São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 2006

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[!] Foco

Em banho turco, turista recarrega forças submerso em sensações e tradição

DA ENVIADA A ISTAMBUL

Sob uma cúpula pela qual a luz do dia entra por pequenos orifícios que simulam estrelas, erguida no fim do século 16, há uma placa de mármore sextavada aquecida. Em meio à névoa fina do vapor, banhistas estiradas relaxam -algumas nuas, outras de roupa íntima ou toalha- enquanto atendentes seminuas circulam, baldes, panos e sabão nas mãos, perguntando quem gostaria de ser esfregada.
Estamos num hamam, ou banho turco. A descrição pode evocar algum erotismo (ou mesmo desconforto) à primeira vista, mas é bom advertir que ela não se traduz nem em um nem em outro. "Terapêutico" seria o adjetivo mais apropriado. Poucas coisas são tão relaxantes quanto uma hora em um hamam.
Não tem nada a ver com sauna. As casas de banho são herança romana, a qual os turcos desenvolveram muito bem. Lavar-se é um ritual, sobretudo se você aceitar os serviços dos atendentes.
Nos hamams tradicionais, homens ficam em uma câmara; mulheres, em outra. Atendentes são sempre do mesmo sexo, geralmente em péssima forma física. Embora seja uma experiência sensorial indescritível, não há um pingo de sensualidade na sessão.
Em Istambul, o mais famoso hamam é o Çemberlitas. Foi construído por volta de 1590, pelo arquiteto Sinam, a pedido da mulher do sultão Selim 2º, e fica na rua Divanyoluh, em Sultahnamet. Embora popular entre os turistas, o Çemberlitas tem um público local cativo, o que garante a autenticidade.
Por 30 liras turcas (pouco mais de R$ 40), é possível experimentar o ritual. O valor do banho dá direito a ficar por tempo indeterminado na câmara de vapor e a ser lavado por um dos atendentes -um misto de lavagem, esfoliação e massagem com espuma. Depois de esfregado, o cliente é levado até nichos onde estão pias de água fria e quente, onde o atendente lavará os cabelos do banhista e depois deixará que ele se enxágüe sozinho. Dali, o turista pode relaxar mais um pouco sobre o mármore ou ir embora, com a sensação de que trocou seu corpo antigo por um novo. (LC)


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