São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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EVOÉ, BACO!

Valpolicella é berço dos vinhos passificados

Em vila na região foram achadas 7.288 garrafas de recioto safra 1928, que podem valer 17 mil cada

DO ENVIADO ESPECIAL À ITÁLIA

Entre os vinhos que são estrelas do evento Vin'Italy (www.vinitaly.com.it), a segunda feira do gênero no mundo, depois da Vinexpo, de Bordeaux, está o recioto della valpolicella, também chamado de amarone.
A Vin'Italy, cuja 42ª edição acontece de 3 a 7 de abril de 2008, no entorno de Verona, não se limita, no entanto, a esse clássico da região da vitivinícola da Valpolicella, que tem entre seus produtores célebres as caves Serégo Alighieri, Bertani, Masi, Dal Forno, Brunelli, Degani e outras.
Mas, quando se fala de amarone ou de recioto della valpolicella, logo vem à mente de quem aprecia vinhos a elegante Villa Novare, fundada em 1857 e comprada em 1957 pela Bertani -hoje, a empresa é controlada pela família Pedrón.
A 15 km de Verona, a vila é tida como a mais bela residência aristocrática dessa zona de tintos clássicos. Cercada por 62 hectares de vinhedos bem abrigados dos ventos frios que sopram do norte -e, eventualmente, trazem granizo-, essa localidade produz uvas das varietais corvina, rondinella, molinaro, corvinone.
A vila de fachada oitocentesca é adornada por estátuas alusivas à colheita e o interior do salão principal é coberto por afrescos de aparência tridimensional. No entorno dessa propriedade, onde a Bertani tem outros vinhedos, há muitas oliveiras e bosques nativos que ainda servem de habitat para raposas, pica-paus, esquilos, serpentes e faisões.
No interior da Villa Novare, um mapa aquarelado de 1599 mostra a propriedade e a região em detalhe, apontando a localização das seis grandes minas de água da área, posto que a água tem importância central nas lidas do mundo agrícola.
Numa área de engarrafamento da Bertani foram descobertas 7.288 garrafas de recioto safra 1928, feitos de uva corvina passificada (ou passa), emparedadas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), prova de que esses vinhos se conservam excepcionalmente.
E, se hoje uma garrafa de amarone/recioto contemporânea vale, em média, cerca de 100 (ou R$ 260), essas garrafas históricas alcançam no mercado o preço de 17 mil (R$ 44.200) cada uma.

Odisséia
Mas muito antes disso, nos anos 1700 e 1800, essa sede teve grande importância cultural, reunindo poetas, políticos e intelectuais: foi lá que, recepcionado pela condessa Elisa Mosconi, Ippolito Pindemonte traduziu a "Odisséia", do grego Homero, para o italiano. (SC)


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