São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2006

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FRANCOFONIA CANADENSE

Alunos estrangeiros rendem US$ 4,3 bi por ano ao país, que, pela ameaça de ver população diminuir, acolhe os que decidem permanecer

Em 2005, 11 mil brasileiros tiveram aulas no Canadá

DO ENVIADO ESPECIAL AO CANADÁ

Há uma presença importante de estudantes brasileiros no sistema de ensino canadense. A estimativa de 2005 -os dados finais não estão ainda disponíveis- é a de que cerca de mil tenham se matriculado nas universidades, e outros 10 mil tenham permanecido menos de seis meses para cursos de inglês ou francês.
Em termos de estudos universitários, para graduação, mestrado ou doutorado, os brasileiros ocupavam em 2004 a modesta décima posição. Eram 750, contra 12,3 mil sul-coreanos, 6.900 chineses, 4.800 japoneses e 3.800 norte-americanos (nacionalidades que encabeçavam a lista).
O Canadá não é discreto ou low-profile como país que acolhe estudantes estrangeiros. Muito pelo contrário, faz questão de dar muita publicidade a isso. Em conferência no mês passado em Montréal, altos funcionários do setor deram para tanto duas razões:
1 - Cada estudante estrangeiro, em universidades, paga em média uma anuidade de 11.903 dólares canadenses (US$ 10.173). Somadas as despesas com alojamento e alimentação e contando com os que chegam para estudar idiomas, isso acabou virando uma "indústria", com a qual a economia local obtém o equivalente a US$ 4,3 bilhões por ano.
2 - Uma pequena parcela dos formados opta por permanecer no Canadá como imigrante. O país, com uma baixa taxa de fertilidade, que o ameaça de declínio demográfico, obviamente acolhe esses estrangeiros de braços abertos (apesar do previsível suadouro burocrático), sobretudo por se tratar de uma mão-de-obra altamente qualificada.
A confluência desses dois fatores explica o fato de seis das dez Províncias canadenses terem políticas agressivas para atrair estudantes estrangeiros.
Eles pagam pelo custo real do ensino e não são subsidiados, como ocorre com os estudantes canadenses (em média US$ 2 mil por ano). Mas a regra tem muitíssimas exceções. Os estudantes franceses recebem o mesmo tratamento que os estudantes locais.
Entre os brasileiros, alunos da USP e da UFRJ podem estudar de graça, desde que suas matrículas sejam encaminhadas pelos responsáveis, nessas universidades, dos programas de intercâmbio da francofonia.
Ao todo, o Canadá registra 140 mil estrangeiros em suas universidades. Há, também, os 235 mil que ficam menos de seis meses -em geral, nove semanas- para o estudo de um dos dois idiomas oficiais. (JOÃO BATISTA NATALI)


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