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ROTA ALÉM TEJO
Também rumo ao norte, Arraiolos atrai pelo artesanato em madeira e Vila Viçosa pela gastronomia
Ossos de religiosos encimam colunas da capela de Évora
DA ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL
A cidade de Évora é a primeira
(e impreterível) parada em direção ao norte alentejano, pela rodovia IP-2. Considerada patrimônio da humanidade pela Unesco
desde 1986, a cidade é tomada por
turistas principalmente em agosto, o píncaro da alta temporada
do turismo europeu.
E não é à toa que atrai multidões. Em cada esquina do centro
histórico de Évora, há algum edifício histórico ou alguma igreja
que deve ser conhecida. Sem falar
das iscas para turistas, sempre irresistíveis, como peças de cerâmica típicas do Alentejo, além de
bolsas de cortiça e de couro milimetricamente trabalhadas.
As atrações começam com a
história de Évora, nas ruínas do
templo romano. No local, muitas
vezes atribuído ao culto da deusa
da caça, Diana, estudiosos dizem
ter havido um fórum para a adoração do imperador. As colunas
coríntias que ainda se encontram
de pé ficavam no fundo e nas laterais do templo, pois da fachada
não sobrou muita coisa dos tempos de Liberalitas Julia, título que
Évora recebeu de César Augusto,
por ter sido fiel ao império.
Diante das ruínas romanas, está
o convento de Lóios, do século 16,
que hoje é sede de uma pousada.
Todas as igrejas conduzem a histórias e pormenores fascinantes,
mas é difícil que alguma delas seja
mais impressionante do que a da
capela dos Ossos, na igreja de São
Francisco. Construída no século
17 para deixar clara a mensagem
que encima sua porta de entrada,
"Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos", a capela é
constituída por ossos de, estima-se, cerca de 5.000 religiosos retirados de cemitérios. São colunas de
crânios, revestimentos feitos de
rádios, tíbias, fêmures e, no teto,
afrescos que repetem o tema, enquanto gravações emitem poemas que também fazem questão
de lembrar os homens da transitoriedade da vida -e da incrível
permanência dos ossos.
Arraiolos
A noroeste de Évora, a cidade
dos famosos tapetes é também
uma pequena aula de artesanato
do Alentejo. Sem muitos recursos
para decorar seus móveis e casas,
os locais, há muito tempo, começaram a pintar a madeira. E a tradição manteve-se de pai para filho. Nas pequenas lojas, pode-se
encontrar um pouco de tudo em
madeira pintada com florzinhas.
Os tapetes são herança dos árabes, e os mais antigos foram feitos
no século 17, com motivos próximos aos dos tapetes persas, sem
figuração. No fim do século 18, a
história já era outra, com cores
que refletiam o momento de exuberância vivida. No século 19, foi a
vez de se aproximarem do povo,
com desenhos ligados à terra e cores quentes e vivas.
A leste de Arraiolos, Vila Viçosa
acolhe com bons vinhos, comida
farta e prédios históricos.
(AM)
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