São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

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ÍNDIA MULTIFACE

Caos nas ruas, com buzinaço e vacas circulando, destoa de belos monumentos do séc. 17

Contraste dá o tom em Nova Déli

Jayanta Shaw - 17.mar.2000/Reuters
Silhueta do Taj Mahal ao pôr-do-sol, em Agra


FRED ECKSCHMIDT
NA ÍNDIA

Ao desembarcar em Nova Déli, a capital da Índia, é impossível não sofrer, por alguns dias, um imenso choque cultural. Tudo é completamente diferente. É inevitável não perceber o contraste entre os dois mundos, "a nova e a velha Déli", a paisagem deslumbrante e a extrema pobreza.
O lado desenvolvido e organizado fica na parte moderna de Nova Déli, impulsionada pela colonização inglesa, que, além de contar com avenidas largas e arborizadas, abriga o maior centro econômico e administrativo do país. Na Velha Déli, bairro afastado do centro, existe outro cenário, com ruas estreitas e bazares típicos e coloridos, além de muitas vacas circulando entre as pessoas.
A cidade velha foi transformada em capital da Índia muçulmana pela dinastia Mughal no século 17 e assim permaneceu até o fim do século 19 (leia mais na pág. F4). Nesse lado há incríveis monumentos e mesquitas para serem visitados, embora os taxistas não gostem de andar na região, devido ao trânsito carregado.
O engarrafamento é agravado pela circulação de vacas velhas, abandonadas pelos donos quando param de dar leite, e de veículos antigos, como lambretas, bicicletas, riquixás e carroças puxadas por camelos. Além disso, só há semáforos no centro da capital: os motoristas driblam sua falta usando a buzina aleatoriamente. A traseira dos veículos costuma ter a frase: "Buzine, por favor".
Para se locomover em meio a essa balbúrdia, utilize o serviço de auto-riquixás ou táxis, porque são mais baratos. E negocie o preço.
Tais meios de transporte podem transportá-lo aos pontos turísticos da região, como o Qutab Minar, no qual vale a pena passar algumas horas. Trata-se de um belo monumento islâmico construído em 1193, cujos jardins servem como um ótimo cenário para o visitante tomar um lanche.
O mosteiro Jama Masjid é o maior da Índia. Começou a ser construído em 1644 e foi concluído pelo xá Jahan, da dinastia Mughal, que também construiu o Taj Mahal, em Agra.
Não deixe de ver o Jantar Mantar, edificações do século 18 parecidas com um observatório e onde há um bonito relógio de sol. Sua arquitetura remete um pouco ao arquiteto catalão Antoní Gaudí ou a algum filme da série "Guerra nas Estrelas", contrastando modernidade e tradição. Ainda não podem passar despercebidos o túmulo de Humayun, também com arquitetura típica da dinastia Mughal, a Galeria Nacional de Arte Moderna e o Raj Gat, memorial para Mahatma Gandhi.
No centro de Nova Déli, é importante ver o Portal da Índia (India Gate), o Parlamento, as embaixadas e o Conanaught Place, que é o centro comercial, com várias lojas e muitos restaurantes.

População
No Portal da Índia existe um parque muito agradável para descansar. A forte sensação de estar num país diferente se acentua nesse local, onde é interessante dedicar algum tempo a observar a população exótica, vestindo acessórios como turbantes e saris (veste feminina) multicoloridos.
Não se preocupe em olhá-los, pois, da mesma forma que eles parecem estranhos aos ocidentais, estes são igualmente diferentes para os indianos. Não é raro que alguém lhe peça para tirar uma foto ao seu lado.
Embora o vestuário e o estilo dos indianos sejam curiosos aos olhos do ocidental, a pobreza extrema da população incomoda em praticamente todos os lugares. E o choque ainda tem um significado maior quando o turista sai de um lugar deslumbrante e encontra nas ruas milhares de pessoas na miséria absoluta.
Também é desagradável correr o risco de tropeçar em mictórios a céu aberto. Isso quando não se esbarra em alguém fazendo suas necessidades na rua mesmo.
Há muitos anos a questão das castas não é mais oficial na Índia, mas isso não quer dizer que as classes sociais se misturem.
Os casamento ainda são arranjados pelas famílias. O hábito está mudando, mas apenas para pessoas privilegiadas, principalmente os estudantes universitários.
Nesse país aprende-se o real significado da palavra diversidade. Lá se falam 25 idiomas oficiais e mais de 2.500 dialetos, porém, em cidades maiores, o inglês pode ser usado sem muita dificuldade.
A melhor época para visitar Nova Déli é entre os meses de novembro e abril, quando a temperatura é mais amena. De abril a agosto é muito quente e logo depois já começa a época das chuvas, que dura até outubro.



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