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NO TABULEIRO
Além de mercado ao ar livre, cidade baixa une sorveteria tradicional a um pôr-do-sol alternativo
Feira labiríntica vende um bode adulto por R$ 280
DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR (BA)
O Pelourinho, apesar e por causa de sua obviedade turística, é
um lugar incontornável para
quem está em Salvador. Tanto os
marinheiros de primeiríssima
viagem quanto os soteropolitanos
de quatro costados acabam confluindo a esse bairro histórico.
Após um displicente footing pelos largos e ladeiras e a visitação
das igrejas -com destaque inelutável para a da Ordem Terceira de
São Francisco da Penitência,
construída em 1703 e dotada de
uma fachada de pedra de cantaria
cinzelada que se assemelha às do
barroco espanhol (cobram-se R$
3 pelo acesso ao interior do templo)-, é recomendável incluir no
roteiro locais menos imediatos.
Só neles é possível, por exemplo, comprar por R$ 280 um bode
adulto com uma cultivada barbicha e retorcidos chifres.
Alguns pontos proveitosos ao
passeador se encontram na cidade baixa. Salvador está assentada
sobre uma falha geológica que a
cinde em duas regiões desniveladas interligadas pelo Elevador Lacerda, com 72 metros de altura,
cujo bilhete custa R$ 0,05.
No "térreo" da cidade, perto do
ferryboat, está fundeada a feira de
São Joaquim, feira livre labiríntica
onde se vendem a baixos preços
(daí o afluxo da população mais
carente) artigos religiosos, hortifrutigranjeiros, sarapatel e os tais
bodes -os mais novinhos podem ser adquiridos por preços
entre R$ 60 e R$ 80.
Vez ou outra, avistam-se turistas estrangeiros mais descolados à
procura de experiências antropológicas em meio ao caos de mercado persa. Parece ser um lugar
tranqüilo, mas fica aqui recomendada a cautela -sem paranóia.
Conferir tudo isso in loco é traçar
uma espécie de contraponto ao
patente Mercado Modelo, edifício
de 1861, abrigo da antiga alfândega, onde se vendem suvenires de
praxe, tais quais o berimbau. Em
1983, o espaço pegou fogo e, na
reedificação do imóvel, descobriram-se subterrâneos hoje abertos
à visitação.
Ainda na cidade baixa, no bairro da Ribeira, funciona desde 1931
a sorveteria da Ribeira (praça General Osório, 87, 0/xx/71/316-5451). Soteropolitanos de outras
plagas enfrentam dezenas de quilômetros para tomar o sorvete
que é produzido ali. Duas bolas
do cascalho (também conhecido
em outras regiões como cascão)
saem por R$ 3. Recomendam-se o
de banana e o de tapioca.
Terminada a guloseima, quem
quiser tocar para uma referência
famosa encontrará não muito
longe a igreja de Nosso Senhor do
Bonfim, concluída em 1772.
Na segunda quinta-feira após o
Dia de Reis, em 6 de janeiro, as escadarias (bem mais acanhadas do
que se costuma imaginar) e o
adro são lavados pelas famigeradas baianas. Prepare-se para o assédio dos vendedores de fitinhas
e, se quiser mesmo comprá-las,
trate de barganhar: o preço de um
punhado delas pode cair de R$ 5
para R$ 1. Os visitantes costumam
amarrá-las no portão do templo e
fazer três pedidos.
A cidade baixa também se mostra interessante quando o mote é
o pôr-do-sol. Pode parecer a um
forasteiro da cidade cinzenta um
programa trivial, mas olhar o astro mergulhando no mar é algo levado a sério em Salvador. O entardecer avistado da ponta de Humaitá, do alto do forte de Nossa
Senhora do Monte Serrat, com
formato atual de 1693, é um dos
mais bonitos da velha Bahia.
(PEDRO IVO DUBRA)
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