São Paulo, quinta-feira, 23 de julho de 2009

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ARTE PELA PROA

Arsenale e Fortuny têm trabalhos de brasileiros

Renata Lucas, Cildo Meireles e Sara Ramo estão na mostra oficial; já Vick Muniz tem obra em museu

DO ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Além de Delson Uchôa e Luiz Braga, que estão no pavilhão brasileiro, outros artistas do país participam da 53 ª Bienal de Veneza com obras expostas no Arsenale. A mais impactante delas -uma instalação de 2004, com fios de ouro, intitulada "Ttéia"- é a da artista Lygia Pape (1927-2004), ligada ao neoconcretismo, que recebeu uma menção especial do júri. Mas são também interessantes as obras de Cildo Meireles, Renata Lucas e Sara Ramo.
O carioca Meireles, 61, que vem do universo da arte conceitual e é um dos artistas brasileiros mais respeitados no circuito internacional, montou um ambiente formado por uma sequência de salas coloridas, que o visitante deve atravessar. Em cada uma delas há uma tela de TV que reproduz as cores utilizadas em cada compartimento.
Renata Lucas, 38, imaginou vários projetos, mas acabou montando nos Giardini e no Arsenale uma via asfaltada que aparece sob o piso original -como se alguém que escavasse Veneza pudesse encontrar sob o solo uma insólita estrada moderna.
Sara Ramo, 34, de origem espanhola, além de um vídeo no interior do prédio do Arsenale, montou uma casa na sua área externa, inspirada no universo da clássica história infantil de João e Maria.
Outro brasileiro presente em Veneza, mas no circuito paralelo à Bienal, é o fotógrafo Vick Muniz. Ele tem uma de suas obras no museu Fortuny.
Tanto o lugar como a mostra que ali se montou são extraordinários. O Fortuny é um "palazzo" gótico que pertenceu à família Pesaro e foi comprado por Mariano Fortuny para ser utilizado como residência e ateliê para várias atividades, da fotografia e pintura à criação de tecidos e luminárias, na passagem do século 19 ao 20.
Mariano tem o mesmo nome do pai, que foi um importante pintor espanhol. Sua viúva doou a edificação à cidade de Veneza em 1956.
A mostra, intitulada "In-finitum" é uma viagem por um mundo de revelações, reflexões, introspecção e entusiasmo estético. Não é uma exposição do tipo parede branca, iluminação moderna e etiqueta com nome da obra ao lado, como o público de arte habituou-se a ver.
A montagem é surpreendente. Telas, vídeos e esculturas se sucedem nos quatro pisos do lugar, reunindo artistas modernos e contemporâneos, muitos deles grandes nomes da história da arte, como Picasso, Calder, Cézanne, Fontana, Morandi e De Chirico. Além disso, o visitante tem uma vista da cidade, em 360 graus, no andar superior.

Yoko tem mostra
Também Yoko Ono, a eterna viúva Lennon, participa de uma mostra paralela em Veneza. A exposição, que vai até o dia 20 de setembro -no "Palazzeto Tito"- foi concebida especialmente para o lugar e reúne trabalhos antigos da artista, em vídeos, sons e esculturas.
Yoko Ono, que foi ligada ao movimento "fluxus", recebeu um prêmio especial na abertura da Bienal, no início de junho.
(MARCOS AUGUSTO GONÇALVES)


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