São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

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ENTREVISTA ZAHI HAWASS

Continuarei a pedir devolução de peças históricas egípcias


MINISTRO DESDE 31 DE JANEIRO, ARQUEÓLOGO DIZ QUE MUDANÇAS POLÍTICAS NÃO AFETAM A SUA ATUAÇÃO, NEM O PEDIDO DE RETORNO DE ACERVO


MARINA DELLA VALLE
DE SÃO PAULO

Figura recorrente nos programas de egiptologia, Zahi Hawass, ministro de Antiguidades do Egito, passou as últimas semanas sendo entrevistado sobre o saque de artefatos do Museu Egípcio, no Cairo, e de sítios históricos.
Na última quinta-feira, levou jornalistas ao Museu Egípcio para anunciar que quatro das 18 peças furtadas foram recuperadas e o restauro de artefatos danificados. Os museus e sítios históricos reabriram no domingo.
Chefiando um ministério criado em 31 de janeiro, Hawass acredita que a queda de Mubarak não vai afetar seu trabalho. Tampouco acha que sua campanha para a devolução das cinco principais peças egípcias em museus de outros países seja prejudicada pelo furto e danificação dos artefatos.
Leia trechos da entrevista que Zahi Hawass concedeu, por telefone, à Folha.

 


Folha - O sr. virou ministro pouco antes dos protestos e da deposição do ditador Mubarak. Como o sr. acha que essa mudança afeta seu trabalho?
Zahi Hawass -
Em nada. Não vai mudar nada. Só mudou o título, nada mais.

Mas é um novo ministério, não haverá mudança com a queda de Mubarak?
Não. O novo governo vai recuperar e restaurar o Egito, trazer disciplina ao Egito.

O sr. acha que o que aconteceu irá afetar sua campanha para que os principais artefatos egípcios em outros países sejam devolvidos?
Não, e vou continuar.

Mas um dos principais argumentos contra a devolução é que as peças não estariam seguras no Egito.
Se a polícia sair do Brasil por cinco horas, todo mundo vai roubar tudo. O que aconteceu pode acontecer em qualquer país. Os artefatos estão seguros, a polícia não estava lá, por isso as coisas foram roubadas. Todos os egípcios concordam em proteger os artefatos históricos.

Pessoalmente, como o sr. vê essas mudanças?
Democracia e liberdade são maravilhosas, e todas as pessoas contra o governo e as a favor do governo concordam em um ponto: proteger os monumentos egípcios.

O sr. acha que existe a possibilidade de o atual governo militar permanecer?
Não, os militares vão sair e haverá um governo civil em seis meses. Depois que fizerem eleições para o Parlamento, eleições para presidente, voltarão ao Exército.

Há uma estimativa do dinheiro perdido com turismo?
Muito, muito, pelo menos meio milhão [de dólares]. Esperamos que as coisas voltem ao normal logo.


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