|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOBRE RODAS
Enquanto países do exterior buscam sistemas que possam integrar informações e prever acidentes, Brasil ainda instala câmeras, telefones e pedágios
Rodovias brasileiras estão longe da "inteligência"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nada mal se, às vésperas de um
feriado prolongado, você pudesse
rumar para a praia sem se preocupar com congestionamentos e dinheiro para o pedágio. Na verdade, nem no volante seria necessário tocar. O carro se autodirigiria,
escolhendo a melhor rota para a
viagem, com a ajuda das informações enviadas para o seu celular
pela administradora da rodovia.
Essas rodovias inteligentes não
serão visíveis nesta década, em
nenhum lugar do mundo, mas
seus elementos básicos começam
a despontar, até mesmo no Brasil.
Um dos mais comuns é o monitoramento das vias por câmeras.
A SP-123, que dá acesso a Campos
do Jordão, acaba de receber mais
duas, em virtude do começo da
temporada turística na região serrana. Contudo, o par de câmeras
se junta à solitária máquina que
até então guardava toda a estrada.
Essa escassez não é exclusiva da
SP-123: em 18 mil quilômetros de
rodovias geridas pelo Departamento de Estradas de Rodagem
de São Paulo, há somente 22 câmeras (as imagens estão disponíveis no site www.der.sp.gov.br).
"A meta é ampliar o número para
200, até o final de 2006", informa
José Luis Moreira, 52, coordenador de operações do DER-SP.
Já os túneis da pista descendente da rodovia dos Imigrantes, geridos pela concessionária Ecovias,
são monitorados em toda a sua
extensão e, caso algum acidente
seja detectado, o sistema pode
baixar cancelas automaticamente, fechando o acesso ao trecho.
Outro item que já se tornou rotineiro ao longo das rodovias é o
"call box", que abriga telefones ligados diretamente a centrais de
atendimento. As 36 concessionárias em operação no país instalaram, só no ano passado, 425 cabines. Outras disponibilizam linhas
telefônicas para ligação gratuita
(os chamados 0800), pelas quais
os usuários pedem ajuda ou se informam sobre o tráfego.
Sobretudo nas estradas geridas
por empresas privadas surgem
painéis de mensagem, contadores
de tráfego, estações meteorológicas e pedágios eletrônicos (em sua
maioria pós-pagos, mas há casos
em que o motorista usa um cartão, para o qual compra "créditos", como na BR-40, desenvolvido pela empresa carioca QSi -
Qualidade em Sistemas de Informação).
O que falta, então, para as rodovias serem de fato "inteligentes"?
O pulo do gato é "processar informações de forma integrada,
buscando dados do passado, associando com os do presente e fazendo ações preventivas", explica
Ailton Queiroga, 47, diretor-presidente da Compsis, uma das empresas brasileiras, como a QSi e a
paulistana Tesc, que desenvolvem
softwares de gerenciamento para
cobrança de pedágio e de integração de câmeras e de "call boxes",
entre outros.
"É um conceito em implantação
no mundo inteiro. Não há nenhum sistema capaz de integrar
todas as informações. No Brasil,
estamos na fase de instalação de
equipamentos e de subsistemas,
enquanto que a Europa e os EUA
estão à frente na integração dos
dados", acrescenta Queiroga.
Além do atraso tecnológico, a
falta de uma política governamental que regule o processo pode ser um empecilho para o desenvolvimento das rodovias inteligentes brasileiras.
Os sistemas de cada concessionária podem não ser compatíveis
uns com os outros, o que impedirá que os dados de duas rodovias
que cheguem à mesma cidade sejam confrontados entre si e com o
tráfego daquele município.
Além disso, sem ações governamentais, a iniciativa privada não
tem estímulos para produzir tecnologias de integração. "É preciso
haver uma política que oriente o
investimento. Uma empresa não
vai se lançar em um produto se
não sabe se ele será de fato utilizado", diz Queiroga. "Infelizmente,
algumas concessionárias só se
modernizarão se forem obrigadas."
(JULIANA DORETTO)
Texto Anterior: Atibaia: Cidade celebra 340º aniversário com show Próximo Texto: Espanha: Turismo internacional cresce 5,1% no país Índice
|