São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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SERRA GAÚCHA

Refratária a críticas, Gramado recebe 2 milhões de turistas

Especialistas em gastronomia enaltecem espumantes, mas fazem ressalvas a vinhos e à mesa da região

Jefferson Bernardes - 17.ago.2003/Objetiva Press
No centro gramadense, Palácio dos Festivais abriga, de 12 a 18 de agosto, a 35ª edição do Festival de Cinema


THIAGO MOMM
ENVIADO ESPECIAL A GRAMADO (RS)

Os 33 mil habitantes de Gramado vêem passar, pelas ruas da cidade, mais de 2 milhões de visitantes por ano.
Com ventos turísticos tão favoráveis, esse destino gaúcho vive dilemas amenos, como o de se colocar ou não à frente da edificação de um aeroporto na vizinha Canela, a 7 km de distância. Há quem resista, alegando que os dois municípios não podem crescer sem limites, perder seus ares de locais pequenos e afastados.
Para quem não vai pela estrada, o costume é aterrissar em Porto Alegre e pegar um táxi ou uma van até Gramado. Pode custar até R$ 200 apenas a ida, de 110 km, de táxi. Mas muitos pacotes têm traslados com vans já incluídos no preço.
Há questões, no entanto, de soluções menos fáceis. Sobre a gastronomia de Gramado, o sociólogo Carlos Alberto Dória, autor de "Estrelas no Céu da Boca - Escritos sobre Culinária e Gastronomia" (ed. Senac São Paulo, 2006), cita alguns méritos, mas ressalva que o chocolate artesanal é uma "enganação" e que "em Gramado não se come bem, com raras exceções".
Sobre as vinícolas da serra gaúcha, Jorge Carrara, colunista da Folha, diz que os espumantes realmente merecem o destaque internacional que vêm conquistando, mas os vinhos finos da região têm um longo caminho a percorrer, caso pretendam equivaler aos argentinos e chilenos.
Aparentemente impermeável a essas críticas, Gramado aposta no gosto perpétuo dos viajantes por dias ociosos e tiritantes, principalmente entre duas avenidas: a das Hortênsias e Borges de Medeiros. Elas abrigam boa parte dos 110 restaurantes, das mais de 30 lojas de chocolate e das mais de 70 lojas de móveis locais.
Apesar de as duas avenidas concentrarem o movimento, Gramado não é pequena (tem 240 km2, metade do tamanho de Porto Alegre), promovendo fora do centrinho, por exemplo, eventos de golfe ou off-road e atividades ligadas ao ecoturismo.
Em junho e julho, a cidade recebe um grande festival de publicidade, uma feira de livros e uma feira de artesanatos. De 12 a 18 de agosto é a vez do 35º Festival de Cinema (www.festivaldegramado.net), que vêm perdendo algum prestígio entre os cinéfilos, mas não entre os paparazzi e os turistas animados com a presença de globais nos cafés cidade afora.
E nem só de vinho, fondue, baixas temperaturas, chocolate quente e demais clichês invernais vive Gramado. Congressos de direito recebem milhares de universitários que inquietam o local muito além da sua vocação. Em um pequeno castelo onde funciona um museu, o turista se depara com um medievalista vestido com roupas do período e versado em assuntos como heráldica, arte ou ciência que estuda os brasões.
Leia mais sobre Gramado para diferentes paladares nas páginas a seguir.


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