|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARGENTINA NATURAL
Monumento feito de mármore homenageia o símbolo nacional, criado em Rosário pelo general Belgrano
Na orla da cidade, bandeira celeste tremula intrépida
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
EM ROSÁRIO (ARGENTINA)
É preciso ser muito distraído
mesmo para não notar a sua
presença na orla rosarina. Quilos e quilos de mármore travertino, espalhados por uma superfície de 10 mil metros quadrados, resumem o Monumento Histórico à Bandeira Argentina, a construção mais importante e querida da cidade.
Nacionalista é pouco para
qualificá-lo. A megaconstrução
se divide em torre central, com
75 m e mirante lá no alto; Propileu, um altar onde se presta
homenagem aos mortos pela
pátria; e Pátio Cívico, que une
os dois anteriores. Inaugurado
em 1957, tem dezenas de bandeiras azuis e brancas hasteadas nas bordas, em enormes esculturas de candelabros, de
gosto um tanto controverso.
Tanta homenagem se deve ao
fato de a bandeira argentina ter
sido criada bem naquele local, à
margem do rio Paraná. Em
1812, o general Manuel Belgrano estava defendendo as terras
da incipiente Argentina -que
já tinha governo próprio, mas
só conseguiria a independência
quatro anos depois-, mas notou muito desânimo em seus
soldados. Para levantar o moral, Belgrano resolveu criar
uma bandeira, que representasse a unidade daquele pedaço
de terra por que estavam arriscando suas vidas.
Usando as cores de um distintivo militar -branco e azul-celeste-, confeccionou o estandarte, que, naqueles primórdios, ainda não tinha o Sol,
símbolo inca que aparecia na
primeira moeda argentina.
Morra de inveja
Cruzando a imensa construção de mármore, o turista dará
de cara com a plaza 25 de Mayo.
Do lado esquerdo está a catedral de Nossa Senhora do Rosário, cujas diferentes etapas de
construção e reformas levaram
de 1834 a 1925.
Do lado direito fica o inusitado Museu Municipal de Arte
Decorativo Firma e Odilo Estévez (Santa Fé, 748). Os Estévez
do nome foram um casal abastado que tinha a mania de comprar tudo o que lhe parecesse
caro e raro. As salas de sua
mansão na plaza de Mayo eram
a vitrine de suas ecléticas e
amontoadas coleções -para
que os membros também endinheirados da alta sociedade rosarina pudessem observá-las e,
é claro, morrer de inveja.
Como tudo foi doado à prefeitura, agora todos os pobres
mortais podem olhar de perto
aquilo que a fortuna dos Estévez conseguiu adquirir. Lá estão uma cabeça da deusa Vênus
em terracota do século 1º a.C.,
prataria peruana, louças inglesas e espanholas do século 18,
vasos chineses da dinastia
Ming, leques de todas as partes
do mundo, um móvel da época
da descoberta da América, peças de jade. O museu todo cheira a antigüidade (e a certa umidade), e os tons fortes de vermelho e rosa dos papéis de parede dão certa sensação claustrofóbica, mas a visita, guiada e
simpática, é imperdível -menos para quem tem um nariz
mais sensível.
(JULIANA DORETTO)
MUSEU DE ARTE DECORATIVO - quinta a domingo, das 16h às 20h.
No verão, de sexta a domingo, das
17h às 21h. Grátis.
Texto Anterior: Em Rosário, boemia se espalha pelo rio Paraná Próximo Texto: Passeio por calçadão vira degustação de guloseimas Índice
|