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ARTE PELA PROA
Arsenale e Fortuny têm trabalhos de brasileiros
Renata Lucas, Cildo Meireles e Sara Ramo estão na mostra oficial; já Vick Muniz tem obra em museu
DO ENVIADO ESPECIAL A VENEZA
Além de Delson Uchôa e Luiz
Braga, que estão no pavilhão brasileiro, outros artistas do país participam da 53 ª Bienal de Veneza
com obras expostas no Arsenale. A mais impactante delas
-uma instalação de 2004, com
fios de ouro, intitulada
"Ttéia"- é a da artista Lygia
Pape (1927-2004), ligada ao
neoconcretismo, que recebeu
uma menção especial do júri.
Mas são também interessantes
as obras de Cildo Meireles, Renata Lucas e Sara Ramo.
O carioca Meireles, 61, que
vem do universo da arte conceitual e é um dos artistas brasileiros mais respeitados no circuito internacional, montou um
ambiente formado por uma sequência de salas coloridas, que
o visitante deve atravessar. Em
cada uma delas há uma tela de
TV que reproduz as cores utilizadas em cada compartimento.
Renata Lucas, 38, imaginou
vários projetos, mas acabou
montando nos Giardini e no
Arsenale uma via asfaltada que
aparece sob o piso original
-como se alguém que escavasse Veneza pudesse encontrar
sob o solo uma insólita estrada
moderna.
Sara Ramo, 34, de origem espanhola, além de um vídeo no
interior do prédio do Arsenale,
montou uma casa na sua área
externa, inspirada no universo
da clássica história infantil de
João e Maria.
Outro brasileiro presente em
Veneza, mas no circuito paralelo à Bienal, é o fotógrafo Vick
Muniz. Ele tem uma de suas
obras no museu Fortuny.
Tanto o lugar como a mostra
que ali se montou são extraordinários. O Fortuny é um "palazzo" gótico que pertenceu à
família Pesaro e foi comprado
por Mariano Fortuny para ser
utilizado como residência e
ateliê para várias atividades, da
fotografia e pintura à criação de
tecidos e luminárias, na passagem do século 19 ao 20.
Mariano tem o mesmo nome
do pai, que foi um importante
pintor espanhol. Sua viúva
doou a edificação à cidade de
Veneza em 1956.
A mostra, intitulada "In-finitum" é uma viagem por um
mundo de revelações, reflexões, introspecção e entusiasmo estético. Não é uma exposição do tipo parede branca, iluminação moderna e etiqueta
com nome da obra ao lado, como o público de arte habituou-se a ver.
A montagem é surpreendente. Telas, vídeos e esculturas se
sucedem nos quatro pisos do
lugar, reunindo artistas modernos e contemporâneos, muitos
deles grandes nomes da história da arte, como Picasso, Calder, Cézanne, Fontana, Morandi e De Chirico. Além disso, o
visitante tem uma vista da cidade, em 360 graus, no andar superior.
Yoko tem mostra
Também Yoko Ono, a eterna
viúva Lennon, participa de uma
mostra paralela em Veneza. A
exposição, que vai até o dia 20
de setembro -no "Palazzeto
Tito"- foi concebida especialmente para o lugar e reúne trabalhos antigos da artista, em vídeos, sons e esculturas.
Yoko Ono, que foi ligada ao
movimento "fluxus", recebeu
um prêmio especial na abertura da Bienal, no início de junho.
(MARCOS AUGUSTO GONÇALVES)
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