São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ROTA ALÉM TEJO

Também rumo ao norte, Arraiolos atrai pelo artesanato em madeira e Vila Viçosa pela gastronomia

Ossos de religiosos encimam colunas da capela de Évora

DA ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL

A cidade de Évora é a primeira (e impreterível) parada em direção ao norte alentejano, pela rodovia IP-2. Considerada patrimônio da humanidade pela Unesco desde 1986, a cidade é tomada por turistas principalmente em agosto, o píncaro da alta temporada do turismo europeu.
E não é à toa que atrai multidões. Em cada esquina do centro histórico de Évora, há algum edifício histórico ou alguma igreja que deve ser conhecida. Sem falar das iscas para turistas, sempre irresistíveis, como peças de cerâmica típicas do Alentejo, além de bolsas de cortiça e de couro milimetricamente trabalhadas.
As atrações começam com a história de Évora, nas ruínas do templo romano. No local, muitas vezes atribuído ao culto da deusa da caça, Diana, estudiosos dizem ter havido um fórum para a adoração do imperador. As colunas coríntias que ainda se encontram de pé ficavam no fundo e nas laterais do templo, pois da fachada não sobrou muita coisa dos tempos de Liberalitas Julia, título que Évora recebeu de César Augusto, por ter sido fiel ao império.
Diante das ruínas romanas, está o convento de Lóios, do século 16, que hoje é sede de uma pousada. Todas as igrejas conduzem a histórias e pormenores fascinantes, mas é difícil que alguma delas seja mais impressionante do que a da capela dos Ossos, na igreja de São Francisco. Construída no século 17 para deixar clara a mensagem que encima sua porta de entrada, "Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos", a capela é constituída por ossos de, estima-se, cerca de 5.000 religiosos retirados de cemitérios. São colunas de crânios, revestimentos feitos de rádios, tíbias, fêmures e, no teto, afrescos que repetem o tema, enquanto gravações emitem poemas que também fazem questão de lembrar os homens da transitoriedade da vida -e da incrível permanência dos ossos.

Arraiolos
A noroeste de Évora, a cidade dos famosos tapetes é também uma pequena aula de artesanato do Alentejo. Sem muitos recursos para decorar seus móveis e casas, os locais, há muito tempo, começaram a pintar a madeira. E a tradição manteve-se de pai para filho. Nas pequenas lojas, pode-se encontrar um pouco de tudo em madeira pintada com florzinhas.
Os tapetes são herança dos árabes, e os mais antigos foram feitos no século 17, com motivos próximos aos dos tapetes persas, sem figuração. No fim do século 18, a história já era outra, com cores que refletiam o momento de exuberância vivida. No século 19, foi a vez de se aproximarem do povo, com desenhos ligados à terra e cores quentes e vivas.
A leste de Arraiolos, Vila Viçosa acolhe com bons vinhos, comida farta e prédios históricos. (AM)


Texto Anterior: Rota além tejo: Castelos contemplam histórias de povos
Próximo Texto: Rota além tejo: Paisagem do norte cede espaço à garoa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.