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Patrimônio
Tour oficial resgata cantinas mexicanas
TEQUILA! Bares típicos estão fechando as portas na Cidade do México; roteiro visita casas históricas na região central
DA EFE
Portas como de saloons do
faroeste separam as cantinas
mexicanas da rua. Empurrar
uma dessas portas duplas remete imediatamente ao lema
caubói: essa cidade é pequena
demais para nós dois.
A questão é que a frase tem se
aplicado a esse bares. Uma das
maiores metrópoles do mundo,
a Cidade do México, está ficando pequena demais para eles.
Na tentativa de proteger esse
patrimônio histórico da vida
botequeira mexicana, as autoridades da capital do país promovem um passeio turístico
por alguns desses bares. A intenção é evitar que eles fechem
as suas inspiradoras portas -o
que aconteceu no dia 2 de janeiro de 2008 com a cantina El
Nivel, a mais antiga do país.
Aberta em 1855, era dela a
primeira licença de operação
desse tipo, de 1872. Frequentaram a El Nivel figuras como
Diego Rivera (artista plástico,
1886-1957) e Che Guevara (líder revolucionário, 1928-1967).
Outras míticas casas no centro histórico da cidade também
fecharam definitivamente, como La Parroquia, El Cabaret
Bombay e La Valenciana.
Estima-se que existam hoje
1.250 cantinas na Cidade do
México. Eram 3.000 no começo dos anos 1990. No centro
histórico, sobrevivem apenas
65 dos quase 200 estabelecimentos desse tipo que funcionavam 20 anos atrás.
E é o desaparecimento das
casas no centro histórico que
mais preocupa. Francisco Ibarlucea, guia do tour oficial, explica que, apesar de todos os projetos de recuperação que tomam o centro, "as pessoas pararam de frequentar essa região".
Os turistas estrangeiros são
parte da solução. Eles garantem a sobrevivência de algumas
das cantinas, como El Salón
Corona, e se queixam de que
falta vida noturna no centro
histórico da cidade, uma vez
que a maior parte dos bares
desse tipo fecha às 23h.
Outros usos
Uma das cantinas visitadas
no tour é La Faena. Ela foi fundada em 1854 para servir como
ponto de encontro da Associação Mexicana de Novilheiros
(toureiro que encara novilhos,
bois novos). Por causa da origem, o lugar é quase um museu
informal da tourada.
Se, no passado, havia filas na
porta, nos anos 1980, a decadência chegou, e funcionários
formaram uma cooperativa para tourear a crise. Uma das soluções encontradas foi alugar a
casa, nos fins de semana, para
festas de música eletrônica.
Daí, numa noite, um DJ faltou a
uma festa. O público, enfurecido, destruiu bar, pinturas e murais. Foi um grande prejuízo.
Outras cantinas se transformaram em restaurantes, caso
da Nuevo León. Mesmo travestida de ambiente familiar, ali
resistem duas das principais
marcas de uma cantina. Quem
as enumera é Feliciano Martínez, funcionário da Nuevo
León: dominó e "botanas" (como são chamados os aperitivos
servidos em cantinas).
Bang bang
Outra cantina visitada é La
Ópera, que virou lenda por ter,
no teto, um buraco de tiro supostamente disparado pelo
bandoleiro Pancho Villa (1887-1923), um dos principais generais da Revolução Mexicana,
iniciada em 1910.
A tequila garante a resistência da El Salón España, que se
converteu em bar especializado
no destilado de agave típico do
México. São 227 rótulos na carta de tequila da casa.
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