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EVOÉ, BACO!
Valpolicella é berço dos vinhos passificados
Em vila na região foram achadas 7.288 garrafas de recioto safra 1928, que podem valer 17 mil cada
DO ENVIADO ESPECIAL À ITÁLIA
Entre os vinhos que são estrelas do evento Vin'Italy
(www.vinitaly.com.it), a segunda feira do gênero no mundo, depois da Vinexpo, de Bordeaux, está o recioto della valpolicella, também chamado de
amarone.
A Vin'Italy, cuja 42ª edição
acontece de 3 a 7 de abril de
2008, no entorno de Verona,
não se limita, no entanto, a esse
clássico da região da vitivinícola da Valpolicella, que tem entre seus produtores célebres as
caves Serégo Alighieri, Bertani,
Masi, Dal Forno, Brunelli, Degani e outras.
Mas, quando se fala de amarone ou de recioto della valpolicella, logo vem à mente de
quem aprecia vinhos a elegante
Villa Novare, fundada em 1857
e comprada em 1957 pela Bertani -hoje, a empresa é controlada pela família Pedrón.
A 15 km de Verona, a vila é tida como a mais bela residência
aristocrática dessa zona de tintos clássicos. Cercada por 62
hectares de vinhedos bem abrigados dos ventos frios que sopram do norte -e, eventualmente, trazem granizo-, essa
localidade produz uvas das varietais corvina, rondinella, molinaro, corvinone.
A vila de fachada oitocentesca é adornada por estátuas alusivas à colheita e o interior do
salão principal é coberto por
afrescos de aparência tridimensional. No entorno dessa
propriedade, onde a Bertani
tem outros vinhedos, há muitas oliveiras e bosques nativos
que ainda servem de habitat
para raposas, pica-paus, esquilos, serpentes e faisões.
No interior da Villa Novare,
um mapa aquarelado de 1599
mostra a propriedade e a região
em detalhe, apontando a localização das seis grandes minas
de água da área, posto que a
água tem importância central
nas lidas do mundo agrícola.
Numa área de engarrafamento da Bertani foram descobertas 7.288 garrafas de recioto
safra 1928, feitos de uva corvina passificada (ou passa), emparedadas durante a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945),
prova de que esses vinhos se
conservam excepcionalmente.
E, se hoje uma garrafa de
amarone/recioto contemporânea vale, em média, cerca de
100 (ou R$ 260), essas garrafas
históricas alcançam no mercado o preço de 17 mil (R$
44.200) cada uma.
Odisséia
Mas muito antes disso, nos
anos 1700 e 1800, essa sede teve
grande importância cultural,
reunindo poetas, políticos e intelectuais: foi lá que, recepcionado pela condessa Elisa Mosconi, Ippolito Pindemonte traduziu a "Odisséia", do grego
Homero, para o italiano.
(SC)
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