariamente, das 7h30 à 1h30; tel.: 00/xx/33/1/4548-5526;
www.cafe-de-flore.com

LE DEUX MAGOTS
praça Sant Germain de Prés, 6; diariamente, das 7h30 à 1h; tel.: 00/ xx/33/1/4548-5525;
www.lesdeuxmagots.fr


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