São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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Internacional

Diva egípcia impera no Instituto do Mundo Árabe

QUARTA PIRÂMIDE - Mostra conta biografia e lembra obra de Umm Kalthum, principal cantora do Egito do século 20

ESPECIAL PARA A FOLHA

O Instituto do Mundo Árabe (IMA), em Paris, está prestando homenagem à principal cantora egípcia do século 20, Umm Kalthum, chamada de astro do Oriente ou de quarta pirâmide. Trinta e três anos após sua morte (e de um dos maiores funerais da história moderna árabe, em 3 de fevereiro de 1975), a diva egípcia permanece viva em muitas cidades e aldeias da África e da Ásia. A exposição-espetáculo, em cartaz até 2 de novembro, tem quatro seções complementares, cada uma com fotos, arquivos de som, audiovisuais, documentos e objetos. Intitulada "A Egípcia", a primeira parte dedica-se à vida de Umm Kalthum, à sua infância e à formação em um país que, em algumas décadas, passou pelo domínio britânico, pela emergência do nacionalismo, pelos reinos de Fouad e Farouq, pela revolução de 1952, pelos governos de Nasser e Sadat e por conflitos na região. Aqui já se delineia como ela se tornaria um ícone do Egito. A segunda seção, "O Talento", propõe-se a mostrar a música, os textos e, sobretudo, a voz que reunia multidões e que geralmente se fazia acompanhar de uma orquestra. As notas, a entonação, a improvisação ao infinito em diferentes modos reverberavam em canções e concertos que duravam horas. Entendam-se ou não as palavras, impossível ficar alheio a músicas como "Amal Hayati" (em português, esperança de minha vida) e "Sirat Alhobb" (a trajetória do amor). A projeção de trechos de suas apresentações evoca um repertório emotivo, revela a reação apaixonada do público e contribui para a apreensão do fenômeno Umm Kalthum. A terceira parte, "O Engajamento", mostra o envolvimento da cantora na vida pública como defensora do panarabismo, da unidade dos árabes, e dos direitos das mulheres. A última seção, "A Herança", reúne obras de artistas plásticos contemporâneos em cujo trabalho sua imagem é recorrente: entre eles, Georges Baghory, Khaled Hafez, Dodi Tabbaa, Essam Marouf, Mohamed Khalil e Adel Elsiwi. Há ainda a projeção de performances de intérpretes que regravaram o repertório da cantora. A exposição é uma oportunidade singular de conhecer uma artista que se apresentou uma única vez fora dos países árabes (em Paris, no Olympia, em 1967) e que é presença perene em muitos lares, cafés e escritos literários. Símbolo de um tempo de desafios, dicotomias e musicalidade redentora. (PDF)


INSTITUTO DO MUNDO ÁRABE
rua des Fossés St. Bernard, 1; abre de ter. a dom., das 10h às 18h; ingresso: 8,70 (R$ 21); tel.: 00/ xx/33/1/ 4051-3838
www.imarabe.org


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