São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

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Humorista ensina a viajar com crianças

Helio de la Peña adverte: não é porque você resolveu ter filhos que terá de passar todas suas férias na Disney

Para passar o tempo na fila do aeroporto, gibis de super-heróis e os joguinhos eletrônicos são um santo remédio

HELIO DE LA PEÑA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os pais começam a suar frio ao imaginar os perrengues que terão de passar para manter a família unida e satisfeita a partir do momento em que decidem levar os filhos para conhecer algum outro lugar que não a Disney.
Você diz: "Vamos fazer uma viagem diferente desta vez. Vamos ao México!". E eles respondem: "México? É perto de Orlando?".
Familiarizados com o Google Maps, seus filhos começam a estudar uma maneira de chegar a Tihuana, onde pretendem cruzar a fronteira como clandestinos.
Calma, suas férias não precisam ser esse pesadelo! E não é porque você decidiu ter filhos que será obrigado a passar todas as férias na Disney até que eles se casem.
Conforme-se com o bico que vão fazer quando se derem conta disso e prepare-se!
A seguir, confira algumas dicas para acalmar as ferinhas e fazer uma boa viagem.

FUJA DE ROUBADAS
No aeroporto, o problema são as filas de espera. Passar horas no saguão até o chamado divino para o embarque virou rotina.
Mas seu filho não sabe disso e quer que a espera acabe depressa. Não se esqueça de colocar na bagagem de mão umas revistinhas da Mônica ou do herói preferido deles. Gibis adiam a impaciência infantil. Outro santo remédio é o gameboy. Esses joguinhos eletrônicos devem ter sido inventados por um sujeito preso num aeroporto com o filho.

NO BRASIL OU FORA?
O Brasil tem lugares incríveis para as crianças, como as praias do Nordeste, de águas morninhas. Você não fará esforço para curtir um dia inteiro entre mergulhos e castelos de areia.
Alguns destinos como a Praia do Forte ou Fernando de Noronha ainda contam com uma atração extra, o projeto Tamar, onde dá para ver tartarugas e aprender sobre a vida desses bichinhos. Como a mamãe põe os ovos, essas coisas. O tipo da viagem da qual a criança volta cheia de assunto para contar na escola.
A Amazônia, o Pantanal, as cataratas do Iguaçu e os parques nacionais são lugares que impressionam os pequenos.
Os passeios fora do país exigem atenção redobrada dos pais. O desconhecimento da língua pode entediar a criança. A saída é traduzir o que está sendo dito e o significado das placas -se você não souber traduzir, não se aperte. Invente uma tradução divertida.
Ficar abrindo o dicionário a cada dúvida é que não dá.

CAMINHAR E CHORAR
Pai aventureiro acredita que seu filho nasceu com a resistência de um "mariner". Carrega uma criança de quatro anos para caminhadas de oito horas com uma mochila de 12 kg nas costas. Resultado: em três minutos está com o filho no colo.
Você não precisa restringir seus passeios com seu guri nos corredores de um shopping, mas também não precisa transformar a aventura numa prova do reality show Survivors.
Antes de agendar, dê uma olhada no tamanho das pernas do seu filho. Combine um passeio compatível com o tamanho dele!
Ah, sim, boné, protetor solar e água são itens importantes e não frescurebas que sua mulher quer que você carregue na mochila.

COME, MOLEQUE!
A hora da refeição é outro momento tenso. A maioria das crianças é avessa a saladas, legumes ou verduras. Quando o destino é um país de culinária exótica ou picante, as restrições costumam se multiplicar.
Se você é daqueles que conseguiu educar seus filhos a comer de tudo, parabéns. Depois me passa teu endereço para eu despachar os meus pra sua casa.
Uma viagem não é o lugar ideal para se operar uma reeducação alimentar. Isso só gera estresse e choradeira. Minha dica: se o casal está viajando com seu pimpolho, cabe reforçar o discurso de que faz parte conhecer a comida local.
Ele deve fazer um esforço para que a criança ao menos prove os pratos diferentes. Se for o caso, vale aplicar um certo "terror light", dizer que, se não comer a gororoba, vai passar fome. A mãe deve concordar com o discurso do pai. E, claro, levar um pacote de biscoito escondido na bolsa.

MUSEU: FILME DE TERROR
"Filho, amanhã vamos ao museu." Quando o pai e a mãe anunciam em tom solene o programa, a criança mal consegue pegar no sono.
Imagina desesperada o tédio que vai lhe atacar nas infinitas galerias do Louvre ou de um similar local. A ida ao museu não pode ser um pesadelo. Para isso, cabe informar os pequenos sobre as obras mais curiosas.
Se optar por um guia, veja se há algum que fale português. Ou um que fale espanhol devagar.
Se não encontrar, seja você mesmo o tradutor. Mas seja sucinto: falta muito para seu filho usar esse conhecimento numa prova do Enem.
Mesmo a visita a um sítio arqueológico pode ser divertida. A história dos astecas e dos maias, por exemplo, é recheada de detalhes macabros, como os sacrifícios humanos. Não há quem não se interesse.
Os progressos dos povos antigos impressionam. Fatos como o surgimento da escrita prendem a atenção de crianças e adultos. No México, depois de ouvir falar em maias, astecas, olmecas, toltecas, meu garoto de sete anos soltou esta pérola: "Papai, se os maias são feras assim, imagina os olmecas!". Concordei, sem fazer a menor ideia do que ele queria dizer.

HORA DAS COMPRAS
Só uma pessoa com dinheiro na mão pode gostar da hora das compras. E criança não é exceção: estabeleça um orçamento bem enxuto, uma merrequinha, na verdade. E dê liberdade para que o pequeno escolha uma lembrança.

VOLTANDO PARA CASA
Ok, você venceu. Arriscou levar seu filho para um lugar que não era a Disney e ele gostou!
Ele (ou ela) aprendeu a fazer companhia aos pais, viu que todo mundo -e não somente ele- quer se divertir numa viagem. Se puder deixar na mão das crianças uma câmera barata, elas farão seus registros e vão contar direitinho como foi sua viagem. Se bobear, as fotos delas ainda ficam melhores que as suas.


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