São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2006

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ARGENTINA NATURAL

Monumento feito de mármore homenageia o símbolo nacional, criado em Rosário pelo general Belgrano

Na orla da cidade, bandeira celeste tremula intrépida

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
EM ROSÁRIO (ARGENTINA)

É preciso ser muito distraído mesmo para não notar a sua presença na orla rosarina. Quilos e quilos de mármore travertino, espalhados por uma superfície de 10 mil metros quadrados, resumem o Monumento Histórico à Bandeira Argentina, a construção mais importante e querida da cidade.
Nacionalista é pouco para qualificá-lo. A megaconstrução se divide em torre central, com 75 m e mirante lá no alto; Propileu, um altar onde se presta homenagem aos mortos pela pátria; e Pátio Cívico, que une os dois anteriores. Inaugurado em 1957, tem dezenas de bandeiras azuis e brancas hasteadas nas bordas, em enormes esculturas de candelabros, de gosto um tanto controverso.
Tanta homenagem se deve ao fato de a bandeira argentina ter sido criada bem naquele local, à margem do rio Paraná. Em 1812, o general Manuel Belgrano estava defendendo as terras da incipiente Argentina -que já tinha governo próprio, mas só conseguiria a independência quatro anos depois-, mas notou muito desânimo em seus soldados. Para levantar o moral, Belgrano resolveu criar uma bandeira, que representasse a unidade daquele pedaço de terra por que estavam arriscando suas vidas.
Usando as cores de um distintivo militar -branco e azul-celeste-, confeccionou o estandarte, que, naqueles primórdios, ainda não tinha o Sol, símbolo inca que aparecia na primeira moeda argentina.

Morra de inveja
Cruzando a imensa construção de mármore, o turista dará de cara com a plaza 25 de Mayo. Do lado esquerdo está a catedral de Nossa Senhora do Rosário, cujas diferentes etapas de construção e reformas levaram de 1834 a 1925.
Do lado direito fica o inusitado Museu Municipal de Arte Decorativo Firma e Odilo Estévez (Santa Fé, 748). Os Estévez do nome foram um casal abastado que tinha a mania de comprar tudo o que lhe parecesse caro e raro. As salas de sua mansão na plaza de Mayo eram a vitrine de suas ecléticas e amontoadas coleções -para que os membros também endinheirados da alta sociedade rosarina pudessem observá-las e, é claro, morrer de inveja.
Como tudo foi doado à prefeitura, agora todos os pobres mortais podem olhar de perto aquilo que a fortuna dos Estévez conseguiu adquirir. Lá estão uma cabeça da deusa Vênus em terracota do século 1º a.C., prataria peruana, louças inglesas e espanholas do século 18, vasos chineses da dinastia Ming, leques de todas as partes do mundo, um móvel da época da descoberta da América, peças de jade. O museu todo cheira a antigüidade (e a certa umidade), e os tons fortes de vermelho e rosa dos papéis de parede dão certa sensação claustrofóbica, mas a visita, guiada e simpática, é imperdível -menos para quem tem um nariz mais sensível. (JULIANA DORETTO)

MUSEU DE ARTE DECORATIVO - quinta a domingo, das 16h às 20h. No verão, de sexta a domingo, das 17h às 21h. Grátis.


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