São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 2002

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Em Lisboa, brasileiro sente-se em casa

CLÁUDIA COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL

Uma grata sensação de estar em casa é o que sente o turista brasileiro que chega a Lisboa pela primeira vez. Basta iniciar os passeios por monumentos, igrejas, torres, castelos, ruas e praças pombalinos para ter a certeza de que as histórias portuguesa e brasileira se misturam.
Mesmo com pouco tempo dá para fazer muita coisa. Comece pela parte antiga da cidade, a Baixa, erguida após o terremoto de 1755 pelo marquês de Pombal (1699-1782). A área é um dos primeiros exemplos de planejamento urbano da Europa e reúne imponentes edifícios neoclássicos e praças como a do Comércio e a do Rossio. A primeira abrigou o palácio real por 400 anos. É mais conhecida pelos lisboetas como Terreiro do Paço e no século 16 foi palco de execuções da Inquisição.
Um majestoso arco triunfal, no lado norte da praça, conduz o visitante à rua Augusta e é o portão de entrada da Baixa. Próximo dali, fica o café mais antigo de Lisboa, o Martinho da Arcada, que no passado era refúgio dos literatos da cidade.
Seguindo pela rua Augusta, chega-se à praça do Rossio, chamada formalmente de Dom Pedro 4º (que era o nosso dom Pedro 1º). No lado norte fica o Teatro Nacional Dona Maria 2ª, uma estrutura neoclássica construída na década de 1840. O café Nicola, no lado ocidental da praça, também era um local sagrado entre os escritores, como o poeta Manuel Maria du Bocage (1765-1805).
Saindo da Baixa, pegue um bonde e suba as ruas íngremes, estreitas e tortuosas da Alfama ("água quente", em árabe), um bairro que remonta à época dos mouros e que reúne edifícios que sobreviveram ao terremoto de 1755.
A oeste da Alfama fica a catedral da Sé, cuja primeira construção data de 1150. Devastada por três tremores de terra no século 14 e pelo terremoto do século 18, a catedral foi sendo reformada ao longo do tempo. Por isso ela mistura vários estilos arquitetônicos.
Ainda na Alfama, do mirante de Santa Luzia, avista-se a cúpula da igreja de Santa Engrácia, que levou 284 anos para ficar pronta -só foi concluída em 1966.
Acima da Alfama, está o castelo de São Jorge, que se transformou na residência dos reis portugueses após a reconquista da cidade dos mouros, em 1147. A cidadela remonta a um povoado fenício, que foi tomado por romanos em 205 a.C., saqueado por bárbaros e, em 711, invadido pelos mouros, que ocuparam Lisboa por 450 anos.
Para almoçar, uma opção barata é o mercado da Ribeira, perto do rio Tejo. O espaço, tradicional na venda de flores e de produtos alimentícios, possui um restaurante que serve um rodízio de comidas típicas a 8 por pessoa.
Tire o resto da tarde para explorar a região. Passeie pelos jardins de Belém, vá ao monumento aos Descobridores e ao mosteiro dos Jerônimos, erigido em 1517 a mando do rei dom Manuel, que é Patrimônio da Humanidade desde 1983. Perto dali fica a Fábrica dos Pastéis de Belém, que produz o famoso doce cuja receita é guardada a sete chaves desde 1837.

Noite
Um dos lugares mais procurados na noite lisboeta são as Docas de Santo Amaro, um espaço próximo ao rio Tejo que reúne bares e restaurantes. Em alguns momentos, tem-se a impressão de estar no Brasil tamanha a variedade musical, que vai da MBP ao pagode, e de garçons brasileiros.
Agora, se o seu negócio é a ferveção, siga para o Bairro Alto e faça a via-sacra dos bares. O entra-e-sai é tão comum que, quando se pede uma bebida, o garçom logo pergunta se o cliente vai tomá-la no bar ou fora dali. Se for fora, recebe um copo de plástico.
Não se assuste com alguns banheiros. Não é raro encontrar locais com dois sanitários em um espaço, separados por uma porta. Você entra, fecha a porta e, antes mesmo de terminar o que foi fazer, surpreende-se com alguém abrindo a porta ao lado. Tudo no maior respeito, ora pois!


Cláudia Collucci viajou a convite da TAP e do Icep (Investimentos, Comércio e Turismo de Portugal).


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