São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

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Patrimônio

Tour oficial resgata cantinas mexicanas

TEQUILA! Bares típicos estão fechando as portas na Cidade do México; roteiro visita casas históricas na região central

DA EFE

Portas como de saloons do faroeste separam as cantinas mexicanas da rua. Empurrar uma dessas portas duplas remete imediatamente ao lema caubói: essa cidade é pequena demais para nós dois.
A questão é que a frase tem se aplicado a esse bares. Uma das maiores metrópoles do mundo, a Cidade do México, está ficando pequena demais para eles.
Na tentativa de proteger esse patrimônio histórico da vida botequeira mexicana, as autoridades da capital do país promovem um passeio turístico por alguns desses bares. A intenção é evitar que eles fechem as suas inspiradoras portas -o que aconteceu no dia 2 de janeiro de 2008 com a cantina El Nivel, a mais antiga do país.
Aberta em 1855, era dela a primeira licença de operação desse tipo, de 1872. Frequentaram a El Nivel figuras como Diego Rivera (artista plástico, 1886-1957) e Che Guevara (líder revolucionário, 1928-1967).
Outras míticas casas no centro histórico da cidade também fecharam definitivamente, como La Parroquia, El Cabaret Bombay e La Valenciana.
Estima-se que existam hoje 1.250 cantinas na Cidade do México. Eram 3.000 no começo dos anos 1990. No centro histórico, sobrevivem apenas 65 dos quase 200 estabelecimentos desse tipo que funcionavam 20 anos atrás.
E é o desaparecimento das casas no centro histórico que mais preocupa. Francisco Ibarlucea, guia do tour oficial, explica que, apesar de todos os projetos de recuperação que tomam o centro, "as pessoas pararam de frequentar essa região".
Os turistas estrangeiros são parte da solução. Eles garantem a sobrevivência de algumas das cantinas, como El Salón Corona, e se queixam de que falta vida noturna no centro histórico da cidade, uma vez que a maior parte dos bares desse tipo fecha às 23h.

Outros usos
Uma das cantinas visitadas no tour é La Faena. Ela foi fundada em 1854 para servir como ponto de encontro da Associação Mexicana de Novilheiros (toureiro que encara novilhos, bois novos). Por causa da origem, o lugar é quase um museu informal da tourada.
Se, no passado, havia filas na porta, nos anos 1980, a decadência chegou, e funcionários formaram uma cooperativa para tourear a crise. Uma das soluções encontradas foi alugar a casa, nos fins de semana, para festas de música eletrônica. Daí, numa noite, um DJ faltou a uma festa. O público, enfurecido, destruiu bar, pinturas e murais. Foi um grande prejuízo.
Outras cantinas se transformaram em restaurantes, caso da Nuevo León. Mesmo travestida de ambiente familiar, ali resistem duas das principais marcas de uma cantina. Quem as enumera é Feliciano Martínez, funcionário da Nuevo León: dominó e "botanas" (como são chamados os aperitivos servidos em cantinas).

Bang bang
Outra cantina visitada é La Ópera, que virou lenda por ter, no teto, um buraco de tiro supostamente disparado pelo bandoleiro Pancho Villa (1887-1923), um dos principais generais da Revolução Mexicana, iniciada em 1910.
A tequila garante a resistência da El Salón España, que se converteu em bar especializado no destilado de agave típico do México. São 227 rótulos na carta de tequila da casa.


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