São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Próximo Texto | Índice

SOBE-E-DESCE

Crise obriga turista a brecar os planos e repensar viagens

Turbulência global muda o planejamento das férias, mas não deve fazer pessoas pararem de viajar

Caio Guatelli - 13.jun.2008/Folha Imagem
Avião se prepara para aterrissar no aeroporto de Congonhas

DA REPORTAGEM LOCAL

Foi bem quando o fim do ano ia chegando, as férias e o décimo terceiro salário despontando no horizonte, que a crise econômica global, que vinha dando sinais desde meados deste ano, eclodiu.
Com ela, o dólar subiu, desceu um pouco, subiu e colocou as barbas dos viajantes de molho. Quem já tinha comprado um pacote para o exterior começou a refazer as contas de quanto dinheiro poderá gastar -e de qual é a melhor maneira de levar a moeda para a viagem.
Quem ainda não tinha comprado parou para repensar. E quem já tinha ido amargou a surpresa da fatura de cartão de crédito com a nova cotação da moeda norte-americana.
Mas, se o céu não é mais de brigadeiro, tampouco há motivo para pânico. "A experiência nos ensinou que o turismo é resiliente. A necessidade de viajar, de tirar férias, é forte demais em nossas sociedades pós-industriais", disse Francesco Frangialli, secretário-geral da Organização Mundial do Turismo, órgão ligado à ONU.
Ele aponta para a tendência de o turista continuar viajando, mas reduzir os gastos. "Norte-americanos e europeus estão gastando menos, reduzindo gastos com restaurantes, entretenimento e transporte."

Patamar
No setor do turismo, a estimativa é que o dólar se estabilize em um novo patamar, que fica entre R$ 2 e R$ 2,20.
Para contornar a alta, há medidas menos drásticas do que cancelar a viagem. Roberto Caldeira, na Experimento Intercâmbios, estima que 20% das pessoas que fariam um curso no exterior vão agora optar por programas que combinem ensino com trabalho, para amenizar os gastos.
Quem planejava uma viagem aos EUA não precisa perder o ânimo. O país, que vê o mercado de turismo doméstico minguar com os impactos real e psicológico da crise, deve fazer promoções para atrair o turista internacional.
"Acredito que é uma ótima oportunidade de facilitar a emissão dos vistos de entrada nos Estados Unidos, já que o fluxo de turistas para lá pode ser uma boa forma de atenuar as perdas da balança comercial", diz Janyck Daudet, diretor da rede Club Med para América Latina.

Que crise?
Alguns setores se abalam muito pouco com a alta do dólar. "Foi pesquisado com operadores de esqui, e a resposta foi que, quando o dólar estava a R$ 3,50, eles já tinham a temporada lotada", diz Ricardo Roman, presidente da Interamerican Travel Industry Network. "Eles não estão preocupados com a alta do dólar, esse passageiro tem um alto poder aquisitivo." Cynthia Rodrigues, diretora da Interep, faz coro. "Quem esquia está com a viagem marcada, e nada impedirá o amante do esporte de viajar".
Na outra ponta, os nove profissionais do setor de viagens ouvidos pela Folha (veja quadro ao lado) concordam que o setor que mais sofrerá impacto é o das viagens internacionais populares, que sentem o peso do aéreo calculado em dólar.
Confira, nas próximas páginas, a opinião desses profissionais para diversos setores do turismo. (SILVIO CIOFFI, HELOISA LUPINACCI, PRISCILA PASTRE-ROSSI E MARINA DELLA VALLE)


Próximo Texto: Quem consultamos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.