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SOBE-E-DESCE
Crise obriga turista a brecar os planos e repensar viagens
Turbulência global muda o planejamento das férias, mas não deve fazer pessoas pararem de viajar
Caio Guatelli - 13.jun.2008/Folha Imagem
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Avião se prepara para aterrissar no aeroporto de Congonhas
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi bem quando o fim do ano
ia chegando, as férias e o décimo terceiro salário despontando no horizonte, que a crise
econômica global, que vinha
dando sinais desde meados
deste ano, eclodiu.
Com ela, o dólar subiu, desceu um pouco, subiu e colocou
as barbas dos viajantes de molho. Quem já tinha comprado
um pacote para o exterior começou a refazer as contas de
quanto dinheiro poderá gastar
-e de qual é a melhor maneira
de levar a moeda para a viagem.
Quem ainda não tinha comprado parou para repensar. E
quem já tinha ido amargou a
surpresa da fatura de cartão de
crédito com a nova cotação da
moeda norte-americana.
Mas, se o céu não é mais de
brigadeiro, tampouco há motivo para pânico. "A experiência
nos ensinou que o turismo é resiliente. A necessidade de viajar, de tirar férias, é forte demais em nossas sociedades
pós-industriais", disse Francesco Frangialli, secretário-geral da Organização Mundial do
Turismo, órgão ligado à ONU.
Ele aponta para a tendência
de o turista continuar viajando,
mas reduzir os gastos. "Norte-americanos e europeus estão
gastando menos, reduzindo
gastos com restaurantes, entretenimento e transporte."
Patamar
No setor do turismo, a estimativa é que o dólar se estabilize em um novo patamar, que fica entre R$ 2 e R$ 2,20.
Para contornar a alta, há medidas menos drásticas do que
cancelar a viagem. Roberto Caldeira, na Experimento Intercâmbios, estima que 20% das
pessoas que fariam um curso
no exterior vão agora optar por
programas que combinem ensino com trabalho, para amenizar os gastos.
Quem planejava uma viagem
aos EUA não precisa perder o
ânimo. O país, que vê o mercado de turismo doméstico minguar com os impactos real e psicológico da crise, deve fazer
promoções para atrair o turista
internacional.
"Acredito que é uma ótima
oportunidade de facilitar a
emissão dos vistos de entrada
nos Estados Unidos, já que o
fluxo de turistas para lá pode
ser uma boa forma de atenuar
as perdas da balança comercial", diz Janyck Daudet, diretor da rede Club Med para
América Latina.
Que crise?
Alguns setores se abalam
muito pouco com a alta do dólar. "Foi pesquisado com operadores de esqui, e a resposta
foi que, quando o dólar estava a
R$ 3,50, eles já tinham a temporada lotada", diz Ricardo Roman, presidente da Interamerican Travel Industry Network.
"Eles não estão preocupados
com a alta do dólar, esse passageiro tem um alto poder aquisitivo." Cynthia Rodrigues, diretora da Interep, faz coro.
"Quem esquia está com a viagem marcada, e nada impedirá
o amante do esporte de viajar".
Na outra ponta, os nove profissionais do setor de viagens
ouvidos pela Folha (veja quadro ao lado) concordam que o
setor que mais sofrerá impacto
é o das viagens internacionais
populares, que sentem o peso
do aéreo calculado em dólar.
Confira, nas próximas páginas, a opinião desses profissionais para diversos setores do
turismo.
(SILVIO CIOFFI, HELOISA LUPINACCI, PRISCILA PASTRE-ROSSI E
MARINA DELLA VALLE)
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