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Navio deixa lixo escapar em alto-mar
da enviada especial
Nas três últimas noites do
cruzeiro que o Rhapsody fez
para o Nordeste em dezembro, entre os dias 11 e 18, jornalistas e passageiros a bordo do navio viram um rastro
de lixo -restos de comida,
latas de refrigerante e sacos
plásticos- boiando sobre a
espuma formada na parte
posterior do navio. A cena
causou indignação entre os
que a viram.
O advogado Henrique
Guimarães Silva, 37, do Rio
de Janeiro, filmou a cena na
madrugada do dia 15 de dezembro e prometeu denunciar o ocorrido. Ele conta
que estava na popa do navio
quando notou que havia
"um monte de lata saindo da
traseira do navio", pois elas
brilhavam sob a luz das lâmpadas da embarcação.
"Vou denunciá-los como
cidadão", disse Silva.
Na madrugada do dia 17,
quando o navio rumava de
Vitória a Búzios, a mesma
cena se repetiu, e foi vista pelo estudante Thiago Rodrigo
da Costa Figo, 21, de Campinas (SP). Dizendo sentir "revolta", Thiago acredita que
"não custa nada" segurar o
lixo um pouco para levá-lo a
algum porto.
O comandante do Rhapsody, Giovanni Massa, 50,
disse que, se alguém da tripulação estivesse fazendo isso, seria imediatamente demitido. "Conhecemos as leis
internacionais", disse.
O Brasil segue as normas
estabelecidas pela Convenção Internacional para Prevenção da Poluição por Navios, conhecida como Marpol 73/78, da Organização
Marítima Internacional. Há
várias regras estabelecidas
pela convenção, mas, basicamente, é proibido jogar
qualquer tipo de plástico no
mar.
O Rhapsody é equipado
com máquinas que trituram
o lixo orgânico, e o lixo não-orgânico deveria ser despachado nos portos. Neriton
Vasconcelos, diretor da Pier
1, que representa a Mediterranean Shipping Cruises
(proprietária do Rhapsody)
no Brasil, disse que não tem
como saber se esse tipo de
prática está acontecendo.
Impacto ambiental
O problema de qualquer
tipo de lixo no mar são as
suas consequências para o
meio ambiente. Materiais
como metais pesados, por
exemplo, entram na cadeia
alimentar e podem atingir o
próprio homem. "O que é
inerte, mas artificial, como
plásticos, pode sufocar e matar animais marinhos, incapazes de discernir lixo de comida", alerta Cristina Bonfiglioli, coordenadora de campanhas oceânicas do Greenpeace, que atualmente participa de uma expedição na
Antártida. "Além disso, despejos que desobedecem as
regulamentações da Marpol
podem poluir ou contaminar o litoral, prejudicando a
pesca e o turismo, a saúde
das pessoas e dos ecossistemas costeiros", completa.
"O navio que descumprir
o especificado nessa convenção estará sujeito a sanções
regulamentadas por lei federal", afirma o primeiro-tenente Marcos Gomes Corrêa, da Capitania dos Portos
de Santos.
Mas as capitanias espalhadas pela costa dependem
muito de denúncias para autuar os navios contraventores. É preciso saber o horário, a data e o local por onde
a embarcação passava no
momento do ocorrido, mas
a dificuldade está em comprovar as denúncias.
(CKT)
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