São Paulo, quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

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VISÕES HÚNGARAS

Romântica, capital do país ocupa as margens do rio com rica arquitetura e concertos quase diários

Danúbio embala visitante em Budapeste

Chiaki Karen Tada
Rio Danúbio com vista da ponte Széchenyi e do Palácio Real iluminado, ao fundo


CHIAKI KAREN TADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BUDAPESTE (HUNGRIA)

O rio Danúbio, azul como sugere o título de uma música, corre tranqüilo como numa valsa, marcando a geografia da capital da Hungria. Suas águas cortam Budapeste em dois pelo nome: a histórica Buda, na margem oeste, é um sobe-e-desce de ruas arborizadas fazendo sombra sobre belas residências. Peste, que sempre foi mais burguesa, do outro lado, é uma planície por onde se espalham animadas ruas comerciais, parques e teatros.
O conjunto, conectado por nove pontes, forma uma cidade de arquitetura harmoniosa, barroca e principalmente art nouveau. A aparente sobriedade do país, que passou por inúmeras batalhas contra mongóis, turcos e austríacos e que, mais recentemente, deixou quatro décadas de regime comunista há menos de 20 anos, em 1989, é desfeita após o primeiro passeio. Budapeste revela-se uma cidade muito romântica.
Os prédios são caracterizados por telhas coloridas e adornos nas portas e janelas, que forçam a caminhada a um ritmo mais lento. E nem dá para dizer que o passeio cansa. O visitante não deixa de se surpreender, a cada esquina virada, com mais um prédio que, mesmo sendo parecido com outros tantos, tem detalhes que o tornam distinto. Ou com os coloridos murais que cobrem fachadas com um toque de humor.
Também há muitas praças, e é provável que só não haja mais praças do que esculturas e monumentos. Nas áreas verdes e mesmo no meio das calçadas há estátuas que centralizam a atenção, homenageando temas, como o teatro, ou personalidades, como heróis e músicos. Algumas esculturas são mais sérias, como a de Franz Liszt, na praça que leva seu nome. Mas também há as bem-humoradas, como a da caveira, nos arredores da praça Jókai Tér, que, numa reversão da famosa cena de "Hamlet", contempla em suas mãos esqueléticas a cabeça de um homem; outras, como uma das estátuas eqüestres do Palácio Real, emanam movimento e ação.
Dois milhões dos 10 milhões de húngaros vivem na capital. A maioria é católica, e não é para menos: a Hungria foi reconhecida como Estado quando Estevão foi coroado rei cristão sob os auspícios de Roma, numa noite de Natal do ano 1000. O rei depois virou santo, e a basílica que leva seu nome é uma das atrações de Peste.
Os húngaros são descendentes das tribos magiar, nômades que vieram do oeste da Sibéria por volta do século 9º. Mas muito do que se vê pelas ruas -o Parlamento, a bela igreja Matias, os bulevares- são da época do império austro-húngaro (1867-1918), uma monarquia dupla que surgiu graças à teimosa resistência dos húngaros e à falta de força dos austríacos de mantê-los sob controle na época. Foi nesse período, em 1873, que as vilas de Buda, Óbuda ("velha Buda", ao norte) e Peste foram unificadas para formar a capital, e a Hungria floresceu culturalmente.
Quando for a Budapeste, não esqueça o maiô. As famosas águas dos banhos termais da capital são abrigadas por belíssimas construções. Valem um momento de mergulho para relaxar.
A cidade tem ainda um farto cenário musical que embala o Danúbio, com concertos quase diários de música erudita e apresentações concorridas de ópera.Todos os anos, o Festival de Primavera de Budapeste (www.festivalcity.hu) leva mais música à capital, além de teatro, filmes e eventos a céu aberto. Neste ano, de 17 de março a 2 de abril, haverá homenagens a Mozart.


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